Foto: Bela Magrela
A expectativa é de aumento de 12,4% nas vendas de inoculantes em 2025, em comparação com 2024, segundo estimativas da Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos (ANPII Bio).
Em 2024, as vendas de inoculantes foram de R$527,5 milhões, aumento de 10,5% em relação a 2023 (figura 2). Em relação às entregas, o volume foi de 18,3 milhões de litros, ou 206 milhões de doses, aumento de 28,1% em relação a 2023, quando foram entregues 148 milhões de doses (figura 1).
O aumento nos valores e número de entregas de inoculantes biológicos sugere uma maior diversificação nas estratégias adotadas por produtores rurais para garantir melhores produtividades e resiliência em suas lavouras.
Figura 1.
Doses de inoculantes entregues no Brasil, em milhões de doses.
Fonte: ANPII Bio/ Elaboração: Scot Consultoria
Figura 2.
Evolução no valor da entrega de inoculantes (milhões de reais).
Fonte: ANPII Bio/ Elaboração: Scot Consultoria
Os inoculantes biológicos podem ser formulados com base em diferentes microrganismos. Em 2024, os produtos à base de Bradyrhizobium foram os mais utilizados, representando 57,% das vendas (77% em termos de doses). Por outro lado, os inoculantes contendo Azospirillum e Pseudomonas corresponderam a 29% e 4% das vendas, respectivamente (21% em doses) (figura 3).
Figura 3.
Entrega de inoculante por microrganismo (milhões de R$).
Fonte: ANPII Bio/ Elaboração: Scot Consultoria
Em 2024, em termos de culturas tratadas com inoculantes biológicos, a soja lidera, com 75% do consumo, seguida pelo milho, com 16%, a cana-de-açúcar com 4%, e, por fim, o feijão, o trigo e outras culturas com 5% (ANPII Bio). Outras culturas trazem oportunidades de crescimento na adoção de produtos biológicos. Existe espaço e oportunidade para a adoção dessa técnica em pastagens, visto os benefícios potenciais da utilização dos inoculantes biológicos isoladamente ou em co-inoculação.
Em relação aos estados que mais utilizam inoculantes biológicos, o Mato Grosso lidera, com cerca de 19% do valor das entregas. Em seguida, vêm São Paulo, Paraná e Goiás, todos com 13%, e o Rio Grande do Sul com 10%. Esses estados representam 68% do total de doses entregues. Os 32% restantes se dividem entre os outros estados, e uma pequena parcela, 1,6%, teve como destino o mercado externo (figura 4).
Figura 4.
Entrega de inoculantes em 2024, por estado brasileiro.
Fonte: ANPII Bio
Há uma justificativa clara para a expansão no mercado de inoculantes em diferentes culturas: a comprovação de resultados. Como alguns exemplos é possível mencionar:
Azospirillum: O uso de Azospirillum brasilense em cana-de-açúcar pode aumentar a produtividade em até 20% e melhorar a tolerância a estresses abióticos como seca e salinidade (Silva et al., 2021).
Pseudomonas: Inoculantes contendo Pseudomonas fluorescens promovem o crescimento radicular e aumentam a resistência a doenças, resultando em um aumento de produtividade de até 15% (Oliveira et al., 2022).
Bradyrhizobium: A inoculação com Bradyrhizobium japonicum pode aumentar a produtividade da soja em até 16% (Hungria et al., 2021).
Azospirillum: A co-inoculação de Bradyrhizobium com Azospirillum brasilense pode aumentar a produtividade da soja em até 16%, melhorando a eficiência na absorção de nutrientes e a resistência a estresses ambientais (Zeffa et al., 2020).
Azospirillum: A inoculação de sementes de milho com Azospirillum brasilense pode reduzir a necessidade de fertilizantes nitrogenados em até 25% e aumentar a produtividade em até 10% (Gomes et al., 2023).
Pseudomonas: Inoculantes contendo Pseudomonas spp. podem aumentar a produção de biomassa e grãos em até 12% (Boschiero, 2025).
Bradyrhizobium: A inoculação com Bradyrhizobium spp. pode aumentar a produtividade do feijão em até 15%, além de promover a saúde do solo (Mendes et al., 2024).
Paenibacillus: O uso de Paenibacillus polymyxa como inoculante no feijão pode melhorar a absorção de nutrientes e a eficiência fotossintética, resultando em um aumento de produtividade de até 10% (Cunha et al., 2024).
Os inoculantes biológicos destacam-se pela capacidade de auxiliar diferentes culturas agrícolas a serem mais eficientes na utilização de insumos aplicados, como fertilizantes, ou recursos já presentes na lavoura. Eles podem melhorar a capacidade radicular das plantas através da exsudação de fito hormônios, auxiliar na resistência a patógeno, entre outros mecanismos.
Além disso, o fato de serem uma tecnologia sustentável e com um custo relativamente acessível permite uma versatilidade em seu uso e sua adoção em diferentes modalidades de cultivo agrícola. É, sem dúvidas, um mercado promissor, que tende a manter um crescimento consistente nos próximos anos, impulsionado pela crescente demanda por práticas agrícolas mais sustentáveis e eficientes.
Referências Bibliográficas
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROMOÇÃO E INOVAÇÃO DA INDÚSTRIA DE BIOLÓGICOS. Estatísticas. Disponível em: https://anpiibio.org.br/estatisticas/.
BOSCHIERO, M. Efeito de Pseudomonas spp. na produção de milho. Revista Brasileira de Agronomia, v. 45, n. 2, p. 123-130, 2025.
CUNHA, A. L. Uso de Paenibacillus polymyxa em feijão: benefícios agronômicos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 59, n. 4, p. 345-352, 2024.
GOMES, R. M. Inoculação de Azospirillum brasilense em milho: redução de fertilizantes nitrogenados. Ciência Rural, v. 53, n. 1, p. 78-85, 2023.
HUNGRIA, M. et al. Bradyrhizobium japonicum na fixação biológica de nitrogênio em soja. Agronomia Brasileira, v. 60, n. 3, p. 210-217, 2021.
MENDES, J. P. et al. Bradyrhizobium spp. e a produtividade do feijão. Revista de Agricultura, v. 58, n. 2, p. 98-105, 2024.
OLIVEIRA, F. S. Pseudomonas fluorescens e a produtividade da cana-de-açúcar. Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola, v. 47, n. 1, p. 45-52, 2022.
SILVA, T. R. et al. Azospirillum brasilense e a tolerância a estresses abióticos em cana-de-açúcar. Revista de Biotecnologia, v. 50, n. 4, p. 300-307, 2021.
ZEFFA, D. M. et al. Co-inoculação de Brady rhizobium e Azospirillum em soja. Ciência Agrícola, v. 55, n. 2, p. 150-158, 2020.
Receba nossos relatórios diários e gratuitos