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Scot Consultoria

Cara de pau verde


Segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011 - 14h49

Amazônida, engenheiro agrônomo geomensor, pós-graduado em Gestão Econômica do Meio Ambiente (mestrado) e Geoprocessamento (especialização).


Um novo "estudo", cujas conclusões foram encomendadas pelo WWF-Brasil, conclui que os produtores rurais brasileiros devem arcar com o custo do cumprimento das metas assumidas pelo Brasil em outubro passado, na Convenção de Biodiversidade da ONU, realizada em Nagoya, no Japão. O "raciocínio" da ONG é o seguinte: Há no país pelo menos 17 milhões de hectares que descumprem as premissas do atual Código Florestal e devem ser recuperados pelos produtores rurais. São as APPs (áreas de preservação permanente) e de reservas legais (RL) dentro das propriedades rurais. A ONG espera que os produtores rurais sejam obrigados a recuperar com recursos próprios o déficit de APP e RL para que o país possa cumprir os compromissos ambientais assumidos. Segundo Cláudio Maretti, superintendente de conservação do WWF-Brasil, "o principal desafio hoje para a recuperação da Mata Atlântica é reverter a proposta de mudança no Código Florestal. Se isso ocorrer, como querem entidades ligadas ao agronegócio, não cumpriremos a meta firmada em Nagoya de proteger 17% do bioma até 2020". O que a ONG não diz é que esses "17 milhões de hectares que descumprem o Código Florestal" são hoje áreas agrícolas, de onde vêm a produção das commodities que sustentam a balança de pagamentos do país e cuja competitividade incomoda o pessoal que paga o salário de Maretti e que financiou o estudo. Sem as cortinas de fumaça, o que o WWF está propondo é que o Brasil obrigue seus produtores rurais a usar recursos próprios para minar a própria competitividade, destruindo parte de sua área agrícola para plantar florestas. É muita cara de pau, é ou não é? O que mais impressiona é que eles arranjam um jeito de fazer o brasileiro urbano acreditar nessas cretinices. Veja, por exemplo, a forma como a jornalista de O Estado de São Paulo deu a notícia: Mata Atlântica tem 80% de sua área em terras privadas. O jornalista que escreveu essa matéria para o Estadão aceitou como verdade aquilo que o pessoal do WWF disse e apenas repercutiu. Não houve investigação, o jornalista se absteve de pensar sobre o assunto que conhece apenas superficialmente. O ambientalismo se aproveita dessa confiança cega da mídia e quem perde com isso é a sociedade. Um jornalista que não pensa não é livre. É usado, manipulado por interesses que não são os da sociedade. A imprensa que luta pela liberdade de expressão não deveria se deixar manipular tão facilmente.
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