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Scot Consultoria

A cota Hilton na América Latina


Quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012 - 16h23

Zootecnista pela USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA).


Para proporcionar um produto de alta qualidade a seus hóspedes, a cadeia de Hotéis Hilton especificou cortes e a quantidade de carne bovina de que necessitava anualmente e credenciou alguns países produtores para fornecê-la. A cota Hilton é constituída por cortes especiais, refrigerados ou congelados, do quarto traseiro de novilhos precoces (20 a 24 meses de idade), que devem estar em concordância com a norma 936/97 elaborada pela União Europeia. O preço dos cortes da cota Hilton no mercado internacional é mais valorizado em comparação com o preço da carne bovina comum. A cota é de 65,25 mil toneladas. O ano-cota vai de julho a junho do ano seguinte. Apenas os países fornecedores credenciados podem exportar o produto, sendo eles Argentina, Austrália, Brasil, Uruguai, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá e Paraguai. A taxa de importação é de 20%, com tarifa extra cota em 12,8% mais 300 euros para cada cem quilos de produto. Uruguai - O ano passado foi o de menor abate de bovinos dos últimos anos, porém a exportação da cota Hilton uruguaia no período de 2011-2012 já alcançou 67%, de acordo com o Instituto Nacional de Carnes (INAC). A indústria de carne bovina uruguaia estima que a cota será preenchida sem problemas. No período passado, a urgência da indústria em completar a cota em tempo fez com que os preços do gado disparassem, cenário atualmente descartado devido ao maior espaço de tempo. Argentina - Enquanto o governo indica que a distribuição completa da cota Hilton 2011-2012 estará pronta na primeira em fevereiro, a indústria de carne bovina argentina acredita que, de acordo com situações semelhantes em anos passados, as distribuições só estarão definidas em março. A questão preocupa os exportadores porque nos primeiros sete meses do período, apenas uma parcela das divisões foi adquirida. A distribuição definitiva permitirá à indústria conhecer o quanto poderá exportar. O temor dos exportadores argentinos tem fundamento. No ano cota 2007/2008 a Argentina não cumpriu a cota devido à crise e também pelo aumento das barreiras às exportações agrícolas. Em 2009/2010 a distribuição da cota aconteceu tardiamente. Os embarques foram realizados vagarosamente, sendo intensificados somente em abril, quando faltavam apenas três meses para o fim do prazo das exportações. Outro fator que agravou a situação foi quando o governo argentino impediu temporariamente as exportações de carne, visando a aumentar a oferta no mercado doméstico. Brasil – A cota brasileira é de 10 mil toneladas, porém não realiza a totalidade dos embarques devido às restrições de rastreabilidade e credenciamento de fazendas aptas a fornecer animais. O Brasil é o único entre os credenciados onde há determinação para que a carne incluída na cota seja oriunda de animais que se alimentem de pasto. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) anunciou recentemente que o Brasil pode deixar de recorrer á Organização Mundial de Comércio contra a União Europeia, após a mesma ter sinalizado possibilidade de negociação das condições de exportação. Recentemente o Brasil voltou a gerenciar a lista de fazendas autorizadas a exportar carne bovina para a União Europeia. Durante quatro anos o controle foi feito pelos europeus, que decidiam quem poderia fazer parte do grupo. A lista de quem pode exportar carne bovina, chamada de lista traces, tem 1.948 propriedades de oito estados: Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. A situação da cota Hilton nos países fornecedores da América Latina vai de confortável a preocupante. Estima-se que o Uruguai completará a cota deste ano, o que pode ser visto como um estímulo à pecuária no país e como fator positivo à balança comercial. A Argentina aguardará definição do governo, o que pode fazer com que o país não atinja a meta de embarques. E o Brasil, que por um lado recuperou o controle da seleção de fazendas aptas a exportar para o bloco europeu após quatro anos, o momento, ainda permanece como sendo o único fornecedor com restrições, até futura definição da União Europeia.
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