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Scot Consultoria

O consumo poderia ter sido melhor


Segunda-feira, 2 de janeiro de 2012 - 11h02

Zootecnista, formado pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP, Campus de Jaboticabal-SP. Mestre em Administração de Organizações Agroindustriais pela mesma instituição.


As exportações brasileiras de carne bovina em 2011, até o fechamento desta edição, eram 11,0% menores em volume quando comparado a 2010, totalizando 1,6 milhão de toneladas equivalente carcaça (tec). Foi o quarto ano seguido de queda. O câmbio não colaborou com a competitividade das commodities nacionais no mercado externo. O preço médio da tonelada embarcada, considerando a carne in natura, industrializada, salgada, miúdos e tripas, ficou em US$3,17 mil, o maior valor já registrado. Se por um lado, o preço maior leva a redução nos embarques, redução na demanda por animais terminados e isso determine possível diminuição na remuneração do pecuarista, ainda mais em um ano de oferta restrita como o de 2011, o faturamento do setor com o comércio externo cresceu. A receita total com as exportações deve terminar 2011 próximo de US$5,5 milhões. Faturamento recorde. Tratando de mercado externo, o acontecimento relevante do ano, foi o embargo russo a 85 plantas frigoríficas de aves, suínos e bovinos no Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul, no primeiro semestre do ano. Os russos alegaram problemas de qualidade nos processos produtivos. Por mais que as indústrias tenham remanejado parte da carne a ser exportada para outras unidades habilitadas, esse fato pode ter tido influência, mesmo que pequena, no resultado das exportações nacionais, já que a Rússia segue como maior compradora de carne bovina do Brasil. MERCADO INTERNO Segundo estimativas da Scot Consultoria, os abates em 2011, devem terminar com uma redução de 3,4% em relação a 2010, totalizando 41,4 milhões de cabeças e, segundo dados preliminares do IBGE, com aumento na participação de fêmeas. Esse panorama deverá reduzir em 10,0% a disponibilidade interna de carne bovina, ficando entre 7,5 e 8,0 milhões de toneladas, apesar da redução nas exportações. Talvez esse cenário explique o comportamento de preços da carne, que na média geral ficou acima dos valores de 2010, mesmo com a alta expressiva daquele ano que culminou no valor recorde de R$7,27/kg para o boi casado. Figura 1. Apesar disso, no final do ano, entre novembro e dezembro, meses em que sazonalmente há um incremento no consumo e consequentemente uma elevação de preços, o mercado patinou. O traseiro 1x1 de animal castrado, depois de atingir o valor máximo do ano (R$8,90/kg) no início de novembro, não encontrou sustentação e acumulou queda de 6,0% até o final da segunda quinzena de dezembro, período em que os preços deveriam subir. No varejo, na média geral de dezembro, considerando todos os cortes, os preços atuais são 6,0% menores em relação ao mesmo período de 2010. A picanha, por exemplo, está 20,0% mais barata. A demanda enfraquecida, aliás, foi o principal fator baixista para a arroba do boi gordo nos dois últimos meses do ano. No atacado de carne bovina sem osso, entre a última semana de novembro e a primeira semana de dezembro, foram quatro semanas seguidas de mercado em queda, acumulando 6,0% de desvalorização no período. MARGEM DA INDÚSTRIA A margem da indústria em 2011 ficou abaixo do observado no ano anterior. O Equivalente Físico, que determina a receita do frigorífico com a venda de quinze quilos de carcaça, o equivalente a uma arroba, ponderando a participação de traseiro, dianteiro e ponta de agulha, ficou em média a R$94,52. Uma defasagem de 7,0% em relação ao valor pago pela arroba. Em 2010 a defasagem foi de 5,0%. Veja a figura 2. Ou seja, a indústria encontrou dificuldade em repassar os preços ao consumidor. Nos últimos dias do ano, porém, a desvalorização da arroba do boi gordo, aliviou um pouco a pressão sobre a margem da indústria e a diferença entre o valor recebido pela indústria com a venda de carne sem osso mais subprodutos ficou em 30,0%. Este valor está entre os maiores já registrados.
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