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Scot Consultoria

Câmbio, gastos públicos e as “pérolas” do ministro Mantega


Segunda-feira, 1 de novembro de 2010 - 14h47

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


Que o mercado não guarda amores pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega, é fato. Também é fato que o que ele fala não produz mais nenhum efeito prático na economia. Esta semana, contrariando a lógica da teoria econômica, o Ministro veio a público dizer que os gastos públicos não geram inflação e que o governo mantém juros elevados por outros motivos, que não o excesso de gastos do setor público. O Ministro se esquece que especificamente no Brasil os gastos públicos potencializam o consumo. O atual e gastador governo aumentou os gastos em custeio, exagerou nas nomeações de cargos de confiança, reajustou salários, aposentadorias, ampliou benefícios sociais, entre outros (isso sem falar nos desvios). Na outra ponta fica o Banco Central monitorando a inflação. Para ilustrar o que isso significa, é como se tivéssemos um limitado espaço e este deveria ser compartilhado pelo setor público e privado. Toda vez que o governo gasta muito ele precisa ocupar mais espaço. Como o espaço não se amplia, vem o Banco Central aumentando os juros e com isso encolhe o tamanho do setor privado, travando a economia. Esta tem sido a prática do atual governo. Se esse erro de avaliação do Ministro não bastasse, os juros elevados, além de limitar o setor privado porque o governo é gastador, também atrai o capital estrangeiro, derrubando a cotação do dólar, prejudicando novamente o setor privado, agora com redução da exportação. Para mascarar as contas públicas se valem de artifícios contábeis. Foi o que aconteceu com o resultado primário do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central, Previdência e Estatais) que apresentou superávit de R$26,1 bilhões. Este valor é apurado antes do pagamento dos juros da dívida do governo. Utilizaram a capitalização recente da Petrobras para potencializar o resultado, caso contrário teriam apresentado déficit. A busca de recursos pela Petrobras junto ao público rendeu R$31,9 bilhões. Jogada contábil, pois os gastos em custeio, para manter a máquina, só cresce. Esta maneira de conduzir as contas públicas, com sofismas e artifícios contábeis, em nada contribui para resolver a questão central do problema: gastos ruins forçam maior tributação, que forçam maiores juros, que tiram toda a força competitiva do setor privado. Quem sabe após as eleições isso tudo possa ser tratado de maneira mais transparente, por enquanto vamos guardar na galeria das “pérolas” os pronunciamentos do Ministro Mantega.
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