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Scot Consultoria

O transporte de carga no agronegócio brasileiro está em crise


Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013 - 16h16

graduanda em engenharia agronômica e analista júnior da Scot Consultoria.


A lei federal 12.619, de 2012, regulamenta a profissão de motorista no transporte de pessoas ou de carga. Na prática a lei proíbe a jornada de trabalho além de quatro horas, sem descanso de 30 minutos. Isso quer dizer que as empresas de transporte terão de contratar mais motoristas para compensar o tempo parado, aumentando os custos.


Com a notícia de uma supersafra de grãos em 2012/2013, a falta de infraestrutura preocupa o setor. E é uma dor de cabeça há tempos. Se na safra 2011/2012 já ocorreram filas imensas nos portos de Paranaguá e de Santos, o que vem pela frente deverá ser pior e a dificuldade de escoamento de carga será generalizada.


O Brasil não está preparado e a frota de caminhões é insuficiente. O diretor de logística da trading Noble Group estima que seriam necessários 20 mil caminhões a mais para o escoamento da produção.


O aumento do preço do diesel dos últimos meses piorou esse cenário. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro do diesel no Brasil está cotado em R$2,25, alta de 4,4% em relação a janeiro. Comparado ao mesmo período do ano passado, o preço médio está 10,3% maior.


O frete rodoviário da soja entre a cidade de Sorriso-MT e o porto de Paranaguá, no Paraná, já está 34,5% maior (Imea). O valor cobrado para que uma tonelada do grão atravesse o trecho é de R$235,00, ante R$175,00 cobrado em fevereiro do ano passado.


Carga sobre trilhos


As ferrovias oferecem o transporte mais barato para grandes cargas em percursos de longa distância. O Brasil tem uma extensão territorial privilegiada e é um grande produtor de commodities, sendo o mais lógico intensificar esse tipo de transporte.


Contudo, não é o que ocorre. O transporte ferroviário entrou em decadência em meados do século XX num contexto de rápida industrialização e expansão de fronteiras, quando os trilhos não atendiam mais a demanda. Assim, foram gradativamente passando o lugar para o modal rodoviário, que hoje prevalece com 61,1% de participação no transporte de cargas.


O Governo Federal tem planos de investimento na malha ferroviária do Paraná. A ideia é facilitar o escoamento e baratear o transporte.


O projeto pretende cortar o estado, partindo de cidades-chave no Mato Grosso do Sul e no Paraná até o porto de Paranaguá, um dos principais portos para o agronegócio brasileiro, principalmente para os embarques de soja. O setor estima que a movimentação de grãos seja duplicada e a soja, em especial, deve ter o seu fluxo triplicado até o porto de Paranaguá.


Um país com facilidade de transporte de carga e preços acessíveis de frete é mais competitivo no mercado internacional. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estima que os Estados Unidos transportem 35% de suas cargas sobre os trilhos.


A Confederação Nacional de Transporte (CNT) estima que o Brasil escoe 20,7% de sua produção por ferrovias. Segundo a mesma fonte, o Brasil aloja apenas oito empresas ferroviárias e possui 121,8 mil empresas rodoviárias para o transporte de carga.


Transporte marítimo


Empresas de transporte marítimo anunciaram, no final do ano passado, reajustes nos preços dos fretes, principalmente para carga refrigerada. Segundo os exportadores, o valor passará de R$130,00 para R$190,00 por tonelada exportada.


As empresas justificam essa elevação em função do aumento dos custos, principalmente com combustíveis e energia. Apontam também a necessidade de melhoria na qualidade do serviço e infraestrutura oferecidos nos portos.


Em contrapartida, o governo anuncia um plano para investimentos de R$54,2 bilhões em portos até 2017, visando melhorias de infraestrutura. O transporte é um gargalo para que as mercadorias possam entregues ao consumidor a preços competitivos.


Final


A proposta do governo é que o investimento federal diminua os valores do frete em até 20,0%. A infraestrutura dos portos e agilidades de transporte podem até melhorar, mas a preocupação das empresas transportadoras é com relação aos custos, que envolvem a aquisição de combustíveis, manutenção dos navios e o pagamento de funcionários.


Por mais que as expectativas sejam boas, o aumento dos custos continua impactando a produção e deve continuar assim em curto prazo. Se os investimentos do governo surtirem efeito, estas reduções, provavelmente, serão sentidas somente em médio e longo prazo.



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