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Scot Consultoria

O processo de asfixia da Petrobrás traz prejuízos ao etanol


Quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012 - 14h32

É professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP Campus Ribeirão Preto e coordenador científico do Markestrat.


Apesar de todas as condições que possui, a chuva aumenta a erosão, o sol continua a desperdiçar sua energia incidindo sobre pastagens degradadas, o setor nacional de bens de capital enfrenta forte ociosidade e desemprego, sobram capitais no mundo, e incoerentemente, falta produção de combustível no Brasil. Esta falta contribuirá para que o superávit comercial caia a preocupantes US$10 bilhões em 2012. Quanto seria caso não fossem necessárias brutais importações de gasolina, de etanol norte-americano e contando com a ajuda das exportações de etanol e açúcar brasileiro? Com o crescimento da economia, da frota de automóveis e da demanda por energia, torna-se imprescindível que agentes da cadeia sucro-energética tenham um horizonte previsível de regulamentação, que não vem ocorrendo, inibindo os investimentos, ante as evidências de seus benefícios. Tarifas são alteradas, ameaças feitas, impostos como a CIDE são aumentados ou reduzidos, custos cresceram comprometendo a competitividade, altera-se a mistura de anidro na gasolina, tributa-se um combustível fóssil e altamente poluente quase com a mesma alíquota que outro de emissão praticamente zero, e a precificação da gasolina injustificavelmente não segue as cotações internacionais. O Brasil importa quantidades crescentes de gasolina a um preço 30% acima do mercado doméstico, gerando perda de valor à Petrobrás, que é acionista do setor de cana e também aos produtores, destruindo o mercado de etanol. Em janeiro de 2012 as vendas de etanol foram 40% inferiores a 2011, que foram menores que 2010. Comprova-se este equívoco com dois anúncios da Petrobras. A empresa teve o pior desempenho das que apresentaram balanços no último trimestre de 2011, com um resultado negativo em abastecimento (importações) de R$4,5 bilhões. O ex-presidente justificou em entrevista que parte do problema da Petrobras se deve à expansão de 9% na demanda em 2011. Expansão de demanda ser problema para qualquer empresa significa que algo realmente está errado no planejamento. São frequentes os avisos que a falta de um plano de longo prazo para o etanol se traduzirá em uma produção cada vez mais insuficiente no futuro, devendo o crescente consumo ser abastecido com maiores importações de gasolina, gerando um ciclo de prejuízos à sociedade brasileira. O governo, os cientistas, os empresários alardearam ao mundo os benefícios do etanol, lutou-se por quedas de barreiras e tentou-se construir um mercado mundial. Descuidou-se da produção e do próprio mercado. Desta vez a culpa não é do “Tio Sam”, é exclusiva do Brasil. Os brasileiros presentes na Rio+20 em junho, devem estar bem preparados para o constrangimento de explicar aos estrangeiros por que está naufragando o combustível renovável mais eficiente encontrado no planeta até o momento para substituir os fósseis. O etanol teria sido propaganda enganosa? Devido à explosão da demanda, a moeda de maior valor mundial, que confere o maior prestígio a uma sociedade, é a energia renovável (alimento e biomassa). No Brasil, o sol diariamente distribui energia em milhões de hectares ociosos. Tristes trópicos...
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