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Scot Consultoria

Carta Boi - Primeiro giro de confinamento de bovinos em 2023: resultado pode ser o melhor em três anos


Quinta-feira, 13 de abril de 2023 - 06h00

Foto: Scot Consultoria


Artigo originalmente publicado na revista DBO


Segundo levantamento da Scot Consultoria feito em 256 confinamentos, a atividade cresceu 13,2% em 2022 frente a 2021, apesar dos desafios relacionados aos custos de produção nos últimos anos.


Para 2023, a expectativa é de manutenção a aumento na quantidade de cabeças confinadas, principalmente nos estabelecimentos de maior porte.


O confinamento é uma parte do modelo de produção pecuária e quando o assunto é alívio da pastagem e aumento do estoque de arrobas, com a reposição mais “em conta”, torna-se uma estratégia interessante.


Desse modo, a terminação em confinamento (seja em boitéis ou em confinamentos próprios) serve para aumentar o giro e auxiliar a compra da bezerrada.


Quanto aos custos de produção, em função da fase vigente do ciclo pecuário de preços, os preços da reposição, responsável por quase 70% dos custos, caíram.


Quanto à alimentação, a projeção é de um cenário de preços mais atraentes comparada à temporada passada, principalmente para o milho.


Na temporada 2021/22, a quebra de produção das lavouras na safra de verão, causada pela forte estiagem no Sul da América do Sul, elevou os preços do milho, que chegaram a até R$107,50/saca em Campinas-SP e a soja, tendo como referência a praça de Paranaguá-PR, chegou a ser negociada em R$205,00/saca.


Na safra 2022/23, o cenário é outro. Com a perspectiva de safra recorde, para o milho e para a soja, os preços caíram. Em meados de março, a saca de milho e a de soja estavam sendo negociadas respectivamente em R$88,50 e R$167,00.


O preço médio da diária por boi nos confinamentos em São Paulo caiu de R$23,00 para R$20,00 em doze meses, segundo o “Índice de Custo de Produção de Bovinos Confinados – USP”.


Já a referência de preço para o boi magro, que responde por 70% do custo do confinamento, caiu 18,6% em doze meses, considerando São Paulo.


Sob esse cenário estimamos a rentabilidade do primeiro giro neste ano.


Estimativa de rentabilidade do primeiro giro de confinamento

Em abril, com o outono e avanço do período seco, começa o primeiro giro, visando o fim da fase de terminação em julho.


Através da simulação de um sistema de engorda em confinamento em São Paulo, com a entrada da boiada no começo de abril, duração de 90 dias de confinamento, ganho de peso diário de 1,6 quilo e rendimento de carcaça de 56%, projetamos o resultado da atividade. 


Foi considerada uma diária média de R$20,00/cabeça e o preço de aquisição do boi magro em R$3,5 mil por cabeça (Scot Consultoria), referência em meados de março.


A venda ocorrerá em meados de julho. Considerou-se a cotação do contrato futuro de boi gordo na B3, com vencimento em julho/22. A cotação estava em R$296,00/@, no fechamento de 14/3/2023.


Confira, na tabela 1, os parâmetros adotados e a estimativa de resultado por bovino confinado no primeiro giro em 2023.


Tabela 1.
Estimativa de resultado econômico da engorda de bovinos no primeiro giro de confinamento em São Paulo em 2023.

*fechamento de contrato futuro em 14/3/23.
Fonte: Scot Consultoria


No cenário apresentado, o resultado previsto é de um lucro de R$269,54 por cabeça confinada. Mas, comparado ao primeiro giro nos últimos anos, este cenário reflete uma melhora ou piora nos resultados? Veja a comparação entre os resultados em 2021 e 2022 na figura 1.


Figura 1.
Estimativa de resultado econômico da engorda de bovinos no primeiro giro de confinamento em São Paulo, em 2021, 2022 e 2023.

Fonte: Scot Consultoria


O resultado do primeiro giro do confinamento, em 2023, deverá ser o melhor nos últimos três anos, mesmo com o custo com a alimentação ainda historicamente elevado.


A participação do boi magro no custo operacional, em meio às quedas no preço, explica a melhora nos resultados, mesmo com a arroba do boi gordo pressionada.


Ressaltamos que os resultados projetados podem ser melhores, principalmente relacionado à estratégia de aquisição para a reposição e insumos, além do uso de ferramentas de trava de preços, que podem garantir margens (uma vez que os custos estão bem estabelecidos).


Em meio a uma atividade de margens apertadas, a gestão dos riscos é fundamental para garantir resultados positivos.


Os resultados apresentados referem-se ao boi gordo sem ágio para exportação.


Expectativas e desafios

Com relação ao segundo giro (fechamento dos bovinos em julho/agosto e saída em outubro/novembro), a expectativa também é de resultados positivos.


Historicamente no segundo semestre a cotação da arroba é maior, em função da entressafra do capim e menor oferta de gado.


O desempenho da exportação também deverá favorecer os negócios, com destaque ao consumo chinês, com o fim da política de “covid-zero” e das dificuldades enfrentadas pelos concorrentes (Argentina, Estados Unidos, Uruguai, Nova Zelândia e União Europeia) cuja expectativa é de menor exportação em 2023.


A abertura de mercados para a carne brasileira também ajuda, como os da Indonésia e do México.


Antecipar os movimentos de altas e baixas de preços e garantir bons resultados econômicos somente é obtido com planejamento e boas informações. Em confinamentos, os resultados positivos estão relacionados à boa compra do boi magro e à dos insumos.


A volatilidade dos preços faz parte do dia a dia do pecuarista. Em meio a esse cenário, a gestão de risco, a proteção dos preços de venda, é ferramenta importante. Para usar essa defesa, é preciso saber os custos e desse modo ter mais oportunidades em longo prazo.



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