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Scot Consultoria

Yes, nós temos bananas! E muito mais!


Quarta-feira, 11 de julho de 2012 - 12h19

Gerente geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE). Mestre em Direito Internacional pela UFSC, 2004.


Decidi citar fatos intrigantes que exigem pensar sobre o que é sustentabilidade e quais formas podem e devem ser adotadas para atingir o desenvolvimento sustentável.


O apelo aos orgânicos continua forte na praça de alimentação, o que é até natural. "Produtos naturais" têm um apelo interessante e tendem a ganhar consumidores que se sentem confortáveis ao consumi-los, afinal, dão sua contribuição para o mundo sustentável. Nada contra consumir orgânicos e incentivar produtores, especialmente pequenos, a adotar boas práticas e a agregar valor aos seus produtos.


No entanto, esse apelo sustentável utilizado como ferramenta de marketing faz com que esses produtos se tornem absurdamente caros, o que não se explica somente pela escala de produção, mas pelo oportunismo do mercado. Pagar entre R$16 e R$20 um litro de suco de uva orgânico não parece razoável, nem sustentável.


Será que todos na cadeia produtiva do suco orgânico - o produtor da uva e seus empregados, o processador, o supermercado - foram remunerados de forma justa? Aproveitando o conceito de comércio justo (fair trade), que visa pagar valores corretos aos produtores e evitar distorções que beneficiem quase sempre os processadores ou os vendedores, a divisão dos benefícios precisa chegar a todos, caso contrário, não se pode falar em produto sustentável. Ao menos do ponto de vista social.


As bananas vendidas a R$0,50 cada. Mas, felizmente, o Brasil produz diversos tipos de bananas, vendidas em pencas, pois temos fartura!


Mas não é só a banana. Todas as deliciosas frutas produzidas no Brasil dão água na boca a estrangeiros! O arroz, o feijão e a carne de porco que permitem fazer a deliciosa feijoada, a cana que produz açúcar, o etanol, a bioeletricidade e a cachaça, que vira caipirinha, a carne para o churrasco, a soja e o milho, fundamentais para inúmeros produtos, entre eles as carnes. Ao contrário de remeter a uma visão de atraso, a possibilidade de produzir para alimentar todos os brasileiros, e também milhões de pessoas em outros países, é uma riqueza estratégica que temos nas mãos.


Vários estrangeiros que tiveram na Rio+20 devem ter visto a seguinte mensagem nos táxis: "Você é bem-vindo ao Brasil, assim como os alimentos brasileiros são bem-vindos em todo o mundo"! A propaganda, feita pelo Ministério da Agricultura, toca em um dos principais pontos da Rio+20, que é a produção agrícola de baixo impacto e o acesso a alimentos saudáveis e nutritivos.


Produzir alimentos e energias renováveis e a capacidade para expandir essa produção de forma sustentável são um ativo estratégico que poucos países têm nas mãos. Para dar condição essencial para garantir a segurança alimentar e nutricional global será preciso revitalizar as áreas agrícolas, capacitar produtores, dar acesso a tecnologias, como forma de aumentar a produção, reduzir impactos ambientais e erradicar a pobreza.


Para finalizar, volto à questão dos alimentos sustentáveis e da visão de que somente orgânicos e produtos de pequenos produtores são bons e saudáveis. A agricultura sustentável - familiar, de pequena escala, empresarial - que produza orgânicos, carnes, energias renováveis, fibras, produtos derivados da biotecnologia e de novas tecnologias que virão, farão parte de um mosaico que pode e precisa se tornar cada vez mais sustentável.



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