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Scot Consultoria

A importância da nutrição mineral em sistemas de produção de bovinos leiteiros


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Sexta-feira, 26 de março de 2010 - 11h27


A tualmente, os sistemas de produção de leite, tanto em confinamento quanto em regime de pastagem, apresentam gargalos, principalmente na reprodução e na qualidade do leite. Os bovinos leiteiros, em diferentes categorias no sistema de produção, recebem suplementação de volumosos e/ou concentrados durante sua vida produtiva, podendo ingerir quantidades variáveis de minerais através destes alimentos. Entretanto as concentrações de minerais oscilam e nem sempre atendem totalmente suas necessidades nutricionais. Além disso, as gramíneas geralmente são pobres em fósforo (P), cobre (Cu), zinco (Zn) e cobalto (Co) e ricas em ferro (Fe). Por outro lado, os grãos e farelos possuem níveis mais elevados de fósforo em relação ao cálcio (Ca) e os níveis de microelementos minerais são bastante variáveis em função do solo e do nível de adubação. Desta maneira, deve se atentar para as exigências de macro e microelementos minerais de bovinos leiteiros, pois os mesmos variam conforme o tipo e nível de produção, a idade do animal, a condição sexual, a raça e o grau de adaptação dos animais, o nível e a forma química do elemento mineral no alimento, e suas relações com os outros nutrientes da dieta. Vale ressaltar que os animais, durante sua vida produtiva, têm exigências de mantença (processos vitais como circulação, digestão e respiração), exigências líquidas para a reprodução, crescimento e produção, as quais são dependentes do nível de produtividade. Por exemplo, no terço final de gestação as necessidades minerais aumentam exponencialmente em virtude do crescimento fetal e produtos da concepção (placenta, útero e fluído fetal). Além disto, as exigências minerais líquidas são expressas por unidade de produção como litro de leite e kg de ganho em peso corporal. TABELAS DE EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS As exigências do NRC (tabelas americanas) são baseadas no desempenho ponderal e nas quantidades de um elemento mineral específico para prevenir deficiências. No entanto, exigências nutricionais não levam em consideração as informações recentes sobre seus efeitos no sistema imunológico, bem como em termos de ótima reprodução. O NRC (2001) assume que os minerais possuem diferentes biodisponibilidades de acordo com o alimento, como forragens, concentrados e fontes inorgânicas. Isto influencia no coeficiente de absorção deste mineral e, conseqüentemente, na sua exigência. Como ocorre com a proteína e energia, a quantidade total de elemento mineral de algum alimento ou insumo tem pouca significância, a menos que seja caracterizada por uma avaliação de biodisponibilidade para o animal. Esta biodisponibilidade pode ser influenciada por muitos fatores: 1 – espécie e saúde animal; 2 – idade e condição sexual; 3 – status nutricional (o balanço dos outros nutrientes na dieta); 4 – forma química do elemento; 5 – níveis e formas de outros elementos; 6 – o processamento dos alimentos; 7 – a presença de agentes ligantes na dieta. Deste modo, o adequado balanceamento da dieta dos animais tem efeito direto na minimização dos fatores que afetam o desempenho produtivo e reprodutivo. A dieta adequada deve suprir a necessidade de energia, conter níveis corretos de proteína e atingir as necessidades de vitaminas e minerais para cada fase da vida do animal. Qualquer desbalanço nesse sentido pode levar a baixos índices de desempenho ou prejuízo para os pecuaristas. Nos sistemas de produção de bovinos leiteiros no Brasil a suplementação mineral dos rebanhos ainda é realizada de maneira insatisfatória, resultando, principalmente, em longos intervalos entre partos que, associados ao alto número de serviços por concepção, comprometem a vida produtiva da vaca. Do mesmo modo, a qualidade do leite, vacas em produção que não recebem suplementação mineral adequada apresentam alta contagem de células somáticas (CCS), que resulta em menor remuneração do produto no mercado, além das perdas inerentes à saúde da glândula mamária. Neste sentido, a suplementação mineral de bovinos leiteiros, fundamentalmente os de alta produção, tem o foco na melhora do desempenho reprodutivo, que consiste na diminuição do intervalo entre partos, diminuição dos serviços por concepção e aumento na proporção de vacas prenhes em relação ao rebanho e também na qualidade do leite, principalmente na CCS, pois a suplementação efetiva de vitaminas e alguns microelementos minerais (Zinco) têm efeito positivo na redução da CCS. PRINCIPAIS ELEMENTOS MINERAIS RELACIONADOS COM A REPRODUÇÃO DE VACAS LEITEIRAS Fósforo – macroelemento mineral essencial para a reprodução, principalmente para vacas de alta produção. Quando recebem dietas com alto teor de grãos, que por sua vez são ricos em fósforo, podem consumir menores quantidades de fósforo por meio da suplementação mineral. Porém, é importante considerar que o fósforo presente nos grãos está ligado ao fitato e o seu aproveitamento é limitado à ação das fitases no rúmen. Cobre – micromineral mais importante na nutrição depois do fósforo. Na forma de óxido o cobre é pouco biodisponível, além disso, sofre antagonismo do ferro, enxofre e molibdênio. A utilização na forma orgânica tem sido uma das ferramentas para evitar tais interações. Zinco – da mesma forma que o cobre, o zinco atua em nível bioquímico como co-fator enzimático. A deficiência de zinco compromete a concepção na fêmea. O zinco não é estocável e está relacionado com a mobilização hepática de vitamina A. A absorção do zinco segue as mesmas vias da absorção do cobre, existindo até competição por receptores. O zinco ativa o mecanismo de liberação da vitamina A no fígado. Selênio – participa da composição da enzima glutationa peroxidase, enzima que está relacionada com o combate aos radicais livres, portanto, tem efeito direto na manutenção de membranas. Desta forma, está relacionada com a concepção. Manganês – microelemento mineral correlacionado com a intensidade de demonstração de cio em vacas leiteiras. Cobalto – percussor da vitamina B12, essencial para a flora microbiana. Suplementação mineral é necessária para evitar problemas com deficiência, que leva a anorexia, perda de pêlos e anemia. Cromo – microelemento mineral relacionado com o fator de tolerância à glicose, o que determina a efetividade da insulina. Relatos de pesquisa revelaram que a suplementação de bezerros leiteiros com cromo orgânico melhorou a conversão alimentar e reduziu a produção de corticóides. PRINCIPAIS ELEMENTOS MINERAIS E VITAMINAS RELACIONADOS COM A QUALIDADE DO LEITE Além dos efeitos no desempenho produtivo e reprodutivo, a adequada suplementação mineral contribui para melhora da qualidade do leite, principalmente na redução da contagem de células somáticas (CCS). Estudos revelaram que a suplementação envolvendo zinco, cobre e selênio na forma orgânica reduziram em intensidades diferentes a CCS. Avaliação do desempenho em relação à CCS de vacas holandesas em regime de estabulação completa, durante um ano, verificou redução da CCS quando os animais foram suplementados com Zn orgânico (Alves, 2002). Além disso, vale ressaltar que ocorre efeito positivo de vitaminas e microelementos minerais na redução da CCS e que pode ser explicada pelo papel específico de cada um na imunologia da glândula mamária. A vitamina E está relacionada com a estabilidade de membranas, evitando a oxidação das mesmas, neste caso a vitamina E atua juntamente com o selênio. O selênio tem importância na defesa imune por ser o componente vital da enzima glutationa peroxidase, que é essencial para proteção das células e tecidos corporais. Outro fator importante é que a deficiência de vitamina A tem efeito direto na imunossupressão, por aumentar a resposta de glicocorticóides ao stress. O cobre é constituinte da ceruroplasmina e o zinco é essencial para a integridade da pele, que é a primeira defesa contra infecções. Diante do exposto, ficou evidente a importância de macro e microelementos minerais e também de algumas vitaminas para a maior eficiência produtiva e reprodutiva dos bovinos leiteiros. “Além dos efeitos no desempenho produtivo e reprodutivo, a adequada suplementação mineral contribui para melhora da qualidade do leite, principalmente na redução da contagem de células somáticas (CCS).” No entanto, esse efeito pode ser potencializado dependendo da dieta e do manejo dos animais. Atualmente, com a implantação de sistemas de pagamento por qualidade, com base nos resultados das análises de gordura, proteína, lactose, e/ou de sólidos totais, e da contagem de células somáticas, torna-se imprescindível a adequação das dietas e manejo (sanitário e de ordenha) de vacas em produção, proporcionando melhor qualidade nutricional e microbiológica do leite, o que possibilitará ao país se enquadrar nos padrões internacionais de qualidade, necessários à manutenção e conquista de oportunidades de mercado.
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