• Sábado, 27 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Na pesquisa, o grande desafio do século XXI: produzir mais alimentos


Quinta-feira, 10 de novembro de 2011 - 18h34

Editor e publisher.


Na edição 32, da DBO Agrotecnologia, set/out 2011, ouvimos cientistas de várias áreas da pesquisa brasileira para saber como a pesquisa dará respostas às necessidades de se aumentar a produção e a produtividade do agronegócio brasileiro. Observe a figura 1. No editorial, registrei o que pensa e o que deveria pensar a pesquisa: A matéria de capa da edição é um convite à reflexão, e isto vale para produtores rurais, pesquisadores, empresários e governantes. Pois há algo errado com o pensamento humano, em termos individuais e mesmo no coletivo. Pelo crescimento ainda de forma descontrolada das populações, e esse é o erro coletivo, a FAO / ONU alertou sobre a necessidade de produzirmos mais alimentos, ao invés de sugerir planos de redução do crescimento demográfico. Enquanto os produtores rurais, para produzir mais alimentos, enfrentam limitações impostas pela natureza – falta de água e de terras férteis – ou pela imprevidência governamental, na ausência de infraestrutura, os cientistas nos dizem quais serão as tecnologias prováveis. Informam que já existem tecnologias, e que elas estão disponíveis, mas falta difundir, e convencer os produtores a usarem essas ferramentas. Ao mesmo tempo, é lamentável assistir-se ao quase desmonte de órgãos centenários de pesquisa – como os Institutos Agronômico de Campinas, Biológico, Zootecnia etc., em São Paulo – pela falta de estímulos aos missionários da ciência. Enquanto isso, alguns pesquisadores informam que trabalham com linhas de pesquisa ainda não referendadas pelos seus pares, e onde não há consenso, como a questão do aquecimento global, por exemplo, já que há divergências cruciais, e outros cientistas negam esse vaticínio. E esses são os erros individuais. Então, é lícito concluir, a pesquisa joga dinheiro público pelo ralo ao pesquisar plantas tolerantes ao estresse hídrico – seria útil a existência de plantas assim, mas não como salvadoras da pátria. Sem tempo para refletir, pesquisadores e humanidade vão em frente, os produtores rurais aguardam soluções. As pessoas fingem que não terão problemas com alimentos no futuro, e os ambientalistas preferem proibir tudo no presente. Marketing da Terra Depois de esmiuçar as previsões dos cientistas na matéria de capa, que poderá ser lida na versão impressa apontamos no Marketing da Terra, nesta edição, uma proposta concreta de como viabilizar-se a difusão dos resultados das pesquisas, a qual transcrevo a seguir: Como difundir as tecnologias geradas pela pesquisa Debateram-se na presente edição, através da matéria de capa, as soluções previstas e recomendadas pelas ciências agronômicas para alavancar caminhos que aumentem a produtividade das lavouras brasileiras de modo a permitir que o Brasil consiga atender ao desafio proposto pela FAO / ONU de dobrarmos nossa produção agropecuária. Um ponto em comum destacou-se entre os pesquisadores entrevistados: falta difusão de tecnologias, especialmente entre a chamada agricultura familiar (AF). Nos dois últimos anos o segmento da AF tornou-se o salvador da pátria para a indústria de tratores e implementos agrícolas, adquirindo tratores a juros baixos. Invariavelmente foi o primeiro trator, e ainda os primeiros implementos. Pois é chegada a hora de levar a esses mesmos produtores, já conhecidos, todos com nome e endereço fornecidos às indústrias, algumas pitadas de tecnologia, que garantam a eles aumentar produção e produtividade e para que possam pagar as dívidas contraídas. A revista DBO Agrotecnologia propõe ao Governo Federal e aos membros do legislativo, Câmara dos Deputados e Senado, independentemente de se aprovar e ressuscitar a EMATER, ora em discussão no Congresso, que se implante um programa social aos moldes do Grupo 4 S (Saúde para Sentir, Saber para Servir), ou Projeto Rondon (os dois programas tiveram amplo sucesso nos anos 1960 a 1980), formado por universitários em final de curso das ciências rurais de todas as faculdades públicas do País, sejam de Agronomia, Veterinária, Zootecnia, Engenharia Florestal e até mesmo de Economia. Seriam os mensageiros das tecnologias básicas a serem transmitidas ao imenso contingente de produtores rurais pertencentes à Agricultura Familiar. Esses estudantes, por 3 ou 4 ou 6 meses cada um, prestariam serviços à sociedade, sem remuneração, mas em pagamento ao curso recebido gratuitamente. Esse tempo, uma espécie de residência, como faz a Medicina, ajudaria os formandos a se preparar melhor para o futuro, como profissionais, mas permitiria também que se difundisse nos mais longínquos rincões deste País, o conhecimento mais moderno, novas técnicas de plantar e criar, proporcionando uma melhoria excepcional da produção de alimentos básicos como milho, feijão, arroz, mandioca, e ainda hortifrutis em geral. Como benefício adicional ter-se-ia o crescimento da renda média dos produtores rurais enquadrados na AF. E, óbvio, pela ascensão social e econômica, tornar-se-ão consumidores não apenas de mais insumos e de novas tecnologias, mas usuários de produtos tipicamente urbanos, como eletrodomésticos, automóveis, roupas, móveis etc., ampliando e fortalecendo o excepcional mercado brasileiro de consumidores. Como já vimos no passado recente, uma garantia contra as crises econômicas que se desenham no mundo além da fronteira. Inúmeros profissionais das ciências agrícolas, hoje em vias de se aposentar, ou já aposentados, passaram pelos programas do Clube 4 S ou do Projeto Rondon. Guardam com carinho na memória, ainda hoje, as gratificantes vitórias conquistadas, sem contar a alegria de participarem, como jovens, da primeira aventura pré-profissional de transmitir os ensinamentos recebidos. Adicionalmente, um programa como este que propomos, poderá ser “administrado” até mesmo pela futura Emater que agora se pretende reativar, para levar assistência técnica a todos os produtores rurais. Mas pode se tornar altamente produtivo se for feito de forma estrategicamente inteligente, e ainda reduzir o gigantismo de mais uma estatal que, por falta de salários condizentes, se torne apenas mais um cabide de empregos de eternos insatisfeitos. Os custos são quase zero: estudantes não remunerados viajam para outros estados pelos aviões da FAB, hospedam-se nas residências dos próprios produtores, em escolas agrícolas, ou em indicações da prefeitura. Os benefícios seriam enormes! Com a palavra os senhores legisladores e os nossos dignos governantes.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja