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Scot Consultoria

Logística de armazenagem: na contramão do desenvolvimento


Sexta-feira, 25 de janeiro de 2013 - 15h46

Engenheira agrônoma, formada pela Universidade Estadual Paulista - UNESP, Câmpus de Ilha Solteira-SP e formanda em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP. É engenheira de avaliações de imóveis rurais pela Scot Consultoria desde 2012. Profissional associada à Scot Consultoria, realiza laudos para garantias bancárias, valor de mercado, divisão de bens, indenização para desapropriação, cálculo de passivo ambiental, comprovação de produtividade e acompanhamento em processos judiciais. Também, acompanha serviços de georreferenciamento, Cadastro Ambiental Rural e projetos ambientais.


Introdução

Há 18 anos surgia o Plano Real e com ele um novo Brasil. Aos poucos o país foi se reestruturando economicamente e, em apenas um ano a inflação que era de 916,46% em 1994 foi derrubada para 22,40%, dados do Banco Central.

Sem o aumento extraordinário dos preços, causado pela inflação, e com uma moeda estável o poder de compra do brasileiro ficou maior. Além disso, a abertura comercial colocou, em médio prazo, o Brasil no contexto internacional. Com isso os produtos brasileiros passaram a ter maior competitividade no mercado mundial.

Hoje o Brasil é a sexta economia do mundo e superou países como Reino Unido e Itália, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa posição de destaque é atribuída, em grande parte, ao agronegócio, principalmente ao setor de grãos. O país é o segundo produtor mundial de soja e o terceiro de milho.

A expectativa é de que o setor continue crescendo. A produção de grãos no Brasil aumenta todos os anos, culminando em safras recordes que sustentam a crescente demanda nacional e internacional. Apesar disso, a infraestrutura, a logística parece ter andado na contramão do desenvolvimento e encarece a produção nacional.

Estrangulamento

Para a safra 2012/2013 esse será o grande gargalo do país, podendo comprometer a competitividade da produção nacional e afetar a exportação.

As estimativas são de plantio recorde de soja, que deve ser acompanhado pela expansão da área de milho de segunda safra, semeada na sequência da colheita da oleaginosa. 

Se as perspectivas para a safra 2012/2013 se confirmarem, o Brasil terá uma safra 8,6% maior na comparação com a safra 2011/2012.

A produção nacional está estimada em 180,4 milhões de toneladas, para uma capacidade estática de armazenamento de 137,33 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Do total de grãos esperados para 2012/2013, 154,9 milhões de toneladas estão divididos entre soja e milho. Esse volume equivale a 85,8% da produção nacional de grãos.

Algumas regiões do Brasil mostram um quadro mais crítico em seus sistemas de armazenagem.

É o caso do Mato Grosso e do Paraná, os maiores produtores de milho e soja do país, e que enfrentam uma situação complicada com a colheita.

Durante a safra é notável o congestionamento nas estradas e, sobretudo, nos pátios de recepção. É comum o "armazenamento" ao ar livre por falta de espaço nos silos.

Considerando a safra 2012/2013 de milho e soja nesses dois estados a produção estimada é de 38,6 milhões de toneladas no Mato Grosso e 32,0 milhões de toneladas no Paraná.

No entanto, a capacidade estática para a armazenagem de grãos nesses estados é de 28,5 milhões de toneladas e 27,3 milhões de toneladas, respectivamente. Uma situação dramática. 

Pelo ritmo de crescimento das safras é evidente que a situação da armazenagem, principalmente no caso de Mato Grosso, tenha atingido um nível crônico.

O problema é que o cenário pode ficar ainda pior em alguns anos, principalmente quando a logística deficiente não permite o escoamento adequado da produção para comercialização e tem-se grande oferta de produto no mercado interno. É o caso da safra atual, cujo aumento na produção de soja está estimado em 24,5% em relação à temporada passada.

Os preços baixos do mercado promovem a armazenagem do produto até que haja recuperação novamente. No entanto a falta de silos para recepcionar os grãos colhidos é um desastre, pois obriga o produtor a vender a preços indesejáveis para poder liberar espaço nos armazéns.

Porém os armazéns que faltam em algumas regiões sobram em outras, ao esse fenômeno dá-se o nome de vazio logístico.

Em São Paulo, por exemplo, há armazéns para café que foram adaptados para grãos, e que nem sempre têm condições adequadas para a preservação do produto, fator de perda pós-colheita.

A solução seria a construção de silos nas propriedades rurais, como acontece em outros países. Isso garantiria ao produtor maior controle sobre as operações de colheita, podendo ter a opção de segurar a safra em períodos de preços baixos e ajudaria diminuir o déficit de armazéns.

Mesmo com os incentivos do governo, o custo para a construção é elevado e muitos produtores estão endividados e sem saber como agir para quitar suas pendências, o que dificulta a modernização do setor. Não bastasse isso, o custo de manutenção também é alto.

Considerações finais

Nos últimos anos a falta de armazéns tem sido um dos grandes problemas para o agronegócio brasileiro.

É preciso um olhar crítico e atento por parte dos agentes públicos e privados para que se garanta uma maneira eficiente de acondicionar a produção de grãos.

O Brasil quer ser o celeiro do mundo, mas sem planejamento não há como garantir a continuidade regular do abastecimento interno e manter a competitividade do produto no mercado externo.


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