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Scot Consultoria

Crise saiu do setor privado e foi para o setor público


Terça-feira, 16 de agosto de 2011 - 12h11

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


Desde o ano passado, analisando a lenta recuperação americana e seu desajuste fiscal, havia enorme dúvida se a economia dos Estados Unidos recuperaria ou teria um duplo mergulho, ou seja, uma nova recessão. O desempenho em W, isto é, a economia entrou em recessão, recuperou, mas entraria em nova recessão para depois se recuperar, era o grande temor mundial. De certa maneira essas dúvidas se tornam realidades no lado pior: a nova recessão. Escrevi vários artigos indicando que um dos cenários possível seria este comportamento. O atual momento da economia americana é uma consequência da crise de 2008/2009. Naquele momento a crise se instalou no setor privado, o qual foi socorrido pelo setor público. Agora quem está no centro do problema é o setor público. Os desajustes fiscais, não somente dos Estados Unidos, como da Europa como todo, não foram equacionados. Socorrerem empresas privadas e não fizeram a lição de casa. Pagam agora o preço por este desarranjo. Os Estados Unidos, em particular, pagam um preço adicional: o decepcionante Obama perdeu maioria no congresso americano e a crise tem contornos políticos. É o pior dos mundos: ter que fazer ajustes e não obter a solidariedade do congresso para aprovar seus necessários ajustes. E o Brasil? Considerando que o governo brasileiro saiu da crise rapidamente e que o socorro ao setor privado foi segmentado e em dimensões menores do que o resto do mundo, não houve grande sangria internamente. Isso não quer dizer que há plena imunidade. Há maior proteção, mas não fizemos todas as lições de casa. Os gastos públicos cresceram consideravelmente nestes últimos anos. O governo da Dilma vive um inferno astral com denúncias de corrupção de toda ordem. De qualquer maneira o volume de reservas internacionais é confortável, bem como os valores represados referentes ao compulsório bancário. Isso sem falar no poder que o governo tem em suas mãos no sentido de promover eventuais desonerações fiscais, as quais já foram utilizadas no início da crise internacional. Outro desafio brasileiro é manter a inflação no centro da meta com crescimento econômico. Enfim, nova crise, novos temores, mas com uma certeza: os instrumentos de controle da economia são sobejamente conhecidos, será muita incompetência não utilizá-los em sua plenitude. A crise saiu do setor privado e se instalou no setor público.
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