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Scot Consultoria

Alimentação correta de vacas leiteiras em produção


Sexta-feira, 1 de julho de 2011 - 18h22

Engenheiro agrônomo, doutor em produção animal e pesquisador científico/APTA Colina-SP.


A atual situação econômica da cadeia produtiva do leite exige que os produtores realizem todas as atividades no sistema de produção com máxima eficiência, para manter a rentabilidade e permanecer na atividade. Os técnicos e produtores sabem que as vacas leiteiras produzem mais e melhor se submetidas a dietas balanceadas corretamente. O ponto crucial é não deixar de existir a preocupação de se fornecer alimentos de qualidade e em quantidade suficiente para todo o rebanho o ano todo. Por outro lado, se houver produtores que admitem com naturalidade que, na época seca do ano, o animal perde peso, consumindo suas reservas corporais para se manter vivo, emagrecendo rapidamente, não há como se falar em rentabilidade na atividade leiteira. Mesmo uma vaca estando bem nutrida, livre de enfermidades e com infestações de parasitos controladas, poderá não expressar todo seu potencial de produção, caso o ambiente não lhe ofereça conforto. Por conforto entende-se um local seco e limpo para repousar, sombreado e arejado, com ponto de água de qualidade o mais próximo possível e de fácil acesso. No entanto, na maioria das propriedades no Brasil Central, a pecuária leiteira permanece com baixa produção de leite por animal. Existem diversos fatores que justificam este resultado, tais como: a falta de genética adequada para produção de leite, ou seja, em grande parte das propriedades situadas no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil ainda é frequente a ordenha de animais com fração genética zebuína superior a 50%; o intervalo de partos próximo de 19 meses e em consequência a alta proporção de vacas não lactantes, quase sempre entre 30 e 50% do rebanho adulto, o que parecem indicar que a subnutrição é o maior problema. “Mesmo uma vaca estando bem nutrida, livre de enfermidades e com infestações de parasitos controladas, poderá não expressar todo seu potencial de produção, caso o ambiente não lhe ofereça conforto.” Neste sentido, a alimentação em quantidade e qualidade no rebanho explorado nestas regiões na maioria das vezes não é suficiente para suprir a demanda nutricional das vacas, que são submetidas à estacionalidade da produção forrageira e seguem a mesma rotina: no período das águas produzem mais leite e no período das secas quando não suplementadas corretamente atingem índices produtivos e reprodutivos insatisfatórios. A maior produção de leite no período das águas ocorre, muito provavelmente, em virtude do maior aporte de nutrientes aos animais (Figura 1). Esta constatação é bastante curiosa considerando-se que o maior custo alimentar por vaca por dia ocorre na época da seca, visto que acima de 80% dos produtores, qualquer que seja o volume diário de produção de leite, utiliza alimentos concentrados. Outro fato interessante é que menos de 30% dos pequenos produtores suplementam as vacas com concentrados na época das águas. Por outro lado, mais de 70% dos produtores com volume diário de produção acima de 250 litros mantêm o uso de grãos e subprodutos agroindustriais no período das águas. Na maioria dos sistemas de produção, os fatos mencionados acima parecem indicar que o recurso forrageiro disponível na época da seca suplementada com concentrados é pior nutricionalmente que a pastagem da época das águas manejada extensivamente. Vale ressaltar que o maior limitante nutricional da produtividade ainda ocorre na seca e os técnicos e produtores devem ficar atentos e buscar a eficiência máxima na conservação e utilização destes recursos forrageiros, proporcionando a melhoria da eficiência na atividade leiteira. Mesmo com as deficiências levantadas anteriormente cerca de 90% dos produtores de leite adotam alguma suplementação com forrageiras na seca. A maioria dos produtores parece estar ciente da estacionalidade na produção de forragens. A baixa produção seca do ano (Figura 2) parece ser resultado da baixa oferta e qualidade de suplementação forrageira, em muitos casos, suplementada de maneira tecnicamente incorreta com concentrados. Vale ressaltar que somente 30% dos pequenos produtores têm fornecido concentrados proporcionalmente à produção do animal. Nosso produtor optou pela estratégia de baixo risco financeiro e de necessidade mínima de tempo de trabalho na produção de forragens acoplada à compra de concentrados na seca, quando o leite é mais bem remunerado ao invés de investir em fertilidade e manejo de solo para obter forrageiras de qualidade e com alta produtividade. A consequência desta mentalidade foi à disseminação do uso de algumas espécies forrageiras colhidas uma vez por ano durante a seca, péssima nutricionalmente, mas de risco baixo. * Outro fator importante, mesmo aqueles que utilizam concentrados nas dietas das vacas leiteiras, realizam de forma errada, principalmente na composição e consequentemente no custo. Para isso é preciso investir. Tanto melhor é a ração quanto maior o número de ingredientes e maior a capacidade de adquirir componentes certificados e baratos. A homogeneidade dos subprodutos é outra questão delicada, pois seus teores variam muito. O caroço de algodão, por exemplo, se estiver muito úmido, apresenta problemas de armazenagem. Com tudo isso, o proprietário rural tem que pensar que quando opta por formular as rações na fazenda aumenta sua responsabilidade. “... o proprietário rural tem que pensar que quando opta por formular as rações na fazenda aumenta sua responsabilidade.” Neste sentido, se o produtor de leite entender os quatro fatores que influenciam as necessidades nutricionais (produção de leite, componentes do leite, ingestão de matéria seca e perda de peso), várias fases de alimentação podem ser desenvolvidas, ou seja, agrupamento dos animais, pelo menos, de acordo com a produção e a condição corporal. Na prática o produtor pode não necessitar de todas, mas precisará gerenciar as mudanças economicamente (considerando produção de leite versus custo de produção). Se o mesmo conseguir “controlar” a transição dos programas de alimentação, problemas metabólicos podem ser minimizados e a produção de leite otimizada. A escolha do sistema de alimentação deve servir a essas exigências nutricionais identificadas, em cada caso específico. Se estas técnicas forem aplicadas corretamente, as vantagens na atividade leiteira serão evidentes, tais como: equilíbrio na condição corporal, melhora da produtividade, melhor eficiência reprodutiva e, consequentemente, redução do custo por litro de leite produzido por hectare.
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