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Brasil se compromete no exterior com o sacrifício de seu setor rural


Segunda-feira, 5 de dezembro de 2011 - 15h28

Amazônida, engenheiro agrônomo geomensor, pós-graduado em Gestão Econômica do Meio Ambiente (mestrado) e Geoprocessamento (especialização).


Tem algo muito errado na política externa brasileira. Nossos negociadores tiram números da cartola sem nenhuma noção das consequências. Leio que o governo anda fazendo simulações para estimar as consequências das mudanças no Código Florestal. De acordo com essas simulações a reforma do Código Florestal exigirá a recuperação de 32.400.000 hectares de matas agricultados dentro das propriedades rurais do país. Segundo a agência de notícias a área é 30% maior do que o território do estado de São Paulo. Convertida em emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global, a recuperação dessa área representará, por baixo, quase seis vezes o compromisso de redução de emissões assumido pelo Brasil no exterior. Segundo as contas do secretário nacional de Mudanças Climáticas, Eduardo Assad, a recuperação do déficit de RL levará a um corte de emissão de 8,8 bilhões de toneladas de carbono equivalente. "É um resultado absolutamente extraordinário”, avalia Assad. O cenário com que ele trabalhou leva em conta a recuperação de 2.400.000 hectares. O que o Secretário Assad não diz, o repórter não enxerga, é que essa recuperação será feita sobre áreas que hoje estão ocupadas com agricultura e pecuária. O Brasil está fazendo conta com a recuperação de florestas imposta pelo Código Florestal sem considerar que para que essa recuperação ocorra, o produtor tem antes que arrancar os pés de feijão, de arroz, de soja, o pasto, o milho. Quando o secretário de Mudanças Climáticas fala em recuperar a floresta sequestrando carbono equivalente em 32,4 milhões de hectares o que ele está dizendo é que o Brasil vai destruir 32,4 milhões de hectares de agricultura e pecuária. Nem o secretário Assad, nem o repórter, consideram o custo desta reforma. As florestas não se plantam sozinhas num passe de mágica. É preciso comprar mudas, preparar a terra, abrir covas, adubar, combater formigas, plantar as mudas, conduzir o plantio, combater incêndio. Quem vai pagar isto? O compromisso do Brasil no exterior considera que é o produtor rural brasileiro quem vai ter que arcar com este custo. Afinal, a lei manda, não manda? O produtor que cumpra. Eles assumem estes compromissos assim, num átimo, sem ponderar as consequências, como se fossem factíveis, como se fossem fáceis. Tem algo de muito errado na política externa brasileira.
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