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Scot Consultoria

Cem reais. É um número muito pessimista, neutro ou otimista?


Segunda-feira, 5 de dezembro de 2011 - 16h30

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Fascinante. Simplesmente fascinante a situação atual do bezerro. Logo abaixo, temos o gráfico ponto e figura deste pequeno animal datando de 1954 até hoje. Os preços estão ajustados pela inflação de lá para cá. Agora, por definição este tipo de gráfico não possui a linha do tempo. Possui somente a variação do preço. O “x” marca a arroba subindo e o “o” marca ela caindo. A virada de “x” para “o”, e vice-versa ocorre somente na variação de três quadrados do preço. Agora, por exemplo, repare que marquei a sequência atual de “x” (alta) em amarelo. Saímos do quadrado 430, os preços foram subindo e hoje estamos em 820. Este gráfico é fascinante, pois estamos no ponto de encruzilhada na história dos preços deste pequeno animal. Se romper para cima esta faixa cinza, caro leitor, não há mais limite técnico para a alta. E repare que toda a construção dos preços dos últimos anos sugere, ainda, um mercado firme. Ok... Chega de falar sobre o bezerro. Vamos para o boi. Mas antes, novamente o lembrete. A partir de janeiro, o indicador Esalq/BVMF será publicado livre de impostos. Os contratos futuros de janeiro adiante estão sendo negociados assim. Arroba entre 100~102 reais. Este parece ser o objetivo iminente dos preços, como mostrado neste quadrado laranja ao lado do gráfico seguinte. Bom, pelo menos no que sugere os indicadores técnicos que acompanho. O mercado futuro mostra algo parecido, com o contrato de dezembro oscilando ao redor de R$101,00, à vista, livre de imposto. Parece que o pico de 2011 foi embora? Parece que sim. Os picos de 1994 para cá caíram em sua maioria entre setembro, outubro e novembro. Já estamos em dezembro, e este e janeiro raramente geraram picos, mas podem ocorrer. Quem sabe? O próprio mercado futuro não aposta em novas altas daqui para frente. Veja você, o contrato de janeiro fechou nesta sexta feira ao redor de 99,00 reais. Fevereiro um pouco mais abaixo, ao redor de 96,00 reais. Daí adiante, até maio oscila também ao redor deste patamar. Na média, o mercado futuro coloca a safra com uma arroba ao redor de 97,00 reais. Isso é bom ou ruim? Para efeito de comparação, a média da safra, entre janeiro e maio de 2011 fechou ao redor de 102 reais. A média da safra de 2010 girou ao redor de 78 reais, como você pode ver no gráfico abaixo. Ou seja, 2012 seriam preços um pouquinho abaixo do que tivemos este ano, porém é significativamente melhor que o de dois anos atrás. Obviamente, se fosse somente uma questão de preço de venda, não daria para reclamar. Porém, como sabemos, a venda é somente um lado da moeda. Os custos de produção, incluindo o próprio animal (que é o maior custo) subiram. Estão ainda pressionando para cima, sugerindo que esta ideia de preços para a safra, apesar de bons, não são suficientes para remunerar a atividade. Você poderia me perguntar ao ler isso: “Mas, e o milho? Ele não caiu recentemente? Isso não tira um pouco a pressão destes custos que você sugere acima?” Sim, poderia tirar sim, caro leitor, mas quando fiz os comentários dos custos de produção, levei em consideração também a queda no preço do milho. Veja bem, o milho caindo é ótimo para o boi, correto? Sim, barateia a ração, especialmente em regime de confinamento. Agora, se é bom para o boi, é ótimo para o frango e para o suíno! Então temos que olhar para todos os lados. O maior custo é o valor do próprio animal que está sendo engordado. Este custo, de 2008 para cá, explodiu. E a arroba do boi, apesar de ter subido, não fez frente, até agora, a esta questão. Seguindo em frente, vamos dar uma olhada no mercado interno. Ajustando os preços para novembro, os preços do mercado interno subiram forte até meados de novembro, e a arroba do boi foi junto. Em meados de novembro, o mercado interno deu um “basta”. Não sei se foi o mercado interno que está fraco, ou um jogo de forças entre frigorífico e atacado. O fato é que no pico ao redor de 107 reais, a arroba não conseguiu mais subir. Depois disso, a carne da carcaça e do traseiro veio abaixo, e com eles veio junto os preços da arroba. Atualmente, a situação até se inverteu — o atacado está trabalhando abaixo da arroba, como você pode ver aqui abaixo. O atacado, hoje, com base nos preços de novembro, esperaria uma arroba ao redor de 100,00 reais, à vista, livre de imposto. É mais ou menos o que o mercado futuro está nos indicando, como dissemos no início do texto. Porém, repare que abaixo de 100,00 reais, à vista, as carnes também acharam um piso em curto prazo. Então é isso. Cem reais. É um número muito pessimista, neutro ou otimista? Vamos ver o que este número de três dígitos nos trará para as próximas semanas.
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