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Scot Consultoria

Greves e manifestações: é a crise do leite na Europa


Sexta-feira, 25 de setembro de 2009 - 10h04

Zootecnista, formado pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, Câmpus de Ilha Solteira-SP, mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela UNESP, Câmpus de Jaboticabal-SP. É analista e consultor de mercado da Scot Consultoria. Coordena as divisões de pecuária de leite, grãos e avaliação e perícia. Editor-chefe do Relatório do Mercado de Leite, publicação da Scot Consultoria. Atuação nas áreas de análises, estabelecimento de cenários, estratégias de mercado, realização de projeções de preços, oferta, demanda, análises setoriais e pesquisa de opinião e imagem. Ministra aulas, palestras, cursos e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.


A proposta de liberação das cotas de produção de leite, fez com que a União Européia (UE) se dividisse em duas: a fração protecionista e a fração liberal. A Comissão Européia sugere o término das cotas de produção a partir de 2015. A idéia é que, a partir daí, o mercado ficasse livre para produzir a quantidade que desejar e provocar a concorrência no setor. PROTECIONISTAS A fração protecionista se apóia no comportamento do mercado em vista de um possível aumento do volume ofertado de leite no bloco europeu. Pela teoria da oferta e demanda, com uma maior oferta, o preço do leite tende a diminuir. Esses países alegam também que os preços mais baixos da atividade influenciariam questões como o emprego na atividade, ocupação do território, segurança alimentar, qualidade sanitária da alimentação e o desenvolvimento sustentável. Além disso, temem que o mercado europeu não absorva esse aumento de produção. Tal fato seria o mais provável, já que o consumo de lácteos na UE já é elevado e sua população apresenta um crescimento praticamente estagnado. Ou seja, a demanda não cresceria a ponto de absorver esse aumento da produção já que a procura por produtos lácteos no bloco é relativamente inelástica. Hoje, grande parte dos países que compõe o bloco europeu defende esta idéia. São eles: Alemanha, França, Áustria, Bélgica, Bulgária, Estônia, Irlanda, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Hungria, Portugal, Romênia, Eslovênia, Eslováquia, Finlândia, Espanha, República Tcheca e Polônia. A iniciativa partiu justamente da Alemanha e da França, os dois maiores produtores de leite e as duas maiores economias do bloco. Veja a tabela 1. LIBERAIS Os países favoráveis à liberação das cotas de produção são minoria. Eles se apóiam na teoria da “mão invisível” a qual defende que o mercado se auto-regula. A conduta desses países tem sido totalmente diferente em relação aos protecionistas. Preferem pagar multas para produzir mais leite, ultrapassando a cota de produção estipulada para cada um deles. Os principais defensores desta idéia são o Reino Unido, a Itália, a Noruega, a Dinamarca, a Suécia, a Finlândia e a Islândia. Para eles, o aumento da produção poderia representar uma oportunidade de crescimento para a indústria. GREVES E MANIFESTAÇÕES Enquanto isso greves e manifestações por parte dos produtores tomam conta do continente europeu. Na França, produtores estão em greve há pelo menos 12 dias. Nas ruas de Paris, o leite foi doado em protesto contra os baixos preços pagos. Cerca de 22 mil litros de leite foram distribuídos. Contudo, a greve pode não surtir tanto efeito já que a principal organização francesa de produtores, opõe-se a greve. Na Bélgica, produtores derramaram leite em frente ao edifício sede da UE, como forma de protesto. Produtores da Alemanha e Holanda defendem esta greve, porém não podem atuar devido à posição das autoridades responsáveis pela concorrência nacional. Na Itália, cerca de 500 produtores, contra a decisão do governo italiano de apoiar o fim das cotas leiteiras, barraram túneis na divisa com a Áustria e a França. Também ocorreram protestos na Áustria, Luxemburgo, Holanda, Espanha e Suíça. Estima-se que 40 mil produtores estejam em greve na UE.
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