Atraso da semeadura da soja em Goiás, Minas Gerais e Maranhão tem gerado preocupação quanto à janela de semeadura do milho safrinha.
Foto: Freepik
Grande parte da soja da safra 2025/26 já foi semeada, com o avanço nacional atingindo 78,0% até 22/11, segundo a Conab. O ritmo foi favorável na maior parte dos estados. Em Mato Grosso, por exemplo, 99,1% da área já estava semeada, ainda que com necessidade de replantio em alguns pontos.
Em outros estados, porém, o quadro é de atraso, como em Goiás – veja na figura 1 –, Maranhão e Minas Gerais.
Figura 1.
Progresso de semeadura da soja atual, do último ano e dos últimos cinco anos, em Goiás. 
Fonte: Conab / Elaborado por Scot Consultoria
Esse atraso compromete a janela de semeadura do milho segunda safra nesses estados e, na nossa avaliação, uma parcela relevante das áreas tradicionalmente ocupadas com milho safrinha tende a ser afetada, seja por redução do nível de investimento por parte dos produtores, seja pela migração para outras culturas de menor risco, como o sorgo.
Há, nesse sentido, reflexos sobre a produção potencial de milho segunda safra no ciclo 2025/26 nesses estados.
Em Goiás, por exemplo, nossas estimativas indicam que cerca de 315,0 mil hectares de milho segunda safra podem ser afetados em comparação com o ano passado e, no total, algo em torno de 37,0% da área pode ficar fora da janela ideal de semeadura. As estimativas utilizam o ZARC, considerando solo argiloso e um ciclo médio da soja em 110 dias.
Trata-se, naturalmente, de um exercício aproximado. Pequenas mudanças nas datas de semeadura, na duração do ciclo das cultivares utilizadas ou mesmo na interpretação do ZARC podem alterar o percentual final estimado. Ainda assim, os números dão um bom indicativo de tendência: tudo aponta para um aumento da área de milho exposta a maior risco climático em Goiás na comparação com a safra passada.
Além disso, em Minas Gerais, estimamos um quadro um pouco menos preocupante do que em Goiás, com menos proporção de áreas fora da janela ideal. Já no Maranhão, o cenário tende a ser mais delicado, com uma fatia maior das lavouras de milho segunda safra avançando além do período recomendado.
De qualquer forma, achamos pouco provável que esses estados consigam produzir mais milho do que no ano passado, o que reforça as estimativas da Conab de que a produção total de milho no ciclo 2025/26 deve ficar abaixo da registrada no ciclo anterior. A Companhia, vale lembrar, projeta uma queda de 1,6% na produção total.
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