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Segunda-feira, 4 de outubro de 2010 - 15h46

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Rogério, hoje passei algum tempinho refletindo o gráfico do indicador, em cima da seguinte questão: normalmente a arroba tem dois picos de alta na entressafra e normalmente o 2º é maior que o primeiro, e cheguei à humilde conclusão, a arroba praticamente não caiu na entressafra, o que acha? Será que essas pequenas quedas diárias, que nem chegam a uma semana, podem ser consideradas como baixa? Ou teremos um esfriamento do mercado com a entrada de animais confinados e depois mais um pool de alta? Será que o boi tem espaço para ir mais além? Muito obrigado e mais uma vez, parabéns pela carta! Bom “fds”. Júnior. Resposta: Acontece do indicador ter dois picos de alta na entressafra sim. Nem sempre isso é verdade, mas acontece. Não sei se esse ano irá ocorrer dois picos. O boi tem espaço para ir além do que foi, mas falta perguntar para o mercado consumidor se ele vai aceitar a alta. Rogério, você pediu nossa opinião sobre 2011. Meu sentimento para 2011: falta boi nas águas (final de 2010 e início de 2011), pois não tem boi gordo a pasto, é ano de La Niña, etc... Mas que não falta na seca do ano que vem. Com estes preços de agora e a mania do produtor de pensar sua atividade olhando os preços pelo retrovisor e não para o pára-brisa, todo mundo vai querer confinar o ano que vem... O abate de fêmeas ainda não fará efeito sobre preço. Neste sentido, é bastante importante a fixação de preços na BM&F para 2011. Tenho falado o mesmo que você: sinto-me como um estudante nas últimas duas semanas de aulas, com a certeza de que foi bem nas provas e está aprovado. Estou pensando em tirar umas férias, pois já vendi a boiada toda de 2010 neste pico de preços de setembro e acho que estou com o dever cumprido. Meu foco há umas três semanas passou a ser 2011. Grato, Med.Vet. Rodrigo Albuquerque, Fazenda Buritis & Marca - José Adriano Martins. Resposta: Acho que agora temos que olhar mesmo para 2011 com olhos de se fechar negócio. Só acho que é hora de começar a olhar. O timming da coisa talvez seja um pouco precipitado, a meu ver. Rogerio, Bom dia! Parabéns pelo trabalho e gosto muito da maneira como escreve. Sou de São José do Rio Preto, mas com a maioria do rebanho no estado do Mato Grosso, mas exatamente no Xingu. Observei e concordo com suas posições sobre o bezerro, acredito que teremos uma safra melhor para reposição, mas devemos muito ao bezerro o preço que temos hoje do boi, foi dele que veio a sustentabilidade, basta observar que nesses dois últimos anos a arroba subiu justamente na safra do bezerro e do boi (como vender um boi e comprar 1,8 bezerro, melhor deixar o boi de 18@ ir a 21@)... sempre começando a subir de março a maio... Este ano já entramos na normalidade ESTAMOS TENDO ENTRESSAFRA! Coisa que não acontecia há tempos... Mas estou te escrevendo para te colocar um ponto de curto médio prazo... estou pensando de dezembro 2010 a janeiro 2011, pois em 2009 praticamente não tivemos seca, já este ano estamos tendo a maior seca desde muito tempo... Também tenho fazenda no sul do Pará, as queimadas acabaram com os pastos e cercas de toda região. No Mato Grosso mesma coisa... A situação atual nas fazendas de praticamente todo o Centro-Oeste seria de tratar de todo gado. COMO VAI SER O NATAL, VAMOS TER O QUE ABATER? Outra coisa se você tiver algum lugar para pesquisar gostaria de ver um gráfico, hoje faço o ciclo completo, mas tenho uma coisa na cabeça. O dia que uma vaca de 13 arrobas for suficiente pra comprar dois bezerros vendo todas... Talvez vc esteja pensando, esse cara ta querendo mel na chupeta! rsrs... Mas isso aconteceu há pouco tempo, talvez 2001 ou 2002 não me lembro bem... Mas vendia vaca no Cocalinho-MT por R$48,00/@ e comprava bezerro por R$300,00. Concordo e observo bem suas crônicas, pois acho que quase tudo na vida são ciclos que vivem se repetindo! BOM, NÃO VOU ME ESTENDER MUITO, PARABÉNS. Att. Juliano Cunha de Assunção Pinto. Resposta: É... Esse ano estamos tendo entressafra. É bom, né? Não sei sobre a oferta das águas que irão se iniciar em dezembro. Acho que tem muito boi por aí ao redor de 15@. Se a arroba subir ou permanecer ao redor de 90 reais esses animais serão vendidos, acredito, pois ao redor disso a reposição acaba não sendo tão ruim. Sobre o gráfico da vaca, coloco ele abaixo. Bom, vamos começar o texto dessa semana. Você viu esse gráfico que o leitor Juliano me pediu, esse da reposição da vaca e do bezerro? Interessante como a pecuária é vasta. Não tinha essa visão da vaca vs bezerro. Interessante e obrigado Juliano por ter trazido essa informação para nós. Interessante porque esse é um movimento parecido com o que tivemos no boi, ou seja, a reposição do boi vs bezerro caiu para valores historicamente baixos nesses dois anos e a coisa obviamente não poderia permanecer assim. Como, de fato, não permaneceu. Não permaneceu porque os fundamentos da atividade não permitiram que aquela distorção continuasse indefinidamente do jeito que estava. Esse é o mesmo raciocínio quando o Sr. Lorenzo Basso, secretário de Agricultura e da Pecuária da Argentina, diz que a carne passará a ser um produto de luxo. Não conheço o Sr. Basso, deve ser uma pessoa inteligente para ocupar o cargo que ocupa. Imagino que ele tomou o devido tempo para pensar na sua afirmação antes de dá-la. Até aí tudo bem. O problema é que ele não está sozinho nessa avaliação, pois é a opinião da maioria dos analistas no Congresso Mundial de Carne, em Buenos Aires. E isso, meus caros, me dá calafrios. Quando todo mundo concorda com um tipo de visão, especialmente quando, como diz o repórter da Folha Mauro Zafaloni: “Após quatro anos de dificuldades provocadas por baixos preços, crise financeira e excesso de abate de fêmeas nos principais países produtores, o cenário está mudando para a cadeia da carne. A demanda mundial é crescente e os preços sobem” é que tenho certeza que essa visão altista da arroba não é mais um insight privilegiado. Já chegou à massa. Já se tornou, “vixe maria”, popular. E tem uma coisa que acontece com freqüência com as coisas populares. Elas têm vida curta. Saem de moda rapidamente. Nem era necessário dizer aqui, mas a carne subiu 422% desde o início do plano Real até hoje. Uma alta de mais de 10% ao ano, em juros compostos. Se tivéssemos dito dezesseis anos atrás que a carne iria quadruplicar de preço e ao mesmo tempo viraríamos os maiores exportadores mundiais e durante todo esse tempo e, até onde vi, nesse final-de-semana o pessoal ainda estava na fila do supermercado para comprar a picanha e a fraldinha como fizeram todos esses anos, seria chamado de louco? Provavelmente sim, mas isso não impede de senhores inteligentes reunidos em Buenos Aires dizerem o óbvio, ou seja, dizerem em palavras bonitas o que de fato ocorreu essas duas décadas e chegarem a conclusões completamente diferentes do que poderá ocorrer no futuro. A carne se tornou um produto de luxo no Brasil, no mundo, nessas últimas duas décadas? Não. Aliás, o que é um produto de luxo? Luxo é igual a um produto caro? Se for, historicamente a carne bovina só caiu de preço perante a inflação. Ela barateou com o passar dos anos. Então, peraí, ela não é cara pelo preço, mas então é pela disponibilidade? Está faltando carne? O consumo mundial está ao redor dos picos. Aqui no Brasil também. A coisa está tão movimentada que não dá nem tempo da carne chamar mosca nos açougues antes de um cidadão passar lá e levar o pedaço dele para casa. Aliás quero parabenizar o pessoal do JBS/Bertin. Comi uma picanha maturada deles nesse domingo que estava uma delícia. Sem mosca no açougue. Mas daí o Sr. Luciano Vacari, que é brasileiro e representava a Acrimat comenta a questão com maior ponderação: "Dizer que a carne será um produto de luxo parece um termo muito pesado e pode inibir o consumo". “Vacari deixa claro, porém, que os preços da carne vão mudar de patamar. Sem dúvida já era hora desse passo. É um reconhecimento ao novo modelo de produção.” Bom, aqui acho que o Sr. Vacari colocou o carro na frente dos bois. Os preços irão mudar de patamar, em reais, ou seja, moeda corrente, mas isso não se traduzirá em maiores ganhos para o produtor. A inflação tem a irritante tendência de comer por fora os ganhos nominais dos preços. Se isso não bastasse os crescentes custos de produção estão sempre ali para pegar as migalhas que sobram. Também não entendi o que ele quis dizer com um novo modelo de produção. Até onde eu sei temos vários modelos de produção no país. Dentro do mesmo município até. O sul do país não produz que nem o norte. Grosso modo temos desde sistemas produtivamente intensivos e maravilhosamente deficitários, passando pelos sistemas orgânicos e também não muito lucrativos até chegarmos ao arroz com feijão que a maioria dos produtores ainda faz aos trancos e barrancos e que vão levando a vida. Não existe nada de novo debaixo do sol, caro leitor, ou algo parecido com isso que é dito logo no início da bíblia. As pessoas olham para o passado recente e o projetam inocentemente para o futuro e se esquecem que a pecuária no mundo inteiro é regida por ciclos de produção. Dizer que a carne encarecerá é simplesmente não dizer nada de novo. Assim como dizer que ela está barata. Dizer que o consumo e a produção irão aumentar também é não dizer nada de novo. Lidamos com essas variáveis aqui e agora, e não em um futuro longínquo. Essa é uma visão de curto prazo? Não. É só uma humilde percepção que não temos a menor possibilidade de prever o futuro e a melhor coisa que podemos fazer é respeitar e honrar o que ocorreu no passado e aprender com os nossos próprios erros. Agora estamos passando pelo final da fase de alta do ciclo pecuário. Daqui para frente, como disse duas semanas atrás — a maré mudou. A partir daqui iremos ter que conviver com as conseqüências da maior retenção de fêmeas que esse país produziu nesses dois últimos ciclos pecuários. Não sei se você se dá conta do que isso implica para o nosso setor. O consumo teria o papel de enxugar o mercado, da mesma forma uma chapa quente vaporiza em instantes um esguicho de água. Mas o que fazer quando se joga um balde cheio? É isso que enxergo para o mercado nos próximos anos. A janela entre a oferta de novos animais e os animais atualmente gordos é muito grande, FOI muito grande até agora, mas ela está fechando aos poucos. Isso significa que poderemos ter um 2011 ainda bom de preços do boi gordo, mas a reposição já viu seus melhores dias, no meu entendimento. E depois que passar completamente o que temos agora, ou seja, depois que essa janela entre os gordos atuais e os futuros se fechar, só teremos a oferta dos animais que já nasceram dentro do período de retenção de fêmeas. Quero entender que já veremos isso daí a partir de 2012. O que fazer? Ora, o mercado já está te dando a resposta. Estamos agora passando pelos melhores preços históricos da arroba perante a inflação. Para ano que vem também o mercado está projetando preços muitos bons. Custa já ir se preocupando com 2011? Custa aproveitar o que o mercado está nos dando? Acho que não.
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