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Scot Consultoria

Situação da alta da arroba


Segunda-feira, 16 de agosto de 2010 - 16h49

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Vamos para dois comentários de leitores. Bom dia! (...) Achei muito interessante você falar sobre a posição de estar comprado e não vendido. Essa seria sim a verdadeira trava de mercado para nós, "simples" pecuaristas. Gostaria que você discorresse mais sobre esse assunto. Como você faz a trava de longo prazo? Faz a trava no prazo possível e vai mudando posição? Como isso se dá em "travas" de até dois anos? Agradecida pela oportunidade de ler seus artigos quero mais uma vez parabenizá-lo. Desejo muita saúde e sucesso sempre. Andreya.
Caro Rogério, Venho acompanhando a Carta Pecuária há algum tempo e em primeiro lugar gostaria de parabenizá-lo pela qualidade das informações e o êxito em colocar um espaço para discussão. Na última carta um dos temas abordados foi a respeito da melhor metodologia para a realização de hedge para um invernista. Acho esse um tema bastante interessante e refere-se a um assunto que venho olhando há algum tempo. Conceitualmente, o hedge correto não é apenas comprado na quantidade de arrobas que irá comprar de boi magro e nem apenas vendido nas arrobas que irá vender de boi gordo. Qualquer operação dessas se feita de forma isolada é especulação na medida em que o seu net de exposição em arrobas é uma posição direcional vendida ou comprada em arrobas. Desta forma, na minha opinião, a operação correta é a compra das arrobas equivalentes ao boi magro com vencimento no mês da compra e a imediata venda das arrobas equivalentes ao seu boi gordo. Em nenhuma hipótese essas duas operações devem ser feitas em separado se a idéia é hedgear e não especular. Descasar esses momentos de compra e venda gera um risco muito grande, na medida em que a correlação entre o preço do boi magro e do boi gordo é superior a 92%. Acredito que o grande questionamento dessa operação de hedge é qual o ágio que será colocado na arroba do boi magro. Falo isto pois a operação correta teoricamente é: @ a comprar esperada * (1 + ágio da @ do boi magro em relação ao boi gordo) - @ a vender esperada de boi gordo = arrobas a hedgear. A grande questão é saber qual é efetivamente seu exposure, pois esse varia de acordo com o ágio do boi magro. Além disso, o questionamento importante é qual o basis de sua região em relação a São Paulo. Para mim o hedger invernista, portanto, deve monitorar essas duas coisas – ágio, boi magro e diferencial de base -, no entanto, a forma de hedgear para mim é bastante clara. João Ferraz de Almeida Prado - BrasilAgro Comentário: É isso que espero da gente. Opiniões. São com opiniões que se vê o que os outros estão fazendo e pensando. É através da sadia discussão que crescemos e aprendemos. Não deixe a oportunidade passar, meu caro. Cadê a sua opinião?
Psiu, que cheiro é esse? Está sentindo esse aroma leve adocicado no ar? Começou duas semanas atrás. Está sentindo? É um cheirinho bom, né? É o cheiro da entressafra, caro leitor. A arroba já subiu 23% esse ano. Pelo contrato futuro de novembro a alta poderá chegar até 25%. A arroba está valendo hoje +5,4% da inflação. Essa é apenas a 5ª vez que o preço da arroba faz isso. Isso é um sinal muito importante e se você vendesse seus animais agora você teria vendido a arroba em um dos 7% melhores meses desde 1994. Dito isso, não quer dizer que a arroba vai parar de subir. Só estou dizendo que já é um ótimo preço, historicamente falando, para se vender. O pessoal não reclama que não vende os animais em preços ruins? Agora é um preço bom. Bom... não ótimo. Ótimo seria vender uma arroba a +15% da inflação, o que daria uma arroba hoje ao redor de R$97,00. Sinceramente? Não sei se chegará lá, pois se chegar é bem provável que eu já tenha vendido todos os meus animais gordos em uma escala de alta e não aproveite o pico. Você percebe que estou sendo irônico aqui, não? É que acho graça o povo querendo pegar “o pico” de preços. O caboclo enche o peito para falar que vendeu no pico. Pura vaidade. É que se você percebeu e acompanhou os últimos dois meses de mercado, saímos do extremo pessimismo para um mercado otimista demais pro meu gosto. Mas pode ser que estou me adiantando demais ao movimento do mercado. Vamos aos dois gráficos para exemplificar o que estou dizendo. Acima temos a arroba VS. a inflação. Observe que estamos passando por um bom momento. Não são os picos absolutos de preço de 1999, 2002 e 2008, mas a alta atual está em linha com o que ocorreu nessa mesma época no ciclo pecuário anterior. Ou seja, a coisa está boa. Isso nos trás a outra pergunta. O ano de 2010 tem condições de fazer outro pico histórico de preços? Lembre-se que o pico da arroba em 2008 foi R$94,41. Temos chances de chegar lá? Isso nos leva ao outro gráfico abaixo. Ele mostra a força da arroba e seus respectivos picos e vales de preços. Acabamos de passar o limite de 5% de alta, o que é incrível. Passaremos os 10% de alta? Observe que +10% é raro de ocorrer e já gastamos esses cartuchos na fase de alta do ciclo pecuário atual. Mas e o momentum de alta? Olha, o quanto a gente já gastou da força de alta da arroba nessa fase? Observe o gráfico abaixo. Estamos na metade do movimento, ou seja, ainda a arroba possui cartuchos para gastar. Agora nos resta saber se esses cartuchos estão bons para o tiro ou se eles estão molhados e vão “lencar”. Essa resposta depende exclusivamente do consumo de carne e da resposta dos frigoríficos. A parte do pecuarista em diminuir a oferta de animais foi feita. Estou otimista, mas essas últimas movimentações de alta me tiraram da zona de conforto em estar “altista”.
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