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Scot Consultoria

Duas décadas: o que mudou nas exportações mundiais de carne bovina?


Quinta-feira, 29 de dezembro de 2011 - 17h07

Zootecnista pela USP – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA).


Em duas décadas o panorama das exportações mundiais de carne bovina mudou no que diz respeito aos principais exportadores e volume de negócios. Em 1994 as exportações mundiais totalizaram 5,6 milhões de toneladas equivalente carcaça (tec). Em 2010 esse volume foi de 7,7 milhões de tec e a estimativa para 2011 é de que sejam comercializadas 7,9 milhões de tec. Se considerarmos 2011, o volume de carne bovina comercializada globalmente aumentou 41,4% na comparação com 1994. Quem eram os maiores exportadores de carne bovina em 1994? Em 1994, ano de mudanças na economia brasileira, com o início do Plano Real, o Brasil era o sexto exportador de carne bovina. O país exportou naquele ano 312 mil toneladas equivalente carcaça (tec). A União Europeia, que era composta pelos 15 países mais ricos do continente europeu, era a líder do mercado, com 1,2 milhão de tec exportadas ou 21,9% do total comercializado no mundo. O bloco permaneceu como líder nas exportações de carne bovina até 1996. Em segundo lugar aparecia a Austrália, com 1,1 milhão de tec ou 20,5% do total. De 1997 até 2003, a Austrália se manteve como maior exportadora mundial de carne bovina. Na tabela 1 estão os cinco maiores exportadores de carne bovina em 1994. A fatia de mercado dos cinco maiores exportadores de carne bovina, em 1994, era de 70,8%. E hoje? Em 2004 o Brasil assumiu a liderança e se manteve na posição até 2010, quando exportou 20,1% de toda carne bovina comercializada no mundo. Na sequência segundo os números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), apareciam a Austrália e os Estados Unidos, com 17,6% e 13,4% do mercado, respectivamente. Na tabela 2 estão os cinco maiores exportadores de carne bovina em 2010. Comparando a fatia de mercado dos cinco maiores exportadores em 1994 e em 2010, o cenário pouco mudou. Em 1994 esses cinco países detinham 70,8% do mercado e em 2010 este valor passou para 69,7%. Entretanto, individualmente, a coisa mudou. Países que apareciam como grandes exportadores, em 2010 não estão mais entre os maiores. Tabela 3. Os países que mais cresceram foram a Índia, com expansão de 268,7% em relação a 1994, e o Brasil, com aumento de 258,9%. Estes países ocuparam o espaço deixado pela União Europeia, Austrália, Nova Zelândia e Argentina. A Argentina, por exemplo, abateu muitas fêmeas nos últimos anos, o que contribuiu para a diminuição da produção de carne bovina no país e, consequentemente, das exportações. A Austrália passou por problemas climáticos nos últimos dois anos e possui um rebanho de bovinos de corte estagnado. Os Estados Unidos perderam parte do seu mercado em 2004 devido à ocorrência de encefalopatia espongiforme bovina (BSE), o “mal da vaca louca”, mas vem se recuperando e está novamente em crescimento. A desvalorização do dólar aumenta a competitividade da carne norte-americana no mercado. Veja na figura 1 a evolução das exportações de carne bovina do Brasil, da Austrália e dos Estados Unidos. De acordo com as estimativas do USDA a Austrália ultrapassará o Brasil nas exportações de carne bovina em 2011. A valorização do real frente ao dólar complicou as exportações brasileiras em 2011. O embargo russo (principal comprador de carne bovina brasileira) também contribuiu para que o volume das exportações diminuíssem. O que esperar em 2012? É possível que o Brasil volte a liderar as exportações de carne bovina em 2012. Alguns fatores influenciarão positivamente as exportações brasileiras, como: retenção de fêmeas desde 2007 que contribui para o aumento da oferta de animais e, o dólar mais valorizado frente ao real. Entretanto, outros cenários poderão acontecer, como: estímulo do consumo interno e aumento da renda da população, o que poderá tornar o mercado interno mais interessante; estiagem prolongada em 2011 em algumas regiões, diminuindo a disponibilidade de animais para abate; e a crise mundial que pode influenciar negativamente a demanda. Vamos aguardar para conferir!
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