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Scot Consultoria

A perspectiva já se tornou realidade: o uso de fertilizantes orgânicos


Quinta-feira, 14 de março de 2024 - 06h00

Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ-USP e Analista de Mercado da Scot Consultoria.



As atividades agrícola e pecuária ao longo dos anos sofreram avanços produtivos e tecnológicos que possibilitaram a produção em maior escala.


O uso de fertilizantes de origem mineral cresceu 170 vezes entre 1950 e 2016, segundo dados da Atlas Agronegócio. Porém, a produção agrícola atual tem mais cuidado em relação ao ambiente e ao uso de alternativas menos onerosas.


O mal uso de fertilizantes minerais ao longo dos anos pode acarretar impactos negativos em relação a qualidade de solo, bioma, água e até mesmo à saúde dos seres humanos.


Assim, a produção de fertilizantes orgânicos busca auxiliar diretamente o perfil sustentável da atividade e a diminuição dos custos, reduzindo, ou eliminando, a dependência única e exclusiva de fertilizantes minerais, que são importados. 


O modelo de fertilização orgânica pode ser viável pela integração dos componentes animal e vegetal nas propriedades, através do aproveitamento dos resíduos da produção animal, coprodutos de indústrias e resíduos de origem orgânica.


Por serem compostos orgânicos e biológicos, quando há a utilização regular, ocorre um incremento de matéria orgânica no solo. Esse incremento possibilita o aumento da microbiota, influenciando positivamente a porosidade e a capacidade de retenção de água, conservação de umidade e temperatura.


Além disso, a matéria orgânica possui maior área de superfície de contato do que as argilas, sendo assim, maior capacidade de retenção dos nutrientes, influenciando positivamente na fertilidade do solo.


A vantagem que deve ser aliada principalmente ao caráter renovável e sustentável da produção e utilização de fertilizantes orgânicos é o reaproveitamento de resíduos em grande escala que do contrário poderiam acarretar impactos negativos ao meio ambiente.


Principais fontes de produção para fertilizantes orgânicos

Esterco de animais (bovinos, caprinos, suíno e aves)


Adubação verde


Vinhaça


 Torta de filtro


Borra de café


Cascas de ovos


Todas essas fontes para produção de compostos orgânicos devem passar por um processo chamado compostagem, a fim de promover a solubilização dos nutrientes. Além de promover o fornecimento de nutrientes prontamente disponíveis para a planta, tal método auxilia na descontaminação e esterilização do material.


Método de compostagem

O processo consiste na utilização de materiais com alta concentração de carbono (bagaço de cana, serragem, palha de café, palha de arroz etc.) misturados com as fontes citadas acima que são ricas em nitrogênio, que após misturados de forma homogênea é umidificado e enleirado.


Após a confecção das leiras, os processos aeróbicos são iniciados e o período de compostagem para maior eficiência de solubilização e homogeneidade do composto geralmente dura de 60 a 120 dias.


Teoria na prática

O sistema de ILP (Integração Lavoura Pecuária), tem como objetivo criar um ambiente de sinergismo da agricultura com a pecuária para intensificar o uso da terra e consequentemente, proporcionar maiores rentabilidades para o produtor.


Neste sistema o uso dos dejetos bovinos para produção de fertilizantes orgânicos é uma alternativa para diminuição dos custos com insumos para a agricultura.


Segundo dados da Embrapa, a conversão efetiva dos alimentos ingeridos pelos animais em crescimento e aumento de peso vivo, varia de 40% a 60%, sendo o restante eliminado pelas dejeções. Os bovinos, por sua vez, convertem apenas em torno de 30 a 40% do alimento ingerido.


Trabalhos conduzidos pelo Instituto de Agropecuária Catarinense determinou que a aplicação de 50 metros cúbicos por hectare de dejeto líquido de bovinos é suficiente para produzir acima de 80% do rendimento de grãos ou de silagem de milho em condições de alta fertilidade e adubação de cobertura.


Mercado de fertilizantes orgânicos e perspectiva de crescimento

O uso de fertilizantes orgânicos cresceu nos últimos anos, devido a três fatores principais: maior enfoque em produzir de forma renovável e sustentável; a busca pela diminuição de fatores externos que podem acarretar grandes mudanças econômicas e financeiras; busca por fontes que maximizam o fornecimento de nutrientes para as plantas.


Após a invasão da Ucrânia pela Rússia (maior fornecedora de potássio para produção de fertilizantes no Brasil), houve grande apreensão com relação à oferta global de fertilizantes.


Esse cenário promoveu o aumento da utilização de adubos alternativos, principalmente os orgânicos, que cresceram 25,5% em 2022, em relação a 2021.


O mercado de fertilizantes orgânicos/biológicos em 2023 ficou estimado em US$11,94 bilhões, e deve atingir US$15,90 bilhões até 2028, crescendo a um CAGR de 5,9% no período (2023-2028). A perspectiva de aumento é positiva à medida que palavras como sustentabilidade, preservação e conservação estão sendo cada vez mais presentes no agronegócio.


Fonte:


https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/129/compostagem-de-residuos-organicos-para-uso-na-agricultura


https://www.mordorintelligence.com/pt/industry-reports/biological-organic-fertilizers-market



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