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Scot Consultoria

Quer ganhar dinheiro com boi? Parte 2


Terça-feira, 23 de abril de 2019 - 10h00

A Qualitas melhoramento genético, presta consultoria no intuito de aumentar a qualidade, eficiência e produtividade pecuária de seus clientes, tendo como resultado a ampliação da lucratividade de seus negócios e está sendo representada por Leonardo Souza. Leonardo Souza é Médico Veterinário pela Universidade Federal de Goiás, especialista em Pecuária de Corte pelo Rehagro, sócio-diretor da Qualitas Melhoramento Genético, com 21 anos de atuação nas áreas de gestão, produção e melhoramento genético. O Programa Qualitas de Melhoramento Genético conta com mais de 40 fazendas, nos estados de GO, TO, RO, SP, PR, MG e MT e também na Bolívia, totalizando um rebanho de mais de 250.000 cabeças.


Foto: AgCanada


Como combinado no texto passado, continuaremos apresentando os fatores determinantes para ganhar dinheiro engordando boi.


Continuaremos com o exemplo dos quatro bois da Fazenda Mata Verde apresentando, inicialmente, como foi o ganho de peso destes animais desde a desmama até o dia 5 de fevereiro de 2019 (figura 1). 


Os quatro nasceram no mesmo pasto em outubro/novembro de 2017.  Suas mães nasceram em 2011. Após a desmama, em maio de 2018, foram enviados para outra fazenda do grupo e continuaram juntos. 


De junho a setembro permaneceram em pasto de Brachiaria ruziziensis após a colheita de soja (ILP), em um lote “ÚNICO COM CERCA DE 600 BEZERROS” em pastejo rotacionado de três pastos, totalizando 250 ha. Receberam suplemento elaborado pela Fortuna Nutrição Animal para consumo de 0,2% do peso vivo. 


Em outubro foram transferidos para pastos de Brachiaria brizantha cultivar Marandu com suplemento, para consumo de 0,3% do peso vivo. Percebam a queda violenta no ganho de peso dos animais ocasionada pelas mudanças, tanto de ambiente quanto de tipo de pastagem. Mas atentem para a recuperação do ganho de peso logo em seguida, em novembro (figura 1). 


De dezembro a fevereiro os animais ficaram em pastos de Brachiaria brizantha cultivar Marandu. De dezembro até o dia 21 de janeiro de 2019 receberam suplemento, para consumo de 0,4% do peso vivo. A partir do dia 22 de janeiro receberam suplemento para consumo de 0,8% do peso vivo, também elaborados pela Fortuna.


Figura 1.
Visualização de quatro garrotes pelo ganho de peso por período da desmama até os 16 meses de idade

Fonte: elaborado pelo autor – Fazenda Mata Verde em Terra Nova do Norte-MT


A figura 1 é fundamental para calcular qual está sendo o custo por arroba produzida em cada período entre as pesagens e, em nossa opinião, quanto mais pesagens forem feitas, mais você tem o seu negócio na mão, pois, você terá informações cruciais para verificar se a estratégia de engorda está acontecendo conforme o planejado e terá tempo para ações corretivas se necessárias. 


A figura 1 também mostra que levar os animais para serem pesados mensalmente não os faz perderem peso. Isso é desculpa de quem não quer gerenciar o seu negócio. 


Lembre-se que não estamos falando de apenas quatro animais, mas de 600 pesados mensalmente. 


No caso da Mata Verde, isso é fundamental para avaliar os custos e, principalmente, qual a necessidade de desempenho mensal para atingir o alvo que é 20@ aos 20 meses de idade, no dia 30 de junho de 2019. 


Para enxergarmos se esta engorda está sendo eficiente temos que conhecer o custo mensal por cabeça e, no caso da Mata Verde, da desmama até o dia 5 de fevereiro, os valores foram os seguintes: 


Suplementos (somente os valores dos ingredientes) R$0,67/dia = R$20,37 por mês. 


Todos os outros desembolsos (incluindo produção e distribuição dos suplementos) R$0,792 por dia = R$24,09 por mês. 


Desembolso total de R$44,46 por cabeça, por mês. 


Tendo o ganho de peso e os custos, conseguimos apresentar o custo por arroba na figura 2.  


Figura 2.
Visualização de quatro garrotes pela evolução do custo por @ produzida da desmama até os 16 meses

Fonte: elaborado pelo autor – Fazenda Mata Verde em Terra Nova do Norte-MT


Agora conseguimos enxergar o quanto é importante e impactante o ganho de peso individual no custo de produção e, consequentemente, na lucratividade da engorda de um boi. 


Como todos os animas foram submetidos aos mesmos custos a figura 2 já está considerando as diferenças de consumo de suplemento de acordo com as diferenças de peso entre os animais. 


Isso quer dizer que para o animal A que é mais leve que os outros animais, foi considerado um menor consumo de suplemento, respeitando sempre o percentual do peso vivo. Por exemplo: o animal A que pesou 220kg em 6 de julho e 239kg em 1 de agosto de 2018 consumiu menos suplemento que o animal B que pesou 215kg e 268kg nas mesmas datas, pois foi considerado o peso médio entre as pesagens multiplicado pelo percentual do peso vivo da suplementação que, neste período, foi de 0,2%. 


Alertamos que isso é uma estimativa para viabilizar a comparação entre os animais pois nada nos garante que ele realmente consumiu menos suplemento que os animais apenas por ser mais leve! É por isso que é importante selecionar para Eficiência Alimentar, pois queremos identificar os animais que consomem menos suplemento para ter um ganho de peso superior.


A figura 2 mostra o quanto o custo por arroba é sensível ao ganho de peso e que com os custos apresentados podemos visualizar o seguinte:


Um animal com 300kg em 5 de fevereiro de 2019 que nasceu no dia 13 de setembro de 2017, descontando 30kg de peso ao nascimento ganhou 0,529kg por dia neste período. Custou R$966,21 até os 7 meses e mais R$396,27=R$1.362,48.


Em 5 de fevereiro se esse animal fosse vendido por R$135,00 por arroba o resultado seria “NULO”. Trabalhou-se para “EMPATAR”. E se considerarmos o custo do capital mais a inflação, o resultado real é de “PREJUÍZO”. Você se lembra do Boi Mau? Pois bem, é esse e todos aqueles abaixo de 300kg.


O Boi Feio é representado pelo garrote A dos gráficos, que dá um lucrinho de nada. Já os bois B, C e D representam o Boi Bom, que vale a pena engordar.


Para concluir, apresentamos os quatro garrotes na figura 3 sob a perspectiva de custos e receitas. E aí fica claro uma máxima que os pecuaristas já sabem: TRATAR DE BOI RUIM DÁ O MESMO TRABALHO QUE TRATAR DE BOI BOM.


Figura 3.
Visualização de quatro garrotes pela composição dos custos e da receita da desmama até os 16 meses

Fonte: elaborado pelo autor – Faz. Mata Verde em Terra Nova do Norte-MT 


A diferença de custo entre o garrote A e o garrote D foi de apenas R$59,96 ou 4,23% do nascimento até os 16 meses, já a diferença de receita vendendo os garrotes por R$135,00 por arroba foi de R$508,50 ou 31,47%. 


E se considerarmos o lucro, o garrote D proporcionou R$448,54 ou 324% a mais de lucro que o garrote A. 


Agora fica claro que o ganho de peso individual é a característica mais impactante no lucro da engorda de um boi. 


E que também podemos mudar para o seguinte ditado: TRATAR DE BOI RUIM CUSTA O MESMO QUE TRATAR DE BOI BOM E NÃO VALE A PENA, MAS, TRATAR DE BOI BOM É MUITO LUCRATIVO. 


E qual é a diferença entre os garrotes A e D? A GENÉTICA! 


E aí, vai continuar tratando de Bois Feios e Maus? 


Novamente, muito obrigado e parabéns à Fazenda Mata Verde. Vocês são feras! Ah, e em julho apresentaremos quanto a Mata Verde ganhou de dinheiro engordando os seus bois. Mas, para título de informação, todos os machos da fazenda apresentaram de fevereiro a março deste ano, um ganho de peso de 0,934kg/dia e de março até o dia 4 de abril 1,022kg/dia e estão hoje com 444kg consumindo o mesmo suplemento de 0,8% do peso vivo.


Grande abraço e inté!


Texto em coautoria com:


Equipe Qualitas Melhoramento Genético


Nilson Michels e equipe da Fazenda Mata Verde


Josinaldo Zanotti – Geagro/Inttegra


Rafael Almodovar – Fortuna Nutrição Animal


 



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