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Scot Consultoria

Era uma vez...Mercosul


por Otaliz

Sexta-feira, 25 de setembro de 2009 - 10h10

É médico veterinário e instrutor do Senar – RS.


Vamos começar com uma estória, fruto da imaginação, mas que me parece, se ajusta perfeitamente como uma metáfora para a consolidação do Mercosul. Era uma vez...um rapaz raquítico, muito feio e em função do seu aspecto físico, extremamente tímido. Por tudo isso, tinha enormes dificuldades para se relacionar com as meninas. Namoradas? Nem pensar! Sentia-se rejeitado e, por conseqüência, frustrado. Certo dia, por essas coisas do destino, encontrou a milenar lâmpada de Aladim. Como acontece nas fábulas infantis, ao esfregar a lâmpada libertou o gênio que prontamente se dispôs a atender os seus pedidos, mas com uma ressalva – nos tempos atuais, por determinação superior, ficara estabelecido que para cada quatro desejos solicitados pelo detentor da lâmpada e atendidos pelo gênio, seria imposto um defeito ao solicitante – uma espécie de contrapartida. O rapaz, ansioso, concluiu que a proporção entre quatro vantagens e uma desvantagem até que era bem razoável e prontamente apresentou seus desejos: 1- desenvolver um corpo atlético, com músculos bem delineados, aspecto másculo e um rosto bonito de tal forma que sua presença provocaria suspiros na platéia feminina; 2- adquirir uma cultura sólida e uma inteligência ágil, de modo a poder discorrer com desenvoltura sobre os temas mais importantes do momento, o que certamente impressionaria as mulheres; 3- desenvolver a auto estima e tornar-se uma pessoa extremamente simpática e comunicativa; 4- tornar-se financeiramente rico de modo a propiciar viagens ou passeios em locais idílicos para suas futuras namoradas. Atendidos os pedidos, o gênio comunicou o defeito que lhe seria atribuído como contrapartida – o rapaz sofreria de uma impotência sexual grave e irreversível. Conclusão: um único defeito pode eliminar os benefícios de uma séria de vantagens. Brincadeiras à parte, a estruturação do bloco econômico Mercosul está encontrando sérias dificuldades em função de situações semelhantes à acima exposta. A natureza brindou esta região do planeta com vantagens comparativas imensuráveis em relação a outras regiões no que se refere à capacidade de produzir alimentos ao longo do ano em grandes quantidades e com baixos custos: Dispomos ainda de alguns milhões de hectares de terra a serem incorporados no processo produtivo da agropecuária. Isto nos possibilita prever um crescimento horizontal acentuado na área de produção primária. Esta possibilidade é inimaginável na Europa, onde as fronteiras agrícolas há muito esgotaram seus limites. O crescimento vertical da produção via aumento da produtividade através da incorporação de tecnologia, é outra possibilidade latente na medida em que grande parte das nossas explorações agrícolas se caracteriza pela baixa eficiência produtiva. Considerando que os países que estão mais ao Sul da América Latina foram privilegiados com um clima sub-tropical que permite a exploração agrícola ao longo dos doze meses do ano, é forçoso reconhecer que a natureza foi extremamente dadivosa com a população e com a economia dessa região. Isto significa que, na medida em que podemos utilizar a terra e os equipamentos de forma mais intensiva ao longo do ano, os nossos custos fixos se tornam muito menores quando comparados aos de outras regiões do planeta. Mas... como a estória do rapaz feio, recebemos a contrapartida... Sofremos de uma deficiência intelecto-cultural crônica que limita sobremaneira o nosso campo de visão. O mundo está olhando com avidez para a América Latina, prevendo que aqui está o futuro celeiro da humanidade. Enquanto, discretamente, as grandes corporações multinacionais da área de alimentos já instaladas aqui, juntamente com outras que estão chegando, rapidamente se ajustam para atender a essa nova e promissora demanda, nós latino-americanos, na nossa insensatez, preferimos ficar acirrando disputas entre países vizinhos, alimentando rivalidades idiotas e não conseguimos e, ao que parece, não conseguiremos consolidar o Mercosul como um importante bloco econômico.
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