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Scot Consultoria

Relação de troca


Terça-feira, 15 de dezembro de 2009 - 14h51

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Um ano. Como passa rápido. Minha filha hoje completa 1 ano de vida. E aprendeu a andar na quinta-feira, um dia antes do aniversário! Agora já abrimos “os trabalhos” para encomendar a segunda cria! Duas coisas que chamaram a atenção nessa semana. Uma é a forte defasagem que ainda permanece na relação de troca boi gordo x bezerro. Observe o gráfico abaixo e veja como, mesmo depois desse atual movimento de alta na arroba o mercado de reposição ainda continua ruim. Só para você ter uma idéia, uma reposição de 2,35 bezerros x boi é historicamente ruim. Se você notar no gráfico, estamos trabalhando abaixo de 2,35 desde abril de 2008. Hoje ela é ainda pior. Estamos com 2,07 bezerros x boi em dezembro. É por isso que todo dia quando atualizo o meu banco de dados com os preços atuais do boi, o primeiro gráfico que olho para ver se mudou, para ver se ele voltou ou está tentando voltar para a normalidade é o da taxa de reposição. Faz tempo que estou esperando isso acontecer. Mas em preço de arroba, como é que andam os dois mercados? Quanto está a arroba do bezerro e a do boi? E as duas juntas? É o que o gráfico abaixo nos mostra. Observe hoje a arroba do boi ao redor de 75 reais e a arroba do bezerro ao redor de 95 reais. Se você me perguntasse para onde a arroba tinha potencial de subir, diria que seria até os valores da arroba do bezerro. Até porque a pressão, caro leitor, a pressão sob a arroba do boi está imensa. Não é de hoje que comentamos isso. A pressão para se corrigir para cima os preços da arroba do boi e fazer com que a pecuária novamente seja lucrativa e volte a ser interessante investir na atividade é, hoje, de longe, o principal tema, o principal alicerce que precisa ser realinhado. Quando digo alicerce, digo no sentido que a pecuária se sustenta sobre quatro alicerces. A pecuária de engorda, obviamente. Não estou olhando para o setor frigorífico que tem seus próprios problemas. A pecuária de engorda é erguida sobre: 1) Preço da reposição; 2) Custos de produção; 3) Preço da arroba no frigorífico; e 4) Preço da arroba no mercado futuro. Porque a engorda de boi é considerada uma atividade segura? Porque normalmente quando um dos pilares está ruim, o outro está bom. Na pior das hipóteses você podia ter três pilares ruins, mas um estava bom. Hoje todos estão ruins. A reposição está cara, os custos de produção não estão dos melhores, a arroba no frigorífico ridiculamente barata historicamente e a arroba no mercado futuro também não dá para soltar fogos-de-artifício. A combinação desses fatores é, hoje, horrível, e a consequência disso é que chamo de “pressão” sobre os preços da arroba. A pressão para fazer com que esses pilares voltem ao normal está em curso e está enorme. Hoje, na minha visão, o elo da cadeia pecuária com maior risco nas costas é o setor de frigoríficos, se olharmos somente para o risco de preço. Se eu fosse um frigorífico estaria comprando que nem um louco mercado futuro até uns dias atrás, nos preços que estavam, exatamente para me proteger com um custo barato de arroba para uma eventual volta ao normal dos alicerces da pecuária. Porque digo isso? Porque o mais fácil de ser mudado aqui é, naturalmente, o preço da arroba, tanto no mercado físico quanto no futuro. São os mais líquidos. Não se muda fácil os custos de produção, se você entende o que quero dizer. Nem o preço do bezerro, que reage a outros fatores diferentes ao da arroba do boi. Mas não se preocupe, caro leitor. A coisa já está melhorando. O mercado futuro, por exemplo, voltou a trabalhar em alta. Isso é uma boa notícia, mas mesmo essa alta recente alivia pouco os altos preços do boi magro. Mas está melhor que antes, é verdade. A outra coisa que me chamou a atenção essa semana é o diferencial de base entre SP e o Brasil Central. Observe o gráfico abaixo. Note como a relação se estreitou ultimamente. Praticamente foi cortada pela metade desde junho. Isso significa que a diferença de preços entre São Paulo e o Brasil Central diminuiu. Hoje esse diferencial está ao redor de –8%. Ano passado, nessa mesma época, era –12%. Isso é sinal de dificuldade de se comprar bois? Não sei, mas pelo menos isso é uma boa notícia. Vamos ficar de olho.
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