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Scot Consultoria

Soja – setembro


Quinta-feira, 11 de outubro de 2012 - 10h59

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) é parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (DEAS) da Esalq/USP.


As cotações externas e internas da soja caíram no correr de setembro. Segundo pesquisadores do Cepea, a pressão veio do forte avanço dos trabalhos de campo nos Estados Unidos, que sinalizam produtividade acima da estimada nos relatórios oficiais do USDA, e do cultivo da nova safra na América do Sul. Além disso, a pressão também esteve atrelada às diferenças entre os preços do mercado físico atual e os esperados para os primeiros meses de 2013, que levaram a ajustes negativos das cotações.


Do lado da demanda, compradores se voltaram ao produto norte-americano e, em relação ao Brasil e à Argentina, limitaram-se a acompanhar o clima e o ritmo de cultivo. Com isso, as cotações cederam também nos portos brasileiros, onde as médias atipicamente ficam abaixo dos valores observados no interior do país - muitas vezes, nominais. Vale lembrar que, no interior do país, os valores diários divulgados pelo Cepea representam tanto negócios efetivos quanto ofertas de compra e de venda, enquanto que, no porto, a metodologia do Indicador ESALQ/BM&FBovespa leva em consideração os negócios efetivos; se não há, o valor em reais do dia anterior é mantido.


Entre 31 de agosto e 28 de setembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (produto transferido para armazéns do porto de Paranaguá), em moeda nacional, teve expressiva queda de 17%, finalizando em R$75,73/saca de 60kg no ultimo dia do mês. Em dólar, moeda prevista nos contratos futuros da BM&FBovespa, fechou a US$37,32/sc de 60kg no dia 28, com queda de 16,9%.


A média ponderada das regiões paranaenses, refletida no Indicador CEPEA/ESALQ, finalizou o mês a R$76,88/sc de 60kg, com forte queda de 9,9% em relação ao mês anterior. Ao se considerar a média do conjunto de praças acompanhadas pelo Cepea, no acumulado de setembro, a queda foi de 6,5% no mercado de balcão (ao produtor) e de 5,6% no de lotes (negociações entre empresas).


No Brasil, praticamente não há mais soja para ser negociada - apenas algumas efetivações ocorreram de forma pontual. Com isso, os preços cogitados no setor se centraram naqueles referentes a negócios antecipados para entrega a partir da próxima colheita ou nos patamares apontados na BM&FBovespa para nov/12 - próximo vencimento.


Na BM&FBovespa, o vencimento nov/12 caiu 9,7% no acumulado de setembro, finalizando a US$39,00/sc. O contrato mai/13 fechou a US$31,62/sc no dia 28 de setembro, com forte queda de 5,6% no mês.


Para os derivados, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo caíram 3,7% no acumulado de setembro. Já a média do óleo de soja (produto posto na cidade de São Paulo com 12% de ICMS) ficou estável no acumulado de setembro, finalizando o mês a R$3.023,68/t.


Em relação à próxima safra, produtores brasileiros adiantaram as compras de insumos, mas estavam cautelosos quanto ao momento de iniciar a semeadura. Segundo agentes colaboradores do Cepea, grande parte dos produtores estava atenta às previsões climáticas para os próximos meses, de modo a evitar que as lavouras sofram com falta de umidade no período de desenvolvimento. No final de setembro, o fim do vazio sanitário em Mato Grosso, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul e a ocorrência de chuvas possibilitaram o início do cultivo da nova temporada.


Estimativas de governos nacionais e estaduais sinalizam que a área de soja no Brasil deve ser recorde, apesar de haver divergências quanto ao tamanho final da área. Segundo a Conab, a área de soja no país deve crescer 7% na próxima temporada, para 26,75 milhões de hectares. Já algumas consultorias privadas sinalizam área de 28 milhões de hectares. Para a produção, porém, todas as estimativas iniciais são de mais de 80 milhões de toneladas.


Para o USDA, o Brasil deve cultivar 27,5 milhões de hectares, o que gerará produção de 81 milhões de toneladas em 2012/13, se tornando o maior produtor mundial da oleaginosa. Deste total, 39,1 milhões de toneladas seriam exportadas entre out/12 e set/13, um recorde. O processamento interno seria de 36,8 milhões de toneladas, praticamente o mesmo volume da safra anterior.


Ainda de acordo com o USDA, a produção brasileira de farelo e óleo também deve se estabilizar, em 28,5 milhões de toneladas e 7,06 milhões de toneladas, respectivamente. Para o farelo, as exportações devem se manter em 14,5 milhões de toneladas e o consumo interno, em 14,4 milhões de toneladas. Para o óleo, é esperado que 1,7 milhão de toneladas sejam exportadas e que 5,4 milhões de toneladas sejam consumidas internamente.


Em setembro, no mercado externo, traders reduziram a exposição ao risco diante do ritmo recorde da colheita da soja nos Estados Unidos. Segundo dados divulgados em 1 de outubro pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), até final de setembro, 41% da área da oleaginosa já havia sido colhida naquele país, ante apenas 15% no mesmo período do ano anterior.


Entre 31 de agosto e 28 de setembro, o contrato dez/12 da CME/CBOT recuou 8,9%, finalizando a US$16,01/bushel (US$35,30/sc de 60kg) no dia 28. Para o farelo de soja, o contrato out/12 fechou a US$487,00/tonelada curta (US$536,82/t), baixa de 9,2% no mês. Para o mesmo vencimento do óleo de soja, a queda foi de 7,9%, finalizando a US$0,5218/lp (US$1.150,36/t).



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