“Venda e Compra Eletrônica de Carne” visa segurança em comercialização de rebanhos

Ana Paula Ribeiro, graduanda em Engenharia Agronômica ESALQ/USP e estagiária da Boviplan Consultoria Agropecuária. O novo Sistema Eletrônico de Comercialização de gado bovino ou Bolsa de Carnes, como ficou conhecido, foi criado pela Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), controlada pela BM&FBOVESPA. O novo sistema visa organizar o setor e dar aos pecuaristas maior controle na venda dos produtos para os frigoríficos. Nos negócios à vista irá garantir o pagamento antecipado da arroba do boi gordo, sendo que, somente depois de depositar o dinheiro na conta da BBM, o frigorífico poderá retirar o gado dos currais. O lançamento do sistema foi feito no dia 12 de abril, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. No entanto, a bolsa já está sendo utilizada em caráter experimental desde o dia 06 de abril, a partir do pré-lançamento do sistema, que ocorreu em Cuiabá, com a negociação do primeiro lote de carne bovina. O pré-lançamento contou com os diretores da Bolsa Brasileira de Mercadorias, que mostraram os benefícios do novo serviço. O objetivo do novo sistema é levar transparência às negociações, antes realizadas diretamente entre pecuaristas e frigoríficos, visando acabar com a inadimplência e atrasos nos pagamentos e fazendo com que os frigoríficos menores tenham as mesmas oportunidades que os maiores. Ao mesmo tempo, visa dar estabilidade ao produtor, promovendo mais segurança nos contratos de compra e venda do rebanho. Por outro lado, os frigoríficos terão a garantia de entrega do gado no prazo e preço previamente negociados. Antes os pecuaristas preferiam entregar os animais para as indústrias maiores, devido à maior credibilidade e poucos riscos, em detrimento às menores, que geralmente pagam melhores preços. O acompanhamento do preço pago pode ser realizado pela indústria no mercado físico, em operações diárias e para os próximos meses, facilitando a programação de abate, pois terá, de antemão, a oferta garantida. Com as operações registradas no sistema será possível a solução, pelo Juízo Arbitral da Bolsa, de controvérsias que eventualmente possam ocorrer nas negociações, sendo que as ofertas poderão ser originadas pelo comprador ou pelo vendedor por intermédio de uma sociedade corretora da bolsa. Os clientes terão cadastro no sistema, tendo que cumprir com suas obrigações ajustadas, estando sujeitos ao pagamento de multa de 10% e inclusão no SERASA em caso de inadimplência. Após o fechamento da operação, o sistema gerará uma nota de negociação para ambas as partes, iniciando o processo de liquidação. Os negócios à vista e a termo serão fechados entre as partes e poderão ser registrados na bolsa com intervenção do corretor. Este corretor realizará o registro das informações da operação e poderá gerar uma senha para que o próprio agente possa registrar os dados do negócio. Segundo o assessor de novos produtos da BBM, Edílson Alcântara, utilizando-se o sistema cada operação custará 0,5% sobre o valor total, estimando-se um custo entre R$5,00 a R$7,00 por cabeça; atualmente, as corretoras cobram entre R$12,00 e R$15,00 por cabeça pela mesma operação. A criação da bolsa eletrônica de carnes deve resultar na ampliação dos negócios da BM&FBOVESPA; porém, esses resultados só se tornarão mais claros quando as negociações forem iniciadas. Bibliografia: - Compra e venda eletrônica de carne bovina. Bolsa Brasileira de Mercadorias, disponível em: http://www.bbmnet.com.br/pages/portal/bbmnet/pages/imprensa/destaques/2010/fevereiro/BolsaDeCarnes.asp , acesso em: 7 abril de 2010. -Bolsa de Carnes do Brasil será lançada em abril, disponível em: http://www.scotconsultoria.com.br/radioscot.asp?idN=8873 , acesso em: 7 de abril de 2010. - Bolsa Brasileira de Mercadorias negocia primeiro lote de carne bovina, disponível em: http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1709732-1936,00.html , acesso em: 7 de abril de 2010.
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