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Scot Consultoria

A absurda taxa de juros do cartão de crédito


Terça-feira, 10 de julho de 2012 - 11h14

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


O governo federal através do Banco Central vem canalizando esforços no sentido de conseguir que a taxa de juros para o tomador de recursos caia efetivamente.


Em um passado não muito distante o governo fazia um movimento na taxa básica de juros e esperava que o mercado ajustasse esta taxa. Um ciclo que demorava cerca de seis meses, sem reflexo prático.


Empresas e pessoas físicas que buscavam recursos no mercado se deparavam com taxas exorbitantes, e por falta de opção amargavam um custo nas operações que ao longo do tempo criavam uma verdadeira dependência do sistema financeiro nacional.


Nestes últimos meses observamos uma mudança de postura. Os bancos oficiais puxam a fila da queda dos juros e muitos bancos privados estão se rendendo a esta, quem sabe, nova realidade dos juros no Brasil.


Cheque especial, recursos para capital de giro, crédito para financiamento da casa própria, entre outros, tiveram juros reduzidos.


Infelizmente isto ainda não chegou ao financiamento das faturas do cartão de crédito. Cartão que veio para facilitar a vida das pessoas e ao mesmo tempo oferecer segurança nas operações de compra e venda de produtos e serviços, se apresenta como o grande vilão das finanças do lar.


Em maio deste ano a média da taxa de juros ficou em 6,18% ao mês, atingindo 105,36% ao ano. Isso em se tratando de média, pois pesquisei várias operadoras, e o que se vê são taxas de 10 a 12% ao mês. Estamos falando de juros anuais entre 213 e 289%. Já vi faturas apontarem juros de 14% ao mês ou 381% ao ano. Uma agiotagem.


Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, os juros no cartão não caem há 27 meses.


O pior disso tudo é que muitas famílias, sem perceberem o verdadeiro tiro no próprio pé, estão substituindo o já caro juros do cheque especial pelos juros do cartão.


Algo deve ser feito. Se juros nestas alturas não se enquadrarem nas práticas abusivas, não sei o que poderá ser enquadrado.


E não adianta as operadoras de cartão virem com a velha desculpa que há forte inadimplência, que os custos são elevados, e uma série de outras desculpas.


Outros países também ampliaram o uso desta modalidade e praticam menores que o Brasil. Só para ilustrar, os juros no Brasil são cinco vezes maiores do que os juros da Argentina.


Se o uso do cartão cresce, com ele cresce a receita das operadoras que cobram até 5% em cada operação dos fornecedores de produtos e serviços, portanto, não há motivos para esperar mais para reduzir expressivamente os juros nesta modalidade.


Espera-se por parte do governo empenho também nesta questão.


Enquanto isso não vem, resta ao consumidor redobrar a atenção e não cair na tentação de pagar o mínimo ou somente parte da fatura e planejar as finanças pessoais.


De qualquer maneira o governo tem que fazer sua parte.



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