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Scot Consultoria

Será que estamos passando pela virada do mercado de bezerros?


Terça-feira, 24 de janeiro de 2012 - 09h51

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Me lembro anos atrás quando o bezerro começou a subir aqui no Mato Grosso do Sul. Me lembro que comentei isso com um amigo que tem fazenda em Goiás. Ele olhou para mim com curiosidade. Me disse que lá ele ainda não estava sentindo isso ocorrer. Lá o bezerro não tinha começado a subir. Isso na época me fez pensar. A gente tende a achar que o que ocorre em um lugar ocorre no outro. Que a pecuária é uma só. Pode até ser única no sentido de que em todos os locais se tem bezerros, garrotes, bois magros, novilhas, vacas, bois gordos, etc., porém o timming de cada região, o jeito dos negócios ocorrerem e os preços relativos das categorias são completamente diferentes um estado do outro. Até mesmo, de uma região para outra dentro do mesmo estado. Interessante foi o que ocorreu depois. Um ano aproximadamente após a conversa com esse meu amigo, conversamos novamente e ele me falou que os preços estavam caindo. Ou seja, naquela ocasião, MS estava adiantado em relação à GO. Não sabemos a razão disto ocorrer, caro leitor. Só sabemos que isso existe e pode ser medido. Sendo assim, respeitamos. Quando me refiro ao timming de cada região, me refiro aos momentos em que os preços dos animais mudam de lado. Aqui, hoje, vamos falar do bezerro. Não sei se estou me fazendo entender, caro leitor. Talvez um gráfico ajude a entender melhor. Observe o preço do bezerro em Mato Grosso do Sul e de outros estados selecionados. Coloquei o gráfico desde 2005 para a gente notar que o bezerro começou a subir em 2006, exatamente no início do ciclo pecuário atual. A alta foi espetacular até 2008, com uma leve pausa entre 2009 e 2010, somente para bater novos picos em 2011. De fato, foram seis anos muito bons para a cria. Coloquei pintado em preto a linha correspondente aos preços dos bezerros em MS. Repare que ele serve como referência do movimento como um todo. Porque estou dizendo isso? Repare na linha pontilhada de 2011 para cá do MS e contraste esse movimento com o que está ocorrendo nos outros estados. Reparou a discrepância? É sutil, mas presente. Os preços do MS nesses últimos anos estiveram no “topo”, por assim dizer, de valorizados. A linha preta sempre estava acima das outras linhas, é o que quero dizer. Em outras palavras, se tinha um bezerro valorizado no Brasil, era em MS. Porém, a música do MS parece estar diferente dos outros estados. Repare a mudança a partir do primeiro semestre do ano passado. O estado do Mato Grosso do Sul parece estar liderando a queda do bezerro por esses últimos meses. É isso que tiro desse gráfico. Pelo menos, é isso que extraio desses últimos meses, pois antes disso, por exemplo, no primeiro semestre a tendência não estava tão aparente. Tivemos um suporte de preços baixos ao redor de 700 reais por cabeça no ano passado em MS. Hoje, depois de quatro meses, estamos testando novamente esse suporte. Abaixo disso no gráfico existe um suporte ao redor de 670 reais. Se romper, caro leitor, bom, se romper daí a coisa muda de figura mesmo. Será que estamos passando pela virada do mercado de bezerros? Claro, os preços ainda estão bons. A conta ainda fecha na cria, porém o sol da alta já passou do meio dia. O ano de 2012 aparentemente trará novidades para esse mercado. E tem mais. Com os custos de produção gritando alto na engorda, também refletem na cria. Com um mercado um pouco menos aquecido em preços, talvez isso dê gás a uma aceleração de abate de fêmeas. Então, sobre isso. Não temos descartes de fêmeas agora, caro leitor. O abate de fêmeas aumentou, mas isso é de se esperar devido ao tamanho da retenção que tivemos. Descarte mesmo é quando o cidadão vende as vacas porque a cria não está dando lucro. Quando isso ocorrer, vai ser fácil identificar. Esse descarte pressiona o boi. O que estamos tendo agora não pressiona ainda. Talvez lá para o segundo semestre, sim, mas não agora, a meu ver.
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