• Sábado, 27 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Produção de leite uruguaia vai continuar crescendo em 2013 e a indústria também


Sexta-feira, 18 de janeiro de 2013 - 11h14

Zootecnista pela USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA).


O envio de leite para os laticínios uruguaios cresceria apenas 3% em 2013, o que representa o menor crescimento desde 2009, de acordo com uma análise a Divisão de Planejamento e Política Agrícola (OPYPA).


"Em 2013 vai ocorrer, no primeiro semestre, a inércia do que aconteceu no segundo semestre de 2012, onde houve uma queda no aumento do volume produzido. De toda forma, a primavera, como sempre, definirá o resultado final", disse o analista da Divisão de Planejamento e Política Agrícola (OPYPA) do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP), Maria Vidal.


De acordo com o anuário OPYPA "é esperado que a produção uruguaia no primeiro semestre de 2013 seja menor do que a do mesmo período de 2012" e a produção na primavera vai depender de vários fatores, incluindo o preço ao produtor e fatores climáticos.


Em relação aos preços internacionais dos produtos lácteos e, por sua vez, o que receberiam os produtores locais, Vidal disse que "2013 é um ano com expectativas moderadas nos valores globais, embora com possibilidade nos preços locais, porém sem atingir as máximas históricas. Há uma expectativa sobre o que pode acontecer com o clima e as margens de lucro."


Em termos de margens de lucro, o cenário não é tão otimista, já que é esperado um aumento nos preços de grãos para alimentação animal, que por sua vez pode aumentar a concorrência no uso da terra nessas áreas. "


Martin Lindholm, diretor do Intergremial de Produtores de Leite (IPL), disse ao El País que "hoje a produção de leite está dinâmica e o que nos preocupa são os custos para o próximo ano, especialmente de grãos, mas também os de energia e a baixa cotação do dólar, visto que há indústrias que não operam no mercado interno."


De acordo com a visão deste produtor, tem que levar em conta que no Brasil, maior comprador de lácteos do Uruguai, o dólar subiu 12%, enquanto no país (Uruguai) a cotação desta moeda baixou. "Tememos que, com certeza, essa lacuna será transferida para os pecuaristas de leite afetando seriamente a sua competitividade", disse ele.


Segundo o Instituto Nacional de la Leche (INALE), o Uruguai exportou 245,9 mil toneladas de produtos lácteos em 2012 e o Brasil foi o principal comprador, adquirindo 31,0% do total exportado pelo país.


Lindholm também disse que outro medo é porque, em momentos em que a situação do setor era mais favorável, um grande número de produtores de leite tomou empréstimos para compra de insumos e máquinas a prazos mais curtos do que os habituais.


"Em vez de tomar empréstimos para quatro anos, o fizeram em apenas um, pensando que as boas margens do momento continuariam pelo menos por esse período (de um ano) e, em parte, por experiências ruins vividas com o setor bancário no passado", disse ele.


Quanto ao que aconteceu em 2012, Vidal disse que "foi um ano com muitas variações, com um primeiro semestre com um crescimento forte e com uma inércia do segundo semestre do ano passado."


Ele lembrou que "2011 foi recorde, com um aumento de 18,8% durante os 12 meses. Durante o segundo semestre de 2012, porém, houve uma conjunção de eventos que levaram a uma desaceleração no aumento."


Separando por semestres, em relação a 2011, a produção de leite Uruguaia cresceu 17,0% no primeiro semestre e 0,3% no segundo.


"Entre estes eventos, os preços mais baixos ao produtor, um aumento nos custos e um clima com precipitações insuficientes, especialmente em agosto, o que complicou as condições para o trabalho no campo. A primavera esteve muito longe de ser o que se esperava, mas também não pode ser considerado ruim", disse a analista.


Segundo OPYPA o crescimento de 2012 foi de 6,3% em volume, atingindo um novo recorde de captação dos laticínios para pasteurização, de 1.819 milhões de litros.


Mesmo com um crescimento elevado, a produção uruguaia ainda é pequena em comparação com a produção brasileira, representando uma fatia de 6,0% desta (IBGE).


Entretanto, o crescimento da produção de leite uruguaia não está sendo absorvido pelo mercado interno, o que afeta diretamente o Brasil, que acaba importando leite e lácteos em quantidades cada vez maiores do país vizinho.


A expansão da capacidade de recepção dos laticínios será fundamental em 2013 e nos anos subsequentes.


Este fator é considerado decisivo entre a mobilidade dos produtores de leite entre diferentes plantas resultantes do preço que recebem pelo leite.


A Conaprole, que recebe no momento em torno de 60% da produção de leite do país, está em processo de aumentar a sua capacidade para receber leite.


"Nesta primavera aumentamos nossa capacidade de recepção na planta localizada em Villa Rodriguez de 1,5 a 2,0 milhões de litros por dia, devido à instalação de um novo evaporador", disse ao El País o diretor da empresa, Alejandro Perez Viazzi.


Disse que a Conaprole hoje está recebendo 3,8 milhões de litros por dia e no pico da primavera chegou a receber 4,4 milhões, quando sua capacidade, somando todas as suas fábricas no país é de 5,5 milhões de litros por dia. Estima-se que no final de 2013, a capacidade de recepção desta empresa crescerá em torno de outro milhão de litros.


"A cooperativa tem que planejar com anos de antecedência, como fizemos, porque caso contrário, a existir um aumento explosivo como em 2011, teria sido um caos. Em nossos planos avaliamos que o crescimento médio anual será entre 5% e 7% nos próximos anos", disse Pérez Viazzi. O investimento previsto para as diferentes plantas da cooperativa no prazo de 2012-2015, é de US$140 milhões.


A aposta é no crescimento, já que em 2007, o laticínio uruguaio produziu 1,237 bilhão de litros, mas três anos depois estava em 1,440 bilhão de litros (em 2010 houve uma expansão de 3,9%).


O maior crescimento ocorreu em 2011 (18,8%), sempre com o mesmo número de vacas e na mesma área de terra, mas com maior volume de concentrado na dieta dos animais. Em 2012, o crescimento será moderado, de 6,3%, porém, estará acima da média histórica dos últimos anos, de 4%.


O compromisso de incorporar mais tecnologia nas instalações segue firme, de acordo com os produtores.


Fonte: El País Digital, adaptado por INALE. Pela Redação. 26 de dezembro de 2012.


Tradução, adaptação e comentários de Jéssyca Guerra, zootecnista e analista júnior da Scot Consultoria.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja