• Sábado, 27 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

No fundo, no fundo, não passam de ladrões...


Sexta-feira, 9 de outubro de 2009 - 09h28

Engenheiro agrônomo


A repercussão de ontem (dia 08/10/2009) sobre as ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na fazenda administrada pela Cutrale, no interior de São Paulo, me fez lembrar o primeiro e o terceiro filme da série “Duro de Matar”, interpretada por Bruce Willis. Em ambos os casos, terroristas aparecem defendendo alguma causa, bandeira ou vingança. Durante todo o enredo justificam suas ações por um bem maior – claro que o bem na visão deles. Ao final, tudo não passa de um roubo. Nas duas sequências, ricas em ação e pobres em enredo, um dos pontos altos é quando o herói diz algo assim: “Com todo esse discurso vocês não passam de ladrões, arrombadores de cofre”. Hoje pensei nisso. Além dos quatro tratores desaparecidos da fazenda, funcionários disseram que foram levados DVDs, TVs, rádios, roupas, calçados, inalador, ferro de passar roupa, chuveiro e até as lâmpadas e as torneiras (Folha de São Paulo – 08/10/2009). Até casas de funcionários – estes sim, trabalhadores rurais – foram assaltadas. Nem imagino o inferno psicológico que viveram os funcionários e as suas famílias durante os momentos de terror proporcionado pelos bandidos sob a sigla MST. Dada a importância da questão, vale repetir. Os funcionários, estes sim, verdadeiros trabalhadores rurais, foram assaltados, intimidados e humilhados pelo MST. Segundo testemunhas, o bando deu duas horas para eles abandonarem as suas casas, seus bens conquistados com o trabalho honesto, duro e árduo da rotina rural diária da agricultura. Chegaram a roubar até presentes de casamentos. Com meus parcos conhecimento legais, afirmo que é roubo mesmo, não furto. Assalto com intimidação e humilhação. Claro que os líderes do bando disseram que é armação contra o movimento e que muito menos foi feito. Provavelmente foi a direção da propriedade que desmontou os tratores, encheu os tanques com areia, depredou outros bens e “pilotou” aquele trator por cima das árvores de laranja como se fossem ervas daninhas. Como é tudo muito baratinho, também foi a própria empresa que danificou outros 28 tratores, quatro caminhões, pichou todos os prédios, jogou defensivos agrícolas pelo chão e pôs fogo em computadores. Parece que estou vendo a imagem de meu pai ensinando que “vai uma vida para montar uma fazenda”. E ainda brincava: “por isso chama-se fazenda; estamos sempre fazendo”. Bastaram horas para o MST destruir tudo. Só uma anta, sem noção alguma da realidade, para acreditar que foi uma armação. O mais absurdo de tudo é que os líderes minimizam o banditismo e defendem a ação dizendo ser um "bem para a humanidade" (Jornal O Globo – 08/10/2009). Acusam parlamentares de se beneficiar com doações da Cutrale. E o pior é que delinquentes conhecidos, crápulas, rábulas, verdadeiros chefes de quadrilha como Jaime Amorim e Gilmar Mauro continuam a ameaçar dizendo que continuarão na ofensiva. Que país é esse em que vivemos, onde ações criminosas como estas, precedidas e procedidas de ameaças, ficam impunes? É de perder a fé na legalidade, na cidadania, na honestidade e no humanismo do povo brasileiro. Mesmo que todos os motivos alegados fossem justos - e estão muito longe de ser – não dá para admitir que um grupo que nem é legalizado tome a justiça pelas próprias mãos. Por mais que eu tente, não consigo enxergar um átomo de benefício ou de legalidade nas ações deste grupo. Nem a reforma agrária, que dizem defender, trouxe benefício aos assentados. Basta procurar as estatísticas. Informações servem para ser usadas. Não é possível que ainda exista quem defenda a quadrilha MST, como o general Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, que disse que o MST não é uma ameaça. “A questão é que é um movimento, e qualquer movimento social tem seu viés de razão” (Jornal O Globo – 08/10/2009). É realmente este senhor o chefe de segurança da presidência de nosso país? Geralmente lamentamos o analfabetismo no Brasil. No dicionário de nossa língua, a palavra analfabeto pode significar “que não conhece o alfabeto; que não sabe ler e escrever” ou também “que desconhece determinado assunto ou matéria; indivíduo ignorante, sem nenhuma instrução”. Quando lamentamos o analfabetismo, pensamos sempre na primeira definição; lamentamos por muitos não saberem escrever. Mas, sem dúvida alguma, a segunda definição é muito mais perigosa. E, infelizmente, nossa sociedade é repleta destes analfabetos ocupando cadeiras em universidades, importantes cargos políticos ou administrativos, escrevendo em jornais e disseminando informações. É por este analfabetismo que eu lamento.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja