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Scot Consultoria

Como produzir leite com eficiência a pasto


Quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011 - 17h05

Engenheiro agrônomo, doutor em produção animal e pesquisador científico/APTA Colina-SP.


A atividade leiteira é conhecida como um negócio de margens de lucro reduzidas e somente aqueles que conseguirem diminuir os custos de produção e aumentar o volume de leite comercializado é que conseguirão ficar na atividade. Nos sistemas de produção de leite que utilizam racionalmente a pastagem como fonte principal na alimentação ou que utilizam quantidades moderadas de concentrados em épocas estratégicas são considerados os mais viáveis, em termos econômicos, com o manejo correto dos solos e a adequação da tecnologia às condições climáticas, que possam permitir a produção de forragem de qualidade e em quantidade para grande parte do ano. Se necessário utilizar outras tecnologias (suplementação com volumosos e irrigação), torna a produção de leite a pasto uma das atividades mais competitivas sobre o uso da terra. No entanto, em geral, a resposta produtiva ao concentrado tem variado de 0,5kg a 1,5kg de leite/kg de concentrado, em razão da disponibilidade e qualidade da forragem, qualidade genética e estágio de lactação do animal. Para situações de baixa resposta produtiva, a suplementação em pastagem só é economicamente recomendável quando o preço do leite excede pelo menos duas vezes o preço do concentrado. Deste modo, nos sistemas de produção de leite a pasto, a qualidade da forragem tem grande importância. Com relação ao valor nutricional das forrageiras tropicais que são mais utilizadas em regime de lotação intermitente, apesar de seu grande potencial de produção, em muitos casos apresentam baixo valor nutricional (energia e proteína). Atualmente, o conhecimento tecnológico disponível tem permitido aos produtores e técnicos o aprimoramento das práticas de manejo de pastagem, possibilitando a produção de forragens tropicais de muito boa qualidade. Recentemente, diversos resultados de pesquisas científicas e dados coletados em propriedades comerciais têm demonstrado que as pastagens tropicais, no Brasil Central, quando manejadas corretamente, produzem forragem com elevados níveis proteicos (12% a 22% de proteína bruta - PB) e energéticos (58% a 65% de nutrientes digestíveis totais – NDT). Muitas vezes estes valores são negligenciados pela maioria dos produtores e profissionais da área no balanceamento da dieta, pois a composição do suplemento terá como base a oferta e a qualidade da forragem. Vale ressaltar que a composição bromatológica não deve ser utilizada isoladamente como parâmetro na determinação da qualidade da forrageira, devem ser observados também, fatores como a idade da planta e as estratégias de adubação, pois as mesmas influenciam qualitativamente as características nutricionais do material ofertado aos animais. Segundo o NRC (2001), as plantas forrageiras tropicais podem apresentar de 56% a 65% de fibra em detergente neutro (FDN), 13% a 22% de PB, 2% de extrato etéreo e somente 3% a 21% de carboidratos não fibrosos (CNF). Os baixos níveis de CNF limitam o uso de grande parte da fração degradável da PB no rúmen e, consequentemente, a produção animal. Deste modo, a ingestão de energia é o principal fator que limita a produção de leite em pastagens de gramíneas tropicais adubadas com nitrogênio (N), como no caso de sistemas mais intensificados de produção a pasto, sendo que, neste caso, os produtores devem dar maior ênfase à suplementação energética na dieta dos animais. Esta realidade mostra a possibilidade de redução dos custos na suplementação concentrada de vacas em produção, principalmente pela utilização de suplementos energéticos, que na maioria das vezes, dispensa ou minimiza a utilização de suplementos proteicos que são de custos mais elevados. Na prática, geralmente os produtores dão ênfase aos elevados níveis proteícos dos concentrados comerciais, negligenciando sobremaneira a proteína bruta (PB) da forragem e o fornecimento adequado de fontes energéticas, uma vez que em pastagens bem manejadas é possível obter valores de PB superiores a 20%. Neste sentido, o fornecimento adequado de energia e o balanceamento correto da dieta em proteína, além do impacto produtivo, é preciso levar em conta que os suplementos proteicos representam parcela considerável dos custos das dietas para vacas em lactação. No Brasil, as empresas do setor de nutrição animal geralmente comercializam concentrados com níveis de 16% a 24% de PB, na matéria natural, para vacas em lactação mantidas em regime de pastagens tropicais. Estes valores de PB justificam-se somente em condições de pastagens mal manejadas, com níveis baixos de PB ou no caso de vacas no início de lactação, com produções de leite acima de 30kg/vaca/dia. Em muitos casos dependendo do nível de PB da forragem, produções de até 29kg de leite/vaca/dia, podem ser obtidas com suplementação exclusiva de fonte energética, como por exemplo, o milho, acrescido de fonte de macro e microelementos minerais, reduzindo assim, o custo por quilo de leite produzido. Além disso, a utilização de concentrados com níveis excessivos de PB resulta em teores maiores de Nitrogênio-uréico no plasma e no leite, o que pode prejudicar o desempenho reprodutivo das vacas e aumentar significativamente os requerimentos energéticos dos animais, pois são necessárias cerca de 13,3kcal de energia digestível para excretar um grama de N. Vale ressaltar ainda, que os suplementos proteicos são mais caros e a grande quantidade de N excretado pode gerar impacto negativo no meio ambiente. Então, os produtores e técnicos têm a sua disposição uma ferramenta de grande valia para avaliar a adequação proteica de dietas ingeridas por vacas leiteiras: o monitoramento de valores de Nitrogênio-uréico do leite, que variam em função do estágio de lactação e da produção de leite. Final Diante do exposto, fica evidente que os produtores de leite devem tomar o rumo para serem cada vez mais competitivos e obterem maior rentabilidade na atividade. Para tanto, deve-se buscar informações com profissionais especializados em sistema de produção de leite a pasto, com o objetivo de aumentar a eficiência de produção.
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