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Scot Consultoria

CEPEA - milho


Terça-feira, 24 de fevereiro de 2015 - 14h24

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.


O ano de 2015 começou com divergências sobre tendências de preços. Enquanto dados oficiais apontavam excedente recorde, o que seria motivo de pressão sobre os valores, a expectativa de menor colheita contribuiu para que, na BM&FBovespa, os contratos com vencimento nos meses seguintes estivessem operando em níveis superiores aos observados no mesmo período anterior.

Os preços de janeiro poderiam levar produtores a manter a área cultivada na segunda safra que, a depender do clima, e gerando oferta não muito distante da obtida em 2014, poderia inclusive pressionar as cotações. As vendas externas, portanto, continuarão ditando o cenário.

O milho 1ª safra teve redução de área, preterido em favor principalmente da soja. Os preços vigentes no período de decisão da temporada de verão não eram atrativos para o milho, devido à oferta recorde em 2013/14 e ao menor ritmo de exportação. Além disso, as chuvas escassas no Sudeste e em parte do Centro-Oeste também afetaram a decisão de cultivo no verão.

Segundo a Conab, a área da primeira safra de milho 2014/15 deve ser de 6,18 milhões de hectares, redução de 6,6% em relação ao ano anterior. A produtividade média nacional foi estimada em 4.736 kg/ha pela Conab, queda de 1% na mesma comparação. Com isso, a oferta nacional do verão deve ser de 29,3 milhões de toneladas, 7,5% inferior à de 2013/14. Se os dados se confirmarem, seria a menor produção na primeira safra em 15 anos.

No primeiro semestre de 2015, segundo a Conab, deve haver disponibilidade de 44,7 milhões de toneladas, que representa 81,3% de todo o consumo interno de 2015, estimado pela Conab em 55 milhões de toneladas, um recorde.

Assim, novamente, recaem sobre a segunda safra os principais fatores de impacto sobre os preços ao longo da temporada 2014/15. Com base na relação receita/custos, dados iniciais apontavam para uma menor área cultivada e também para menor uso de tecnologias, comparativamente a 2013/14. Paralelamente, clima também pode pesar sobre as estimativas.

Considerando-se a mesma área cultivada na segunda safra de 2013/14 (estimada pela Conab), mas com produtividade média nacional 2,4% maior, a oferta da segunda safra poderia chegar a 49,4 milhões de toneladas. Somados estoques iniciais, oferta da primeira temporada e um pouco de importação, a disponibilidade anual de milho chegaria a 94,45 milhões de toneladas. Ao se descontar o consumo interno, o excedente chegaria ao recorde de 39,45 milhões de toneladas.

Mesmo que se subtraiam exportações de cerca de 20 milhões de toneladas, no final de janeiro de 2016, haveria ainda estoques na casa de 20 milhões de toneladas. Reservas nestes níveis não permitiriam recuperações expressivas de preços em 2015. Somente algum fator que colabore para exportação muito acima da esperada poderia mudar o cenário de preços. Porém, agentes não esperam que isso aconteça no curto prazo.

No mercado internacional, a concorrência por compradores é acirrada. Os estoques mundiais também estão crescentes, tanto nos principais países exportadores como nos maiores consumidores, fazendo com que a relação estoque final/consumo volte aos maiores níveis desde a safra 2002/03 - o maior em 12 anos. Com isso, as transações mundiais devem cair, reduzindo as oportunidades de vendas.

No mês de janeiro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP) - valores a prazos são descontados pela taxa CDI -, recuou 7%, fechando a R$26,78/saca de 60 kg no dia 30. Quando os valores a prazo, da mesma amostra, são descontados pela taxa NPR, a média foi de R$26,28, caindo também 7% no mês. Na média das praças acompanhadas pelo Cepea, houve queda de 5,8% no mercado de balcão (ao produtor) e de 5,1% no de lotes (negociação entre empresas) ao longo do mês.

A CME Group (Bolsa de Chicago) também teve forte recuo. No acumulado de janeiro, o primeiro contrato de milho se desvalorizou 6,8%, fechando a US$370,00/bushel (US$149,01/t), enquanto o segundo vencimento caiu 6,7%, a US$378,50/bushel (US$151,96/t) no dia 30.


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