• Quinta-feira, 28 de março de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Crise amarga setor, mas há alternativas


Quinta-feira, 28 de agosto de 2014 - 18h36

O trabalho da AgroTVM é informar. O objetivo é trazer ao leitor semanalmente conteúdo atualizado sobre a produção agrícola, antes e depois da porteira.


Atualmente, cerca de 70,0% das usinas de açúcar e álcool do país encontra-se em dificuldades financeiras. Nas últimas décadas, empresas familiares viram a necessidade de se capitalizar para enfrentar a forte concorrência do mercado, adaptando-se as novas regulamentações do setor, a necessidade de investimento em novos maquinários e tecnificação do parque industrial.


Ao longo dos anos, o setor investiu no aumento da produção de cana-de-açúcar, adquirindo novas áreas e realizando novos contratos de arrendamento. Entretanto, a maioria dos produtores, por falta de recursos, pouco investiram na qualidade dos seus canaviais. O gráfico abaixo ilustra a baixa produtividade dos canaviais, onde se registra perdas de 5,0 a 10,0% em ton/ha ao longo dos anos.



Outro fator preponderante para a crise do setor encontra-se nos subsídios aplicados à gasolina para efeitos políticos e para a contenção da inflação, o que torna o etanol pouco competitivo em relação à gasolina.


Captação de recursos financeiros


Em virtude de (1) efeitos da política econômica adotada pelo governo; (2) desordem administrativo-financeira; e (3) estiagem prolongada, o setor foi levado a insolvência e incapacidade de geração de valor. Em tentativa de evitar a falência, muitas usinas familiares e grupos usineiros entraram em processo de recuperação judicial desde 2007.  A Lei 11.101/2005 - "LRF"- que normatiza o processo proporciona meios para recuperar as empresas que atravessam períodos de dificuldades. Apesar de a lei oferecer diversos mecanismos e ferramentas para o soerguimento da empresa, são poucas as usinas que, efetivamente, estão conseguindo cumprir com o seu plano de recuperação. Segundo a RPA consultoria informa, há pelo menos 50 empresas em todo o país em recuperação judicial e outras nove passaram pelo processo, porém tiveram falência decretada.



O principal óbice que as usinas vêm enfrentando é a captação de recursos financeiros - capital de giro - junto ao mercado financeiro, uma vez que os credores não se sentem confortáveis em realizar operações com aqueles que pleiteiam a proteção de um pedido de recuperação judicial ou extrajudicial. Diante deste preconceito, as usinas são obrigadas a utilizarem de outros artifícios para obtenção de novos créditos:


- emissão de títulos no exterior (bonds);


- fundos de private equity;


Ambas as alternativas possuem processo de negociação altamente complexo e desafiador, pois é necessário travar um novo diálogo que seja compatível com a realidade dos antigos credores sujeitos a RJ e com os novos investidores, visto também a condição das garantias de ofertas pela empresa. No que tange à LRF, o art.67 diz: "incentiva o fomento por terceiros para empresas em processo de recuperação, na medida em que no caso de decretação da quebra desta sociedade, o investidor terá privilégio especial no recebimento do seu crédito".


A recuperação das usinas e do próprio setor dependerá em parte da completa reorganização econômica, financeira e administrativa da atividade privada, e de uma nova conjuntura política que dê maior importância à produção de energias renováveis no país.


Fonte: AgroTVM. Por Matheus Zani e Klebson Rodrigues. 27 de agosto de 2014.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja