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Scot Consultoria

Interação genótipo x ambiente


Terça-feira, 8 de dezembro de 2009 - 09h35

Zootecnista, doutor pela Fzea/USP e colaborador da Scot Consultoria.


Sandra Ribeiro e Ivan Formigoni, doutores pela FZEA-USP Este tema foi discutido neste Painel em 2006 e acredito que seja interessante abordar o assunto novamente. Conforme menciona Euclides Filho, da Embrapa, existe interação genótipo x ambiente (IGA) toda vez que a expressão de determinado genótipo for dependente do ambiente onde é avaliado. Em outras palavras, o efeito do genótipo sobre o desempenho de um animal é dependente das condições ambientais. O autor acima ilustra esse fato, conforme Figura abaixo. Pela figura vemos que o desempenho do animal da raça A é menor no ambiente X comparado ao animal da raça B. Isso se inverte quando o animal da raça A é produzido no ambiente Y, ou seja, o animal da raça A apresenta desempenho melhor que o da raça B neste ambiente. Interação genótipo x ambiente A influência do ambiente sobre a expressão de características produtivas nos animais tem sido motivo de crescente preocupação por parte de pesquisadores, técnicos e criadores. A maioria dos programas de melhoramento genético de bovinos de corte em andamento no Brasil aplica em suas avaliações genéticas a pressuposição da ausência de IGA, ou seja, as diferenças entre os ambientes em que os animais são avaliados não são consideradas. Conseqüentemente, a prática das decisões de seleção são freqüentemente tomadas entre grupos de animais criados em ambientes distintos, onde o progresso genético poderá não alcançar o efeito esperado. Assim, o efeito da IGA, quando não devidamente detectado, pode resultar em predições não pertinentes aos reais méritos genéticos dos animais. Efeitos e implicações Uma forma de demonstrar a presença da IGA é a comparação do desempenho de progênies dos mesmos touros criadas em ambientes distintos. Alguns estudos mostram que as DEPs (Diferença Esperada na Progênie) dos touros se alteram conforme o local em que suas progênies se desenvolvem, culminando em mudanças na classificação dos reprodutores entre uma e outra região. Isto implica que o ambiente, ao interagir com o genótipo do animal, poderá provocar diferentes respostas na expressão das características produtivas. Porém, normalmente esta distinção não é considerada pelos programas de avaliação genética, uma vez que os dados são reunidos e avaliados como se fossem pertencentes a um único rebanho. Este procedimento tem por propriedade diluir os efeitos genéticos em meio aos efeitos ambientais, ocasionando redução do nível de confiabilidade das estimativas das DEPs. Adicionalmente, o crescente uso da inseminação artificial e outras técnicas reprodutivas aumenta ainda mais a importância do assunto, já que facilita a produção de descendentes de um touro em qualquer região do país ou até mesmo fora dele, com características ambientais bastante diversas. Por esta razão, os criadores têm sido orientados em adquirir doses de sêmen ou reprodutores que tenham sido avaliados em condições similares àquelas nas quais suas progênies irão se desenvolver. A consolidação de informações – um tema em discussão A questão da IGA não é um tema novo sob o ponto de vista científico, mas é algo que vem ganhando espaço nas tomadas de decisões no âmbito comercial. A exemplo de outros países, os programas de melhoramento genético brasileiros têm procurado adequar seus métodos de análises à problemática da IGA. Uma das medidas discutidas consiste na produção dos chamados “sumários consolidados”, onde são combinadas as DEPs de diferentes amostragens dos mesmos reprodutores, advindas de vários sumários de uma mesma raça. Neste processo, os efeitos dos diferentes ambientes são removidos por meio de métodos estatísticos. Independentemente da metodologia utilizada, a minimização do efeito da IGA permite que o produtor potencialize o progresso genético do rebanho, evitando prejuízos por inadequação de animais superiores em ambientes menos propícios, e não menos, proporcionando maior retorno financeiro a partir do uso de material genético selecionado.
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