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Scot Consultoria

Pesquisa x extensão rural


por Otaliz

Sexta-feira, 28 de maio de 2010 - 10h01

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


Incorporar a tecnologia já existente na rotina das pequenas propriedades rurais e gerar novas pesquisas que realmente atendam as verdadeiras demandas desse meio, constitui-se hoje num enorme desafio. Assim encerrei um artigo publicado nesta coluna há quatro anos. De fato, desde muito tempo é notório o hiato existente entre a geração de tecnologias pelos órgãos de pesquisa e a transferência destas para o campo através das equipes de assistência técnica e extensão rural. Parece, ressalvando exceções, não haver identificação de propósitos ou afinidades entre essas instituições. De um lado em alguns casos (ou seriam muitos?), a pesquisa é feita para justificar a existência do órgão pesquisador ou para dar titulação ao responsável pela pesquisa, sem nenhuma identificação com a real demanda tecnológica do campo. De outro, mesmo quando a pesquisa atende a essa demanda do campo, não é raro que a aplicação prática de seus resultados encontre resistência entre os extensionistas que se sentem mais à vontade repetindo as velhas e conhecidas receitas técnicas. Mas a pecuária leiteira do Sul do país está diante de um cenário que se apresenta como uma nova oportunidade e, ao mesmo tempo, um grande desafio. OPORTUNIDADE E DESAFIO A oportunidade está representada pela enorme ampliação do parque industrial de lácteos, que permite a projeção de uma acirrada disputa na compra do produto leite. O desafio está na imperiosa necessidade das unidades produtoras se ajustarem à demanda de um mercado que será cada vez mais exigente em termos de escala e qualidade da produção. Aqui entram as questões da incorporação de tecnologia e da profissionalização dos produtores. Mas como fazê-las? Também neste aspecto, estão soprando bons ventos por aqui. Pelo menos, no Rio Grande do Sul, é a primeira vez que órgãos oficiais de pesquisa juntam-se a uma instituição de extensão rural e assistência técnica, a universidades particulares e a consultores técnicos da iniciativa privada, para o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa inteiramente focados na real demanda do meio rural, particularmente na atividade leiteira. Não se trata de realizar pesquisas e apresentar os resultados para as equipes de extensão. Pelo contrário, todas as instituições envolvidas vão desenvolver em conjunto um amplo trabalho, desde a identificação dos pontos de estrangulamento da atividade leiteira nas pequenas propriedades de exploração familiar, identificação dos diferentes tipos de produtores dentro dessa realidade, suas carências e potencialidades e, a partir desse diagnóstico, pesquisar sistemas de produção que se ajustem às características dessas unidades de produção. Estou me referindo ao “Projeto Pesquisa-Desenvolvimento em Pecuária Leiteira do Noroeste Colonial - Alto do Jacuí-RS.” As entidades parceiras são: Embrapa Pecuária Sul, Embrapa Clima Temperado, UNIJUÍ e Cooperativas. O objetivo geral do projeto é “Contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar a partir da geração de conhecimentos em um processo de integração entre pesquisadores, extensionistas e agricultores, visando a promoção do desenvolvimento rural sustentável dos sistemas de produção de leite.” Não se trata de uma simples proposta, mas de uma iniciativa já em andamento. Pois esse projeto, cujas atividades iniciaram há quatro anos, está plenamente consolidado. Durante a FENALAT (Feira Nacional de Laticínios) realizada em Ijuí– RS, foi avaliado e relançado com a denominação REDE LEITE. Os resultados obtidos tem sido excelentes. “Não se trata de uma simples proposta, mas de uma iniciativa já em andamento.” Apesar de tudo o que está acontecendo nas instâncias superiores da nossa República, fatos que nos deixam frustrados e inseguros quanto ao futuro do nosso país, iniciativas pequenas como esta, se multiplicadas por pessoas e instituições sérias e isentas de interesses menores, é que me fazem acreditar que o Brasil pode ter um futuro melhor.
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