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Scot Consultoria

Critérios para a compra de sementes de plantas forrageiras - Parte 2


Sexta-feira, 23 de dezembro de 2022 - 10h00

Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.


Foto: Shutterstock


Parte 1 dos Critérios para compra de sementes de plantas forrageiras.


Muitos tratamentos têm sido incorporados às sementes nos últimos anos, tais como polimerização, escarificação, peletização e incrustação.


A escarificação e a peletização já são tratamentos feitos em sementes de leguminosas há muitas décadas. A escarificação para quebrar a dormência física, principalmente de sementes pequenas que têm tegumento duro, e a peletização para incorporar calcário, fontes de enxofre e micronutrientes com a finalidade de atender as exigências das bactérias fixadoras de nitrogênio (N).


Para sementes de gramíneas forrageiras (capins), a escarificação é importante para a Brachiaria humidicola por causa da sua alta dormência, que é explicada pelo método de colheita de suas sementes na inflorescência. Assim, a germinação das sementes desta espécie ocorrerá em um tempo semelhante às daquelas espécies cujas sementes são colhidas por varredura ou na palha.


Para outras espécies de gramíneas, a escarificação é importante para a eliminação das sementes “meia-grana”, ou seja, aquelas sementes que não completaram a maturação fisiológica. Estas sementes meia-grana são consideradas sementes puras e normalmente germinam, mas originam plantas de baixo vigor e muitas vezes morrem antes de se tornarem plantas adultas. A escarificação é química com ácido sulfúrico. Somente sementes de alto vigor e que completaram a maturação fisiológica toleram a escarificação química.


Já a peletização só se esperam respostas para gramíneas que fixam N, mas esta inferência ainda carece de mais pesquisas para embasar um pacote tecnológico que possa ser recomendado para o pecuarista.


A polimerização é importante para regular a entrada de água na semente e, principalmente, para o estabelecimento de pastagens no clima semiárido e em outros climas com alta frequência de estiagens (veranicos) na época de plantio.


Já a incrustação é preciso tomar cuidado. Em campo, têm sido frequentes as reclamações de atraso e desuniformidade de germinação. Aqui é importante, mais uma vez, que o pecuarista compre sementes incrustradas de empresas que já dominam este processo. Uma vez o processo sendo bem feito, a incrustação traz as seguintes vantagens: facilidade no manuseio das sementes; eliminação do pó; facilidade de regulagem dos equipamentos de plantio (aumento o peso das sementes em 2,5 vezes); facilidade no plantio (não se dividem por camadas como acontece com sementes de baixa porcentagem de pureza, facilitando a distribuição uniforme); diminui o problema com a deriva em plantio a lanço e aéreo devido ao aumento no tamanho e no peso das sementes; menor risco de intoxicação do trabalhador pelo tratamento com fungicida e inseticida.


Chegando neste ponto agora é importante calcular a taxa de semeadura. Para sementes convencionais, usa-se o parâmetro valor cultural (VC) para este cálculo. O VC já foi o parâmetro para a escolha das sementes mais utilizado no mercado. Este VC é determinado pelos atributos físico (pureza) e fisiológico (germinação) ao mesmo tempo e por definição é o percentual de sementes da espécie ou cultivar desejada, contido no lote de sementes, com possibilidades de germinação e estabelecer plantas normais em condições de campo.


Cada espécie forrageira e cada cultivar dentro da espécie têm um número de sementes por grama e um estande de plântulas desejável após a germinação das sementes. Com base nestes parâmetros e o valor cultural da semente comprada, calcula-se a taxa de semeadura, que é dada em quilos de sementes por hectare.


Quando são sementes incrustradas, é preciso pedir para a empresa fornecer a quantidade de sementes por grama (é o parâmetro PMS, que significa peso de mil sementes) para então fazer o cálculo da taxa de semeadura.


Ainda para o cálculo da taxa de semeadura é preciso considerar que mesmo em condições ideais, a taxa de germinação no campo será 40% daquela obtida em condições controladas no teste de germinação em laboratório ou no teste de viabilidade das sementes pelo tetrazólio. Ainda é preciso considerar se a semeadura será manual na cova, ou com plantadoras em linha ou a lanço (manual, ou com distribuidor de adubos ou com semeadoras próprias) ou se será por meio de aeronave. O importante é considerar que quanto piores são as condições de semeadura e para a germinação das sementes, maior deverá ser a taxa de semeadura.


Mesmo comprando sementes de empresas idôneas recomendo que quando a carga de sementes for entregue que se faça coleta de amostras para o envio para um laboratório independente para análise. Assim o pecuarista saberá de fato o padrão das sementes que irá plantar e se houver qualquer frustração no estabelecimento da pastagem não ficar na dúvida que o insucesso foi por causa da qualidade das sementes, evitando situações constrangedoras com a empresa que vendeu.


Ao final, é possível calcular e comparar, entre as empresas que estão participando das cotações, qual apresentará a melhor relação de custo-benefício. Praticamente em todas as avaliações que já fiz quanto melhor é o padrão das sementes, menor será o valor do investimento por hectare para a semeadura da pastagem. O parâmetro aqui não deve ser o preço por kg de semente (R$/kg) e sim o preço por ponto de valor cultural (R$/% de VC) ou melhor, o valor final que será investido por hectare entre sementes com o mesmo padrão de qualidade desejável.



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