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Scot Consultoria

Ambientalistas de Vênus podem entender ruralistas marcianos


Segunda-feira, 5 de setembro de 2011 - 10h53

Amazônida, engenheiro agrônomo geomensor, pós-graduado em Gestão Econômica do Meio Ambiente (mestrado) e Geoprocessamento (especialização).


Há umas duas semanas assisti um seminário em Paragominas financiado pelo Fundo Vale com a participação de ruralistas e ambientalistas. Em um determinado momento o biólogo, professor e ambientalista Ricardo Rodrigues, da Esalq, fez uma palestra sobre um projeto que ele vem desenvolvendo em Paragominas junto com os ruralistas. A equipe de professor Ricardo Rodrigues entra nas fazendas dos ruralistas, com a anuência destes, e faz um diagnóstico preciso da situação ambiental dos imóveis. Com este diagnóstico em mãos a turma do professor traça estratégias de adequação das imóveis à lei ambiental. O ambientalista Ricardo Rodrigues apresentou vários dos diagnósticos que fez até agora de imóveis rurais no município de Paragominas. Em todos os imóveis apresentados por Rodrigues, a área explorada em desacordo com o Código Florestal era superior a 10%. O ambientalista Ricardo Rodrigues apresentou os números surpreso e empolgado. Segundo ele o problema das fazendas de Paragominas é pequeno e muito mais fácil de ser solucionado do que ele jamais havia imaginado. Eu ouvi os ambientalistas dizerem isto e fiquei sorrindo lá fundo do auditório. Menos de cinco anos atrás quando um ambientalista e/ou fiscal do Ibama, ou emepéio do Ministério Público, entrava nas mesmas fazendas e encontrava os mesmos problemas inferiores a 10% da área imóvel, ele multava, difamava na imprensa, embargava, e promovia todo tipo de achaque ao produtor rural. Repare o leitor que o problema é exatamente o mesmo: menor do que 10% das áreas estudadas até agora. Mas ontem os ambientalistas atacavam, multavam e embargavam os produtores rurais e hoje eles trabalham juntos para resolver o problema. Sabe onde está a diferença? A diferença está no soldo. O município de Paragominas, cheio de royalties pagos por uma mina de bauxita, seus produtores rurais e a Vale S.A., que está plantando eucalipto e dendê na Amazônia através no Programa Vale Florestar, assinaram diversos termos de cooperação com ONGs ambientalistas e universidades. Através desses termos de cooperação as entidades bombeiam vastas somas de dinheiro para os ambientalistas, que atacavam os produtores rurais e o município. O resultado imediato é que os ambientalistas param de atacar, de embargar, de achacar e de difamar os produtores rurais e passam a fazer o contrário, elogiar, desembargar, construir parcerias e procurar caminhos convergentes. Ambientalistas venusianos podem entender ruralistas marcianos se forem pagos para isso. Os americanos chamam isso greenwashing. Em tradução livre o termo significa "Demão de Verde", que é título de um livro interessante escrito pela jornalista canadense Elaine Dewar e que explica e exemplifica bem o fenômeno. Enquanto você lê este texto, há diversas ONGs construindo "pesquisas" para criarem ou ressaltarem problemas ambientais para depois oferecerem o silêncio ou parcerias para a solução dos mesmos problemas criados ou ressaltados em troca de um gordo "termo de cooperação". Enquanto isso, problemas ambientais sérios como saneamento básico, efetivação de unidades de conservação, despoluição de rios, fome na Somália, ficam de fora da pauta das grandes ONGs porque não há quem pague por eles. Antigamente, houve nos Estados Unidos um fenômeno social parecido. Grupos, em geral recortados por etnias, entravam em estabelecimentos comerciais em um determinado bairro e solicitavam gentilmente um pagamento semanal em troca de segurança. Aqueles comerciantes que decidiam não pagar a taxa tinham seu estabelecimento depredado pelo mesmo grupo e eram assim convencidos a dar sua cota. O nome que a sociedade americana deu para isso foi máfia. Era crime e foi duramente perseguido pela polícia e pelos jornais. O nome que nós damos a isso no Brasil é ambientalismo e nem a polícia, nem os jornais perseguem.
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