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Scot Consultoria

Copom: mais do mesmo


Segunda-feira, 26 de julho de 2010 - 13h36

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


As decisões do Copom – Comitê de Política Monetária são tão previsíveis que podemos encaixá-las nas notícias que demonstram estatísticas de dengue, atentados terroristas e tantas outras notícias que não chamam mais a atenção do grande público pela freqüência com que são divulgados, ou seja, não há novidades. Como o mercado esperava o Banco Central elevou em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros. Alguns apostavam em 0,75, mas ficou mesmo neste patamar, fazendo com que a Selic atingisse 10,75% ao ano. A obviedade do Banco Central está no fato de que pouco importa o diagnóstico do aumento da inflação brasileira, para os dirigentes daquela entidade o combate deve ser sempre com elevação de juros. A inflação medida pelo IBGE através do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) estava em alta em função do aumento de preços dos alimentos, da habitação e do transporte. Estes três itens puxaram mais da metade da inflação nos primeiros meses deste ano. Além disso, houve aumento no item educação e despesas pessoais. A pergunta é a seguinte: juros altos não servem para inibir o consumo das famílias em bens financiáveis, ou seja, inflação de demanda? Se a inflação está sendo puxada por itens não financiáveis e pela alta de preços em função do clima ou elevações sazonais, os juros mais altos não influenciam o comportamento do consumidor. O remédio está equivocado. As explicações plausíveis estariam no fato de a autoridade monetária demonstrar austeridade ou até mesmo reduzir os preços de outros itens para compensar a elevação nos verdadeiros vilões da inflação brasileira, mas se for isso, é no mínimo prejudicar o todo para controlar parte do problema. Atuar fortemente na cadeia produtiva, abastecer o mercado com produtos importados quando necessário, realizar reuniões setoriais visando acomodação de preços, poderiam ser caminhos alternativos que não engessariam a economia nacional. Para que isso ocorra é preciso sair da zona de conforto, coisa que o previsível Banco Central não tem vontade de fazer, tampouco o acomodado Ministério da Fazenda. Por essas e outras é que decisão do Banco Central já não gera manchetes de jornal e não traz novidades na condução da política econômica nacional. Para não jogar definitivamente a toalha, a esperança é que no debate da sucessão presidencial haja ao menos um espaço para discussões de como aperfeiçoar os instrumentos de controle da política econômica nacional. Enquanto isso, amarguemos juros maiores, lamentavelmente.
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