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Scot Consultoria

Será real?


Terça-feira, 8 de dezembro de 2009 - 09h18

Administrador de empresas pela PUC - SP, com especialização em mercados futuros, mercado físico da soja, milho, boi gordo e café, mercado spot e futuro do dólar. Editor-chefe da Carta Pecuária e pecuarista.


Na semana passada comentamos sobre o fato de a arroba estar barata. O mercado também sentiu isso. A arroba parou de cair nos frigoríficos e na bolsa. No mercado físico a tentativa de comprar a R$68,00 no MS (onde há hoje maior oferta), por exemplo, não surtiu o efeito desejado. Houve falta de bois nesses níveis. Em Campo Grande já até subiram novamente para R$69,00 a arroba do boi. No mercado futuro a alta foi, a meu ver, apenas uma correção de preços. Sim, pois a bolsa não estava colocando os contratos com cotações abaixo do mercado físico? Então a alta foi um realinhamento da bolsa com o indicador. Observe o gráfico 01. Diga-me se não se parece com uma reta. Não é maliciosamente satisfatório ver a discrepância nessa curva de futuros? Mas a queda dos últimos meses nos deixou uma marca. Nós já estamos caminhando por esse túnel escuro e sombrio há tanto tempo... Tantas frustrações, altas que não foram altas, quedas que não param mais, escalas de abate a perder de vista... será que essa tímida alta é uma centelha de luz lá no final do túnel? Será a tão desejada saída dessa caminhada (até agora rumo ao prejuízo) chegando ao fim? Será que voltaremos a sentir o sol novamente brilhar? Caro leitor, não me force assim. Como você, posso estar sendo ludibriado. Posso estar fazendo parte de mais um joguinho psicológico do mercado. Posso estar vendo só o que estou querendo ver. Ou o que o mercado quer que a gente acredite. É por isso que olhamos nas três últimas semanas para o mercado de forma fria, com um olhar cínico. Olhamos seus números. Olhamos seu alinhamento histórico. Olhamos as outras commodities. O que vimos nos saltou aos olhos e nos fez levantar uma sobrancelha. Melhor dizendo, as duas sobrancelhas. Sim, o mercado, pelo menos nos números, está dando sinais que está mudando de lado. Até porque o grosso da oferta que era de bois confinados, dizem, está chegando ao fim. O final de ano é época de pagamento de salários maiores (13º salário) e a piscina de dinheiro disponível na economia se enche um pouco mais. Isso se transforma diretamente em um aumento no consumo de carne? Não sei. Só sei que as empresas de eletrodomésticos, como a GE, por exemplo, estão sendo “obrigadas a importar peças para evitarem um apagão na produção de fogões e geladeiras. Os fornecedores nacionais de equipamentos não têm conseguido dar conta das encomendas.”, segundo nos diz o Relatório Reservado da empresa citada. Mas confesso uma coisa a você. Acompanho mercado de boi há 14 anos. Este ano de 2009 está sendo um dos mais difíceis de ser lido e interpretado corretamente e, juntando com 2008, essa pecuária já quebrou três tabus que nunca achei que iria testemunhar serem quebrados. (1) A arroba fez seu pico no primeiro semestre em 2008 e em 2009 estamos tendo (2) a maior queda histórica em percentual da arroba, -23,7%, desde seu pico e passou pelo tempo mais longo com os preços em queda (3), 18 meses. E agora? Agora vamos deixar a água passar por debaixo da ponte. O primeiro sinal de que algo está incomodando o boi foi dado. Vamos ver se o incômodo (digo: os preços baixos) foi incômodo suficiente para fazer esse animal andar. Para cima, é claro, porque andar para baixo ele já demonstrou claramente que sabe fazer. A ironia é que talvez nas próximas semanas ele venha para baixo, como reflexo instantâneo da alta recente. Vamos ver se isso só será momentâneo ou se a arroba ainda continuará em baixa. Se parar de cair, tenho a impressão que será uma boa notícia para o natal e o ano-novo. Vamos esperar. Hei, estamos fazendo isso há meses. Custa mais um pouco? Acho que não.
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