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Scot Consultoria

Persistência da lactação em vacas leiteiras


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Quinta-feira, 1 de julho de 2010 - 12h34


Nos mais variados sistemas de produção de leite encontrados no Brasil, a produção por vaca ou de um rebanho está sob influência de diversos fatores que afetam a produtividade. Esses fatores podem ser de ordem fisiológica ou ambiental. Dentro deste contexto, os principais fatores fisiológicos que interferem na produtividade de vacas leiteiras são os seguintes: - idade do animal; - estádio e ordem de lactação; - tamanho do animal; - duração do período seco; - gestação e complicações pós-parto; - grau de sangue e composição genética do animal. Com relação os fatores de ordem ambiental destacam-se: - estação ou mês de parição; - freqüência e intervalos de ordenhas; - período de serviço; - instalações, manejo nutricional e dietas dos animais. O conhecimento da forma da curva de lactação de vacas leiteiras é importante por várias razões: 1) Nos sistemas de manejo em que o fornecimento de ração é feito com base nas produções prévias dos animais, vacas que apresentam curvas de lactação com menores declínios necessitam de menores quantidades de concentrado, do que as que têm o mesmo nível de produção e curvas com maiores declínios; 2) Altas produções de leite, no período inicial da lactação, levam a um esforço fisiológico extra por parte dos animais, causando, frequentemente, diminuição no desempenho reprodutivo e aparecimento de doenças de origens metabólicas. No entanto, moderada produção, nesse período, combinada com maiores persistências da lactação, é preferível, do que altas produções no início da lactação, aliada a rápidos declínios da produção de leite após esse período; 3) Melhor conhecimento da provável curva de lactação das vacas permite alimentação mais eficiente, pois maiores respostas à alimentação são mais facilmente detectadas quando as vacas são agrupadas de acordo com o formato esperado da curva de lactação. “A produção por vaca está sob influência de diversos fatores - fisiológico ou ambiental - que afetam a produtividade.” Deste modo, é de extrema importância que os produtores tenham o conhecimento sobre a curva de lactação e a persistência de lactação das vacas do seu rebanho, pois a persistência mede a habilidade de uma fêmea manter níveis mais constantes de produção até o final da lactação. Essa virtude é medida pelo declínio da produção diária, após a vaca ter alcançado o pico de lactação, em torno de 60 a 80 dias após o parto. Para facilitar a compreensão existe uma fórmula que mede a taxa de decréscimo da produção de leite, em litros por tempo, após o pico de produção da vaca. A produção do leite no dia de controle é expressa como uma porcentagem da produção no controle leiteiro anterior. Como exemplo, podemos usar 34 kg de leite em uma pesagem e 29 kg na seguinte, realizadas com intervalo de 36 dias. Para se chegar ao resultado da persistência, em porcentagem, basta aplicar essas informações à seguinte fórmula: 1- ((volume do controle anterior - volume do controle atual) x (30 dias de intervalo entre as pesagens) / volume do controle anterior)] x 100 Na prática, teremos o cálculo a seguir: [1- ( (34 - 29) x (30/36) / 34)] x 100 = 87,7% Observação: a divisão de 30 por 36 se refere à ponderação de dias. Vale ressaltar que taxa acima de 90% é ótima, na lactação de vacas especializadas para a produção de leite, como as da raça Holandesa, por exemplo. Em fêmeas não especializadas, a taxa pode cair para 80%, ou até menos (figura 1). É aí que tem início outro importante debate sobre o tema: qual raça utilizar? Esta é, de fato, uma decisão muito particular, mas vale ressaltar que todo criador deve ter em mente a otimização do rebanho, independentemente de raça ou número de animais. O apuramento genético está à frente das explicações para a diferença da persistência de lactação entre animais puros e mestiços. Não é possível comparar o tempo e a intensidade do melhoramento de raças puras, como as européias, por exemplo, com as zebuínas. Mesmo quem trabalha com o gado zebu leiteiro reconhece a distância, difícil de ser compensada, mas atualmente estão ocorrendo programas de melhoramento genético realizado com o Gir Leiteiro e já apresentam animais com período de lactação superior a 300 dias. Vale ressaltar que não se faz melhoria genética em curto prazo. E não basta apenas escolher as melhores vacas do rebanho, pois é impossível corrigir em apenas uma geração. Utilizados com prudência, esses dados podem direcionar bem a seleção do criatório e ampliam as possibilidades de acerto. A pesagem diária, em todas as ordenhas, é a mais rica fonte de informações. O controle leiteiro é fundamental para avaliar a performance do plantel e a lucratividade da fazenda, e é indispensável na tomada de decisões. E com esta aferição em mãos que o pecuarista define acasalamentos, descartes, alterações de manejo nutricional e sanitário. Os dados diários da produção dão origem à curva de lactação dos animais e, por consequência, revelam sua persistência. O produtor deve monitorar a produção por conta própria, seja com métodos simples ou sofisticados, desde que não se descuide da exatidão das informações. Outra opção é o controle leiteiro oficial, realizado pelas associações de criadores, documento que valoriza o animal comercialmente. É um bom argumento para quem vende e uma segurança a mais para quem compra. Os dados da tabela 1 mostram que o efeito negativo de um intervalo de partos prolongado na produção média de leite de uma vaca ou de um rebanho, é muito mais intenso quando se explora animais com baixa persistência de lactação. Observe que no rebanho que explora vacas especializadas (persistência de lactação de 95%), uma piora no manejo reprodutivo resultou em uma queda na produção de leite média da vaca de 14,7 para 14,1 kg/dia, e uma redução na produção total do rebanho de apenas 16 litros (1.228 x 1.212 litros) ao passo que no rebanho que explora vacas não especializadas (persistência de lactação de 85%), a média diária por vaca caiu de 9,3 para 7,7 litros e a produção total da fazenda de 771 para 546 litros de leite por dia. Os prejuízos não se restringem apenas à quantidade de leite produzida, mas também ao número de fêmeas de reposição geradas durante o ano, diminuindo a chance do produtor de fazer descarte de vacas inferiores ou com problemas como infertilidade, mastite crônica, casco, etc. Já quando se fala em manejo nutricional estamos nos referindo a práticas que vão muito além da simples formulação de dietas. A formulação de dietas bem balanceadas é apenas o primeiro de uma série de passos necessários para que se tenha um bom manejo nutricional em rebanhos leiteiros. Diante do exposto, maiores persistências da lactação são consideradas vantajosas por inúmeras razões, principalmente no que se refere aos aspectos econômicos. A importância da persistência na lactação, do ponto de vista econômico, está fundamentada em quatro diferentes componentes: 1) custos relativos à saúde dos animais; 2) desempenho reprodutivo; 3) custos com alimentação; 4) retorno econômico obtido pelo diferencial na produção total de leite em 305 dias de lactação. O produtor só consegue se aproximar de uma situação de equilíbrio, frente a tantos parâmetros, quando assume uma postura profissional e amplia seu ângulo de visão.
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