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Scot Consultoria

Denunciar ou conformar?


Terça-feira, 3 de agosto de 2010 - 08h42

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


Entro na loja em busca de um produto para presente. Vejo na vitrine “desconto de 50% em todos os produtos”. Ficou mais atrativo ainda adquirir o presente. Escolho o produto, decido pela compra e vou para o caixa. Surpresa quando o funcionário me diz: “se for no cartão o desconto cai para 40%”. Naturalmente que neste momento argumentei: “mas o Código de Defesa do Consumidor não diferencia o desconto para pagamento em dinheiro ou cartão”. Aí vem a justificativa padrão: “sou somente uma funcionária, o dono da empresa é que mandou fazer assim”. Saí da loja sem comprar. Vou ao posto de combustível que coloca a faixa de desconto no valor do álcool, mas somente em dinheiro. Pergunto ao frentista: “não aceita cartão?” A resposta é sim, mas “com o preço normal, sem desconto”. Outra cena: um amigo acertou um empréstimo bancário. Não recebeu, como de praxe, a via de seu contrato. Manteve contato com o gerente que lhe atendeu, mas em vão, pois sempre está em reunião ou em visita. Não se conformando ligou no tal de 0800. Expôs a necessidade de ter uma via do contrato para controle. A pessoa disse: fale com o gerente da agência. Risos, afinal foram quase dez tentativas sem êxito. Com muito esforço a pessoa disse que enviaria. Mas teria que ser por fax ou e-mail. Este amigo não queria por estes meios. “Me envie pelos Correios” argumentou. A resposta: “não é possível enviar desta maneira”. Conclusão: ainda não recebeu o contrato. Como esses exemplos poderíamos relatar muitos outros. E sempre vem o dilema: denuncio ou conformo? As empresas despreparadas ou desonestas querem é que o consumidor jogue a toalha e aceite suas condições. Mas isso não resolve. Se conformar não é amadurecer. Como ocorre em muitas coisas na vida somente mexendo no bolso é que as pessoas aprendem. Foi assim com o uso do cinto de segurança, com a o limite de velocidade, e tantos outros exemplos que só vingaram quando a multa for pesada. O lamentável é que muitos querem ser empresários e não se preparam para isso. Contratam funcionários e não registram. Vendem o produto e não querem emitir a nota fiscal. Colocam os produtos na vitrine e não mencionam o preço. Oferecem vendas com cartão e imaginam que podem praticar as vendas da maneira que bem entenderem. Não cumprem a garantia legal. Empresas de renome nos colocam para falar com máquinas ou então com atendentes despreparadas, todas terceirizadas, que possuem argumentos no limite do que a tela do computador lhes permitem. Má fé, despreparo, má vontade, dêem o nome que quiserem, o fundamental é que todos os consumidores exerçam o legítimo direito de fazer cumprir a legislação vigente. O que é interessante observar que tem empresas que gastam verdadeiras fortunas em publicidade visando atrair os consumidores e são incapazes de ter a percepção que mantendo as práticas aqui descritas só terão consumidores descontentes e presas fáceis para concorrência. Denunciar ou conformar? Prefiro denunciar.
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