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Scot Consultoria

Por uma política externa de longo prazo


Segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011 - 13h12

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


Brasil iniciou o ano amargando déficit no saldo de transações correntes: US$5,409 bilhões. Este resultado é apurado levando em conta o saldo da balança comercial (exportações menos importações de mercadorias), ainda o saldo da balança de serviços (pagamento de juros, remessa de dividendos, pagamento de royalties, fretes e etc.) e o saldo das transferências unilaterais (donativos, entre outros). No final do ano estimava-se um déficit na ordem de US$50 bilhões para o ano fechado de 2011. Para janeiro o número previsto era de US$5,5 bilhões, ou seja, o resultado de janeiro atingiu a péssima marca esperada. Em janeiro do ano passado o déficit foi de US$3,821 bilhões. Este janeiro foi o pior janeiro desde 1947. O saldo negativo em transações correntes demonstra o enfraquecimento da balança comercial. O país teve um pífio superávit de US$424 milhões. Além deste resultado ruim na balança comercial, a balança de serviços apresentou acentuado déficit: US$6,021 bilhões. O ano passado o déficit foi de US$3,924 bilhões. A boa notícia veio do investimento direto, aquele que ingressa no país para o setor produtivo: US$2,956 bilhões, acima dos US$2 bilhões previstos pelo Banco Central. Não é de hoje que o setor externo brasileiro não vem bem. A cotação do dólar não se realinha, quer porque o país atrai um volume expressivo de capital estrangeiro, principalmente para especulação, à medida que o Brasil pratica a maior taxa de juros do planeta, quer porque há um enfraquecimento da moeda norte-americana em nível mundial. As ações do Banco Central no câmbio têm sido inócuas e a cotação não atinge um patamar que permita potencializar o saldo positivo da balança comercial. Além do enfraquecimento da balança comercial o país paga um preço elevado pela internacionalização de seu mercado. Investimentos estrangeiros no setor produtivo são bem-vindos, mas em determinado momento são devolvidos aos seus países de origem via pagamento de dividendos. Na prática falta uma política externa de longo prazo. Não se observa estratégia para substituir importações, tendo ainda uma pauta de exportação frágil, com produtos facilmente encontrados em outros países, sem valor agregado que permita aumentar a competitividade internacional. Com fragilidades internas, principalmente no que se refere ao controle dos preços, que invariavelmente se dá a custas de política monetária restritiva, com juros exorbitantes, o país, mesmo possuindo reversas cambiais confortáveis, não garante a necessária poupança externa. O pior é que política cambial brasileira entrou em uma fase que, se houver ajuste acentuado no câmbio, elevando sua cotação, haverá comprometimento do controle de preços, posto que a inflação está se distanciando do centro da meta fixada pelo Banco Central, ou seja, 4,5% para este ano. Se mantiver o câmbio como está atualmente, fragiliza as contas externas. É como se estivesse enxugando gelo. Tarefa inglória. Considerando que o atual governo tem demonstrado que enfrentará os desafios matando os problemas na origem, o que se espera é que haja uma política externa que, se não resolver os problemas imediatos, ao menos construirá uma política de longo prazo, colhendo seus resultados, como ocorreu em outros países emergentes, nos próximos anos. Reservas cambiais confortáveis servem também para isso. Os números passados não servem para lamentar o que não foi feito e sim para estabelecer estratégias de como resolver os problemas no futuro. Por uma política externa de longo prazo, consistente!
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