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Scot Consultoria

Exportações de milho: o que mudou em 2009?


Quinta-feira, 29 de outubro de 2009 - 16h08

Zootecnista, formado pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, Câmpus de Ilha Solteira-SP, mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela UNESP, Câmpus de Jaboticabal-SP. É analista e consultor de mercado da Scot Consultoria. Coordena as divisões de pecuária de leite, grãos e avaliação e perícia. Editor-chefe do Relatório do Mercado de Leite, publicação da Scot Consultoria. Atuação nas áreas de análises, estabelecimento de cenários, estratégias de mercado, realização de projeções de preços, oferta, demanda, análises setoriais e pesquisa de opinião e imagem. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.


Em 2007, 65,74% do milho exportado pelo Brasil teve como destino a União Européia (UE). Contudo neste ano, a UE foi responsável por 3,54% dos embarques. Uma queda de 98% do volume. Veja a tabela 1. O ano de 2007 foi atípico no mercado global do milho. Aconteceu uma quebra da produção na UE e queda de oferta do grão no mercado internacional por parte dos Estados Unidos, que direcionou parcela da produção de milho para a produção de etanol. Em função desses fatores houve um incremento das importações dos países europeus. Em 2008, a situação mudou. A crise financeira mundial derrubou a demanda nos mais diversos setores de produção e, com isso, a indústria consumidora de milho reduziu as compras. Na União Européia, o consumo doméstico, caiu de 63,9 milhões de toneladas em 2007 para 59,3 milhões de toneladas em 2009 (queda de 7,2%), afetando a importação (figura 1). ARRAÇOAMENTO ANIMAL O mercado de rações acompanhou a menor demanda por proteína animal. Segundo a Federação das Indústrias de Ração do bloco europeu (FEFAC, sigla em inglês), a produção de ração caiu entre 4% e 8% no terceiro trimestre de 2009. No caso de bovinos, a produção de ração caiu entre 15% e 20%. Na figura 2 (veja página seguinte) é possível verificar a queda no consumo de carnes suína e bovina a partir de 2007. Repare que em situações de crise a demanda por carne de frango (alternativa mais barata) aumenta. Além desses fatores, a valorização do real frente ao dólar, encareceu o milho brasileiro. Com a falta de crédito pelo qual o bloco passa e as principais economias ainda em recuperação, a compra do grão diminuiu. Tomemos como exemplo a Espanha. O maior importador de milho brasileiro dentro da UE em 2008 (27% do volume exportado para o bloco) registrou uma queda de 90% nas importações em 2009. Em 2008 o país comprou 989 mil toneladas, em 2009 o volume foi de aproximadamente 98 mil toneladas. Vale destacar que a Espanha adota um sistema de comercialização diferenciado, importando, sem taxas, até 2 milhões de toneladas de milho. Em muitos casos esse milho brasileiro é revendido para outros países do continente. O crescimento populacional na UE, Estados Unidos e demais países ricos está praticamente estagnado. O consumo per capita nestes países já é elevado, fazendo com que a produção para atender o mercado doméstico não tenha perspectivas de crescimento acentuado a não ser em caso de catástrofe, influencia do clima ou incremento de novos usos para o milho. Em função disso as exportações brasileiras de milho tiveram alvos diferenciados neste ano. A exportação de milho aumentou para os países em desenvolvimento e substituiu, em certa medida, o milho argentino, cuja safra foi afetada pela estiagem. Trata-se de uma saída interessante, já que as exportações não ficam dependentes de um único país. No longo prazo o comércio com os países em desenvolvimento é interessante, já que as exportações para países desenvolvidos tende a não crescer. Até agosto, grande parte das exportações de milho do Brasil foi para países emergentes ou em desenvolvimento. Destaque para a Ásia, o Oriente Médio e a América do Sul (figura 3). O maior comprador do milho brasileiro até o momento é o Irã (15,8%), seguido pela Coréia do Sul (10,3%) e pela Colômbia (10,2%). Esses países juntos são responsáveis por quase 40% das exportações brasileiras. Apesar do Irã e da Coréia do Sul registrarem queda de 77% e 38%, respectivamente, em relação ao volume de milho comprado do Brasil em 2007, os embarques em 2009 (até agosto) já superaram os valores de 2008. Cabe citar o Marrocos, a Malásia e Taiwan, que em 2007 não importaram nada e, em 2009, estão entre os sete maiores compradores. O Brasil conseguiu acesso a novos mercados por causa da pouca oferta de milho da América do Sul. Países como a Colômbia, Arábia Saudita, Vietnã e Taiwan, clientes argentinos, importaram mais do Brasil devido a menor oferta de milho proveniente do país vizinho na safra 2008/2009. “O maior comprador do milho brasileiro até o momento é o Irã (15,8%), seguido pela Coréia do Sul (10,3%) e pela Colômbia (10,2%).” Por fim, o Brasil é um país com grande potencial de crescimento dentro do mercado internacional do milho. Além de contar com um mercado interno grande e consumidor, as exportações aparecem como uma ótima alternativa de escoamento da produção.
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