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Scot Consultoria

Câmbio, juros, inflação e as represas que transbordam


Segunda-feira, 24 de janeiro de 2011 - 15h40

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


A taxa de câmbio no Brasil não decola. Mesmo com inúmeras ações na direção de forçar a elevação do preço da moeda norte-americana, o que se observa é um dólar oscilando em torno de R$1,70. Há uma grande preocupação com balança comercial à medida que os exportadores brasileiros sofrem pressão pelo aumento dos custos internos e não conseguem mais reais por cada dólar exportado. Em outras palavras: passaram do limite no tocante a enxugamento de custos e ganhos em produtividade. A falta de margem para manter exportações tem derrubado o saldo comercial brasileiro, que observa, no sentido contrário, um aumento no volume de importações. Com isso a previsão de um déficit na ordem de US$50 bilhões em transações correntes para este ano deve se concretizar. Na outra ponta está a preocupação com a inflação. O governo brasileiro age no câmbio, mas está de olho no controle dos preços. Uma das formas de controlar a inflação é segurar a demanda doméstica através de política monetária restritiva. Entre as medidas adotadas está a manutenção de juros altos. Juros altos são capazes de derrubar preços internamente, mas se apresentam como mais um ingrediente para atração do capital estrangeiro. Mais capital estrangeiro ingressando no país a cotação do dólar fica baixa, gerando um ciclo vicioso estabelecendo uma verdadeira luta diária entre o Banco Central do Brasil e o mercado. Do ponto de vista da inflação, e somente neste ponto de vista, um dólar barato ajuda a segurar os preços. Trazendo produtos importados mais baratos se estabelece uma nova referência de preços por comparação e a inflação é controlada mais facilmente. Observaram as amarras? Tudo isso porque o governo foi incapaz até o presente momento de atacar as causas do problema, sendo a mais séria o exagero nos gastos públicos. Só para exemplificar, no ano passado o governo Lula aumentou os gastos em custeio na ordem de R$98 bilhões, dos quais, praticamente 90% foram canalizados para os salários do funcionalismo público. São gastos que não têm volta, gerando necessidades adicionais de arrecadação por parte do governo. Com um novo governo, mesmo se apresentando como continuidade do governo anterior, gera-se a expectativa que as causas sejam atacadas e que seja minimizada a necessidade de amarrar o setor privado com juros elevados e carga tributária excessiva para controlar os preços. Semelhante as represas que ficam no limite nessa época de chuvas e, em determinado momento transbordam, monitorar a economia atacando somente as conseqüências do problema pode levar o país a não sustentar seu crescimento, penalizando a sociedade como um todo. Como já colocado, com novo governo espera-se nova prática.
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