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Scot Consultoria

Uso de silagem de colostro para bezerras: vantagem ou desvantagem?


Segunda-feira, 3 de dezembro de 2012 - 11h24

Engenheiro agrônomo, doutor em produção animal e pesquisador científico/APTA Colina-SP.


Muitos produtores de leite perguntam aos técnicos: como preparar e se devo usar ou não a silagem de colostro no aleitamento das minhas bezerras?


Em primeiro lugar vamos definir o que é o colostro: é o primeiro leite secretado pela glândula mamária da vaca após o parto, sendo produzido por aproximadamente três dias, devendo ser fornecido às bezerras o mais rápido possível (até duas horas após o parto), pois é rico em anticorpos (transferência da imunidade passiva).


No entanto, a duração da secreção de colostro é variável, podendo se estender até o sexto dia após o parto e este colostro excedente não pode ser comercializado para o consumo humano.


Porém, a utilização de colostro excedente pode ser uma alternativa viável, pois este tem mais proteínas, gorduras, minerais e vitaminas que o leite normal.


Por exemplo, o colostro do dia do parto pode ter mais de 14% de proteína, ou seja, cinco vezes mais do que o leite normal. No segundo dia após o parto, o teor de proteína cai para aproximadamente 8% e no terceiro dia fica ao redor de 5%, valores ainda superiores se comparados com leite normal.


Como o custo na fase de aleitamento é elevado e o leite pode representar até 75% do custo alimentar nesta fase, surge à alternativa da utilização do colostro excedente na forma de silagem.


Como preparar a silagem de colostro?


A silagem consiste em uma tecnologia de acondicionamento do colostro excedente de forma anaeróbica, para ser utilizado no aleitamento de bezerros.


O preparo da silagem de colostro consiste na coleta do colostro excedente após a ordenha dos          animais, devendo o mesmo ser coado em peneira e posteriormente armazenado em garrafas de plástico do tipo PET, com capacidade de 1,5 a 2,5 litros, devidamente limpas com detergente neutro.


Após a lavagem das garrafas, as mesmas deverão ser preenchidas totalmente com colostro, fechadas e identificadas com o nome do animal, data e dia após o parto (3°, 4°, 5° e 6°). Durante o fechamento é importante comprimir a garrafa um pouco evitando que fique ar, pois a fermentação é anaeróbica.


É preciso evitar também a dilatação da garrafa durante o período de fermentação para reduzir as perdas.


Após sete dias de fermentação, a silagem de colostro estará pronta para ser utilizada como substituto do leite. O odor da silagem deve ser semelhante a queijo com sabor ácido e levemente salgado. O aspecto da silagem pode ser homogêneo ou separado em partes de acordo com o dia coletado. As observações indicam uma relação direta entre temperatura, luminosidade e tempo de fermentação.


Quanto maior o calor e incidência de luminosidade menor é o tempo necessário para cessar a fermentação.


Deve-se utilizar o colostro coletado nos primeiros dois dias para servir às bezerras até 35 dias de idade e o colostro coletado nos 3° e 4° dias para servir às bezerras após 35 dias do nascimento.


Após a coleta, o material deverá ficar armazenado em um galpão limpo, sem incidência de luz solar e a temperatura ambiente. Vale ressaltar que a silagem de colostro, quando bem armazenada, pode durar até um ano e meio.


Como fornecer o colostro às bezerras?


A adaptação dos animais é fundamental para o sucesso desta tecnologia: do terceiro dia ao quinto dia de vida, as bezerras que irão receber a silagem de colostro deverão passar por um período de adaptação.


Considerando-se um sistema de aleitamento artificial convencional, onde os animais são alimentados com 4 litros diários de dieta líquida, sendo dois litros pela manhã e dois litros pela tarde, a adaptação deverá ocorrer conforme demonstrado na tabela abaixo.


Embora, os resultados ainda sejam variáveis quanto ao desempenho produtivo dos animais em ganho de peso corporal, constata-se ser a silagem de colostro uma excelente alternativa para a produção de bezerros leiteiros, inclusive de machos para produção de vitelo, devido a sua aceitabilidade e facilidade de execução, não exigindo uso de energia elétrica e mão-de-obra especializada.


Do ponto de vista econômico, com o emprego da silagem de colostro os produtores passam a vender o leite que seria destinado aos bezerros, incrementando sua renda.


Além disso, a adoção desta tecnologia permite a reutilização de garrafas plásticas e o aproveitamento do colostro (rejeitado pela agroindústria), contribuindo com a preservação do meio ambiente.



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