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Scot Consultoria

Com quantas tapioquinhas se sedimenta um preconceito?


Quinta-feira, 27 de janeiro de 2011 - 16h31

Amazônida, engenheiro agrônomo geomensor, pós-graduado em Gestão Econômica do Meio Ambiente (mestrado) e Geoprocessamento (especialização).


Imagine que você é um brasileiro estudante de filosofia e está em Paris trabalhando numa tese sobre a forma peculiar de construção lógica de Ignancy Sachs. Você para num café e pede um croissant. Daí você olha no guardanapo e está escrito em francês: Salve a Amazônia, queime um brasileiro. Well, depois de comer o croissant você pode sair de lá escandalizado dizendo para todo mundo que foi ameaçado de morte por um francês fascista, ou você pode pensar a respeito. Os brasileiros estavam mesmo queimando a Amazônia, logo, é natural que um francês imagine que queimar um brasileiro é um atalho para se salvar a Amazônia, o planeta e o próprio rabo. A frase do guardanapo é uma frase de efeito que resume muita coisa. Agora, imagine que você é um amazônida que veio para Altamira incentivado pelo governo brasileiro nos anos 70. O governo te pediu para vir, te deu terra, te mandou desmatar tua terra, te pagou pra isso e, de repente, não mais que de repente, chega uma garotada de mãos finas, que passaram poucos perrengues na vida e começam a te tratar como criminoso. O ambientalismo desembarcou na Amazônia e tratou de asfixiar a economia predatória que achou aqui, o que não deixa de ser uma forma metafórica de se queimar alguém. Mas, por outro lado, o ambientalismo não sabe como construir a nova economia verde. O resultado dessa inconsequência é salvar florestas tolhendo e oprimindo o povo. O mesmo povo que veio para a Amazônia num momento em que a visão do homem e da humanidade sobre desmatar era totalmente diferente da visão que o homem e a humanidade têm hoje. O ambientalismo vem oprimindo e violentando o povo da Amazônia em nome da salvação da floresta. Isso, na minha leitura, é uma forma canalha de se fazer o bem. Todos os tiranos do planeta arranjaram uma forma de justificar, de tornar moral, a opressão que imprimiram a esse ou aquele povo. Uma frase de efeito é sempre uma frase de efeito. Mas, se você lê numa cidade da Amazônia a frase: “Salve um amazônida, queime um ambientalista”. Você pode se sentir um grande herói ameaçado e sair por aí, desvairado, dizendo que te ameaçaram de morte em Paris ou na Amazônia. É sempre mais divertido e mais simples. Mas você pode pensar sobre isso.
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