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Scot Consultoria

Monitoramento de fornecedores no Bioma Amazônia


por Alma

Segunda-feira, 26 de julho de 2010 - 16h20

Fernando Sampaio é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP, especialista em mercado de carnes pela ESA Angers. Pensador em tempo integral, cronista nas horas vagas. Seu dia foi cheio? Está cansado de ver preços e números? Leia a coluna do Alma e relaxe. Coluna do Alma, para você não se esquecer das outras coisas da vida.


Há frigoríficos na Amazônia? Sim. E por quê? Porque há bois na Amazônia. Na região Norte o rebanho, que em 1974 representava 2,4% do rebanho nacional, representa hoje quase 20%. E por que há bois na Amazônia? Porque durante décadas a fio o governo brasileiro investiu em obras de infra-estrutura, projetos de colonização e subsídios para atrair gente e promover a ocupação de uma imensa parcela do território parcamente povoada. E conseguiu, hoje cerca de 25 milhões de pessoas vivem na Amazônia. Com o novo paradigma da preservação ambiental, tenta-se hoje reverter este movimento de ocupação. Mas é preciso lembrar que aqueles 25 milhões de habitantes precisam de uma fonte de renda para sobreviver. A pecuária e a indústria da carne são fontes de recursos essenciais em certos municípios da Amazônia. Está claro que banir estas atividades só iria piorar a situação ambiental desses lugares, uma vez que as únicas fontes de renda alternativas nessa fronteira são a madeira e o carvão, e talvez o tráfico de animais silvestres. Não obstante, em junho do ano passado, a publicação do relatório A Farra do Boi na Amazônia, pela ONG Greenpeace foi o estopim de uma série de pressões contra a indústria da carne atuante no bioma. O relatório desencadeou o Termo de Ajuste de Conduta assinado entre o Ministério Público Federal e os frigoríficos no Pará, e posteriormente no Mato Grosso, e novas exigências de garantias de origem por parte de clientes nacionais e internacionais dos frigoríficos. Mais do que isso, a questão do desmatamento vem sendo usada por países concorrentes do Brasil no mercado de carne internacional como uma arma de propaganda contra a carne brasileira. A indústria tornou-se pró-ativa no controle da cadeia, e encontrou no geoprocessamento uma ferramenta a mais para monitorar o fornecimento de matéria prima, além das que já eram usadas como a lista de áreas embargadas do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a lista suja do Ministério do Trabalho. A ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) desenvolveu com uma empresa de geoprocessamento uma ferramenta para auxiliar as empresas Associadas atuantes no Bioma a selecionar seus fornecedores. Como funciona? Os dados geográficos dos fornecedores são cruzados com os polígonos vetoriais de Terras Indígenas (TI) e Unidades de Conservação (UC) demarcadas e com dados de desmatamento disponibilizados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Com isso são identificadas: • Propriedades com limites conflitantes com fronteiras de TI’s e UC’s; • Propriedades com alertas e/ou com polígonos de desmatamento coincidentes com sua área de abrangência; • Zonas de risco, com maior intensidade de conflitos e ou desmatamentos; Obviamente quanto melhor a qualidade da informação geográfica disponível, mais preciso é o resultado do monitoramento. Um ponto de GPS de navegação não confere a mesma qualidade de análise do que um perímetro georreferenciado com certificação da propriedade. Por isso uma propriedade suspensa por ter um ou mais dos critérios acima detectados na análise espacial, poderá sempre fornecer uma melhor informação geográfica para que uma nova análise confirme ou não o resultado. A indústria quer se manter na Amazônia como fonte de renda e desenvolvimento para a região. Mas não pode ser mais conivente nem com o desmatamento e nem com a invasão de áreas públicas. Não do ponto de vista legal, não do ponto de vista comercial e nem do ponto de vista ético. Do projeto da ABIEC participam as empresas Minerva, Marfrig, Frigol e Independência. Outras em breve virão engrossar o coro das indústrias que atuam de forma responsável no bioma. O resultado do esforço, até o próprio Greenpeace reconhece: “A apresentação desses números é uma clara e bem-vinda sinalização de que o setor está de olho nas novas exigências do consumidor preocupado com o meio ambiente em todo o mundo... Também vamos cobrar daqueles que ainda não assumiram nenhum compromisso com a floresta. Os consumidores precisam saber quem ainda não está se mexendo para tirar o desmatamento de seu negócio.”
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