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Scot Consultoria

Controle leiteiro: como e por que fazer


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Segunda-feira, 31 de agosto de 2009 - 10h07


O controle leiteiro é uma ferramenta de aferição da capacidade de produção de leite de uma vaca. Somente por meio dele é que se pode ter uma estimativa segura da produtividade. A melhor maneira de se obter informações sobre as quantidades de leite e seus constituintes produzidos por uma vaca durante a lactação é através de pesagens e amostragens diárias. Isto, entretanto, é impraticável, em virtude dos custos e dos transtornos advindos de um controle diário. O controle de um dia no mês tem sido considerado suficiente para se obter uma estimativa precisa da produção na lactação. Entretanto, alguns cuidados devem ser observados, para se ter segurança de que os controles mensais representam as quantidades médias diárias de leite e dos constituintes, para um período de 24 horas. Além disso, uma equipe treinada e o uso adequado dos equipamentos são também necessários. FINALIDADES DO CONTROLE LEITEIRO O controle leiteiro tem várias finalidades, mas dentre elas destacam-se: O fornecimento de alimentos, principalmente o concentrado, de acordo com a produção de leite. Conhecendo-se portanto, o potencial de produção de uma vaca, não estaremos fornecendo alimentos além do necessário para algumas e aquém para outras. Isso resultará em maiores produções e custos reduzidos. Este fornecimento de concentrado pode ser feito individualmente no cocho, ou para facilitar o manejo, em grupos de animais do mesmo nível de produção. O volumoso também pode ser diferenciado, tanto em qualidade como em quantidade, de acordo com o potencial de produção dos animais. O provimento de informações que auxiliem no melhoramento genético animal. Este melhoramento é decorrente do acasalamento dos melhores indivíduos e, para se saber quem são os melhores, é necessário avaliá-los pela sua produção. O controle leiteiro periódico permite calcular a produção de uma vaca durante toda a lactação, sendo esta produção utilizada para se estimar o valor genético dessa vaca, de seus pais e mesmo de seus irmãos, usando-se modelos estatísticos específicos. Conhecendo-se a produção dos animais e seu valor genético, pode-se então selecionar os melhores e usá-los intensivamente nos acasalamentos ou então descartar aqueles que não são de interesse. Outra finalidade é o uso das informações do controle leiteiro para propaganda do rebanho, e esta utilização comercial certamente induzirá a uma maior disseminação dos genótipos superiores, principalmente através da venda de tourinhos ou de sêmen de touros provados. QUANDO ORDENHAR a) observe a regularidade de horários na ordenha. Para se ter o controle de um dia, as ordenhas deverão começar sempre em um mesmo horário; b) estimule a descida do leite, por prazo não superior a um minuto; atrasos podem reduzir o teor de gordura; c) efetue a ordenha o mais rápido possível, sem ser excessiva e sem a preocupação em retirar a última gota. Um indicador de fluxo poderá mostrar quando o leite deixa de escoar; d) ordenhe as vacas na mesma ordem, todos os dias. PESAGEM DO LEITE APÓS ORDENHA Balança: zere a balança para excluir o peso do recipiente com o leite, registrando-se os pesos em quilogramas (kg), com uma casa decimal; Garrafões medidores: leia o peso do leite na escala do próprio garrafão que reterá todo o leite da vaca recém-ordenhada. É preciso esperar a dissipação da espuma antes da leitura; Misture o leite, antes da amostragem. O leite, no início da ordenha, é pobre em gordura e, no final, é bastante rico. Para se ter uma amostra representativa, todo o leite deve ser ordenhado e misturado. Balde: misture o leite com movimentos de cima para baixo, evitando-se movimentos de rotação que podem separar gordura na superfície do leite. Garrafões medidores: inverta o fluxo de vácuo, após a ordenha. O leite no garrafão irá borbulhar, homogeneizando-se em poucos segundos. IDENTIFICAÇÃO DOS FRASCOS PARA A COLETA DE AMOSTRAS Os frascos são específicos para as amostras e contêm três divisões de mesmo volume, sendo o total de leite de aproximadamente 60ml. Deve-se rotular os frascos com etiquetas, identificando a data da amostragem, o nome e o ...número da vaca. OBTENHA AMOSTRAS SIGNIFICATIVAS Quando o sistema de ordenha for com o uso de balde, obtém-se a amostra por meio de coletor. Quando for por tubulação, abre-se o registro dos garrafões medidores ou desvia-se o leite para um aparelho (milk meter) que, além de fornecer o peso do leite, possibilita a retirada de amostra de leite para análise. Duas ordenhas: use 2/3 do frasco para amostra do leite da primeira ordenha da manhã e o restante para amostra da ordenha da tarde. Três ordenhas: Uue 1/3 do frasco por ordenha. Verifique, ao final de cada coleta, os frascos para se ter certeza de que o leite de todas as vacas foi amostrado e de que os frascos correspondentes às vacas secas, que deixaram o rebanho, estão vazios. Garanta qualidade da amostra. Cada frasco deverá conter uma pastilha de dicromato de potássio, como conservante do leite. Para se obter a eficiência esperada, a concentração de dicromato na amostra deve ser de 1 mg/ml de leite. Agite levemente o frasco após a adição do leite. A pastilha irá se dissolver em poucos segundos. Cuide para que a amostra não esquente muito. Principalmente nos meses mais quentes, é muito importante que o conservante se dissolva e desapareça no leite. Cuide para que o tempo entre a coleta e a entrada das amostras no laboratório de análises seja o mínimo, devendo-se também, se possível, conservá-las resfriadas em geladeira, caso não sejam enviadas para o laboratório no mesmo dia. O prazo máximo entre a coleta e a análise é de sete dias. Encaminhe os frascos ao laboratório de análises em recipientes (caixas de papelão, maletas, etc.) com separações internas, tendo-se o cuidado de mantê-los na posição vertical. COMO EXECUTAR O CONTROLE LEITEIRO 1- O controle leiteiro deve ser feito em duas ou três ordenhas diárias, conforme o sistema adotado na propriedade e, em quaisquer dos casos, recomenda-se fazer a esgota total na tarde anterior ao dia do controle leiteiro; 2- O controle deve ser feito em todas as vacas em lactação do rebanho, e por controladores credenciados pelas organizações responsáveis pelo Serviço de Controle Leiteiro, para serem oficializados, ou pelo próprio criador, para uso próprio ou em pesquisa; 3- Ao iniciar o controle leiteiro em um rebanho, recomenda-se controlar inicialmente apenas as vacas recém-paridas, isto é, com mais de cinco e menos de 45 dias pós-parto, que serão controladas até o fim desta lactação. Mensalmente, novas vacas recém-paridas entrarão em controle e, ao final de aproximadamente um ano, todas as vacas já estarão sob controle leiteiro; 4- Todos os animais devem ser bem identificados, fazendo-se uso de tatuagens, de brinco na orelha, ou marcação a ferro etc., para que as anotações sejam precisas; 5- Como a produção é medida em 24 horas, recomenda-se, dentro do possível, um intervalo próximo a 12 horas entre as duas ordenhas e oito horas entre as três ordenhas, para melhor padronização dos dados; 6- Recomenda-se como ideal que, tanto na ordenha de esgota como nas ordenhas do controle leiteiro, as vacas sejam ordenhadas aleatoriamente, isto é, sem nenhuma preferência para determinadas vacas serem ordenhadas no início ou fim da ordenha; 7- As ordenhas devem ser completas, ou seja, retirar todo o leite possível, não deixando nada para o bezerro no caso de ordenhas com bezerros ao pé. Trabalhos experimentais comprovam que o jejum de um dia por mês não prejudica, nem interfere na criação de bezerros; 8- As produções de leite em cada ordenha (em kg, com um decimal), assim como o sistema de alimentação e ocorrências diversas observadas no intervalo de um controle com o anterior (assim como parto, secagem, venda, doença, aborto, etc.) devem ser anotadas individualmente, em formulário ou livro próprio; 9- Sempre que possível, coletar amostra individual de leite para determinação de gordura, proteína ou outro tipo de análise, como por exemplo a contagem de células somáticas. Deve-se utilizar frascos apropriados, limpos, previamente marcados com as proporções de leite a serem coletadas em cada ordenha (2/3 pela manhã e 1/3 à tarde), e devidamente etiquetados para identificação dos animais, e enviados para análise no laboratório, cooperativa mais próxima ou na própria fazenda. DATA E CAUSA DA SECAGEM DOS ANIMAIS Assim como a data do parto, quando se inicia a lactação é importante anotar a data e causa da secagem, o que define a duração e a normalidade ou não daquela lactação. Entre as principais causas de secagem, podemos citar: Secagem - por estar próxima ao parto (60 dias para o próximo parto); Secagem - por baixa produção (produzindo pouco, de acordo com a raça ou critérios do produtor; secou sozinha; secou normal; secou naturalmente; vaca não deu leite etc.); Aborto após o nono mês de lactação ou sétimo mês de gestação, com início de nova lactação; Morte ou separação do bezerro; Doença, morte ou venda da vaca; Parto subseqüente, sem período seco; Peitos perdidos por mastite, etc. No Brasil, poucas são as fazendas que realizam o controle leiteiro, enquanto nos países desenvolvidos a maioria delas o faz rotineiramente. É necessário que o controle seja implementado no maior número possível de fazendas, independentemente da raça ou grau de sangue do animal, devido à sua grande importância para o melhoramento animal e gerência das fazendas. Para obtenção higiênica do leite e manutenção da saúde do úbere da vaca, a linha de ordenha e a completa higiene das tetas e dos utensílios utilizados são condições indispensáveis, pois reduzem os índices de infecção nos rebanhos e possibilitam obter leite de boa qualidade. A ocorrência de mastite será diretamente ligada ao manejo correto da ordenha. Os cuidados higiênicos necessários só poderão ser tomados mediante participação efetiva de ordenhadores capacitados. Resultados de pesquisa nos Estados Unidos indicam que os rebanhos participantes do controle leiteiro oficial têm maior produtividade por vaca do que aqueles que não o executam, certamente devido ao retorno em informações que lhes possibilitam aplicar as vantagens do controle leiteiro.
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