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Scot Consultoria

Álcool no Brasil e a lei da oferta e procura


Segunda-feira, 19 de abril de 2010 - 16h37

Economista, especialista em engenharia econômica, mestre em comunicação com a dissertação “jornalismo econômico” e doutorando em economia.


O comportamento do preço do etanol no Brasil está virando um caso de polícia. Em determinada época o preço sobe devido à entressafra e quando os preços devem cair, na safra, ocorre a manipulação dos estoques. Por outro lado, produtores de cana do interior de São Paulo, notadamente da região de Jaú, denunciam que são obrigados a praticar preços que são impostos pelas usinas. Denunciam a formação de cartel. Não há provas de prática do abuso do poder econômico no setor, mas se o Brasil efetivamente quer que o álcool derivado da cana-de-açúcar seja considerado um produto alternativo ao uso de combustível fóssil ou outras fontes não renováveis, algo mais contundente deve ser feito. Na prática, o setor precisa ser regulado. Quando houve a abertura econômica e o afastamento do Estado da economia, foram criadas agências reguladoras e com elas um acompanhamento mais de perto do comportamento do mercado. É o caso da agência nacional do petróleo, só para citar um exemplo. O álcool ainda não é considerado uma commodity e a busca por este “status” força necessariamente a regulação deste mercado. O que não pode é o mercado ficar a mercê do preço do açúcar e da boa vontade dos usineiros, alterando a produção e oferta do produto. O governo tem à sua disposição um arsenal de leis que lhe oferecem instrumentos para coibir a prática desleal de comércio, o que pode ser o indicativo deste mercado em particular. Os consumidores em particular não podem conviver com tamanha oscilação de preços, ditadas sabe-se lá por que lógica econômica, e o que é pior, com ameaça de desabastecimento. Se tomarmos somente os investimentos em veículos flex realizados pela indústria automotiva, já se justifica intervir neste mercado. Não temos saudades dos preços tabelados que eram, na maioria das vezes, definidos na calada da noite pelos governantes de plantão, mas se o mercado não é capaz de seguir a lógica da oferta e procura, a intervenção do Estado se faz necessária. Priorizar o álcool como combustível? Sim, desde que com regras transparentes e duradouras, prevalecendo, acima de tudo, a lei da oferta e procura.
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